O sol se põe sobre o Treptower Park,
nos arredores de Berlim, e eu observo uma estátua que faz um
desenho dramático contra o horizonte. Com 12 metros de altura,
ela mostra um soldado soviético segurando uma espada numa
mão e uma menina alemã na outra, pisando sobre uma
suástica quebrada.
A estátua marca um lugar
onde estão enterrados 5 mil dos 80 mil soldados do
Exército Vermelho mortos na Batalha por Berlim entre 16 de abril
e 2 de maio de 1945.
A proporção
colossal do monumento reflete o sacrifício destes soldados. No
entanto, para alguns, a estátua poderia ser chamada de
Túmulo do Estuprador Desconhecido.
Existem registros de que os
soldados de Stalin atacaram um número bastante alto de mulheres
na Alemanha e, em particular, na capital alemã, mas isto era
raramente mencionado no país depois da guerra e o assunto ainda
é tabu na Rússia de hoje.
A imprensa russa rejeita o tema regularmente e diz tratar-se de um “mito espalhado pelo Ocidente”.
Os manuscritos – que nunca
foram publicados – mostram como a situação era
difícil nos batalhões.(1)
Uma das diversas fontes que
revelam os vários casos de estupros cometidos durante a Segunda
Guerra Mundial é o diário do oficial soviético
judeu Vladimir Gelfand, que ao fim da batalha pôs seus relatos no
papel.
A
estátua do soldado do Exército Vermelho presta homenagem
aos soldados soviéticos mortos na tomada de Berlim, no fim da
Segunda Guerra Mundial em plena capital alemã
Em fevereiro de 1945, Gelfand
estava perto da represa do rio Oder, preparando-se para a entrada em
Berlim. Em seu diário, ele descreve como seus camaradas cercaram
e dominaram um batalhão de mulheres militares.
“As
alemãs capturadas disseram que estavam vingando seus maridos
mortos. Elas devem ser destruídas sem piedade. Nossos soldados
sugeriramesfaqueamento das genitais, mas eu apenas as executaria”, escreveu.
Uma das passagens mais
reveladoras do diário de Gelfand é a do dia 25 de abril,
quando ele narra a chegada a Berlim. Ele estava andando de bicicleta
perto do rio Spree, a primeira vez que andou de bicicleta, quando
cruzou com um grupo de mulheres alemãs carregando malas e
pacotes. Em seu alemão ruim, ele perguntou para onde estavam
indo e a razão de terem saído de casa.
“Com
horror em seus rostos, elas me disseram o que tinha acontecido na
primeira noite da chegada do Exército Vermelho”, escreveu.
“Eles
cutucaram aqui a noite toda’, explicou a bela garota
alemã, levantando a saia. ‘Eles eram velhos, alguns
estavam cobertos de espinhas e todos eles montaram em mim e me
cutucaram – não menos do que 20 homens’. Ela
começou a chorar.”
“‘Eles
estupraram minha filha na minha frente e eles ainda podem voltar e
estuprá-la de novo’, disse a pobre mãe. Este
pensamento deixou todas aterrorizadas.”
“‘Fique
aqui’, a garota, de repente, se atirou em cima de mim,
‘durma comigo! Você pode fazer o que quiser comigo, mas
só você!'”
Enquanto o Exército Vermelho avançava, cartazes estimulavam os soldados soviéticos a mostrarem sua raiva:“Soldado: Você agora está em solo alemão. A hora da vingança chegou!”. (2)
O
Diário do judeu soviético Vladimir Gelfand trouxe
revelações polêmicas sobre conduta de soldados
soviéticos.
O estupro em massa de mulheres na Alemanha
A revista alemãSpiegelestima
que os soviéticos estupraram cerca de 2 milhões de
mulheres no território alemão e 100 mil em Berlim. A
mesma fonte mostra que elas tinham, em média, cerca de 17 anos e
cada uma foi estuprada, pelo menos, 12 vezes. Dessas vítimas,
aproximadamente 12% morreram assinadas, por suicídio ou devido a
os ferimentos causados pelos seus agressores. E quase metade delas
adquiriram síndromes pós-traumático.(3)
A doença soviética
A população
feminina era regularmente estuprada. Militares britânicos que se
encontravam retidos em campos de concentração
alemães, declararam após seu retorno:
“Em
torno de nosso campo, onde se localizam os povoados de Schlawe,
Lauenburg, Buckow…..soldados soviéticos violentavam
durante as primeiras semanas da sua presença todas
crianças e mulheres entre 12 de 60 anos… Pais e maridos
que intentassem protege-las eram assassinados, tal como eram
assassinadas as mulheres que apresentassem resistissem à
violência do estupro”(4)
O historiador Norman M. Naimark
chegou nas suas pesquisas ao numero de 2.000.000 (dois milhões)
de alemãs vítimas de estupro. Em algumas regiões
os casos se avolumaram tanto que houve a criação de
cômodos especialmente destinados à prisão, tortura
e violação sexual das vítimas, que, em muitos
casos eram liberados somente após sofrerem estupros e tortura
por dias seguidos. Um dos raros casos de relatos documentados é
o livro “Anonyma- Eine Frau in Berlin”(Anonima-Uma
mulher de Berlim), o diário de uma mulher berlinense,
vítima dos abusos sexuais soviéticos do qual foi
produzido o filme homônimo em 2008.(5) (6)
Ele foi outro diário
escrito durante a guerra, deste vez o da noiva de um soldado
alemão ausente, mostra que algumas mulheres se adaptaram a estas
circunstâncias horríveis para tentar sobreviver.
O diário, anônimo,
começou a ser escrito no dia 20 de abril de 1945, dez dias antes
do suicídio de Hitler. Como no diário de Gelfand, a
honestidade é brutal, o poder de observação
é grande e há até demonstrações
ocasionais de humor.
Se descrevendo como uma“loira pálida que está sempre com o mesmo casaco de inverno”,
a autora do diário descreve a vida dos vizinhos no abrigo contra
bombas logo abaixo do prédio de apartamentos onde ela morava em
Berlim, incluindo“um
jovem em calças cinzas e óculos de armação
de chifre que, em uma observação mais atenta, é,
na verdade, uma jovem”, e três irmãs mais velhas,
“espremidas, juntas, como um grande pudim”.
Fotografia tirada pela SS de uma família morta. As duas mulheres apresentavam sinais de estupro
Enquanto aguardam a chegada do Exército Vermelho, elas fazem piada dizendo“melhor um russo em cima do que um ianque sobre nossas cabeças”.
Estupro é considerado melhor do que ser pulverizada por bombas.
Mas quando os soldados chegam ao porão onde elas moram, as
mulheres imploram para a autora do diário usar suas habilidades
no idioma russo para reclamar ao comando soviético.
Ela consegue encontrar um
oficial no ambiente caótico da cidade, mas ele não toma
providência alguma, apesar do decreto de Stalin proibindo a
violência contra civis.“Vai acontecer de qualquer jeito”, diz.
Russos molestando uma alemã
Ao tentar voltar para seu
apartamento, a autora do diário é estuprada no corredor e
quase estrangulada; as mulheres que vivem no porão não
abrem as portas durante o estupro, apenas depois que tudo acaba.
“Minhas
meias estão caídas em cima dos meus sapatos, ainda estou
segurando o que sobrou da minha cinta-liga. Começo a gritar
‘Suas porcas! Eles me estupraram duas vezes aqui e vocês me
deixaram largada como lixo!'”
Com o passar do tempo, ela
percebe que precisa achar um “lobo-chefe” que ponha fim aos
estupros da “alcateia”. A relação entre
agressor e vítima fica menos violenta, mais ambígua. Ela
divide a cama com um oficial mais importante, vindo de Leningrado, com
quem ela conversa sobre literatura e o sentido da vida.
“Não
posso falar, de maneira nenhuma, que o major está me estuprando.
Estou fazendo isto por bacon, manteiga, açúcar, velas,
carne enlatada…. Além do mais, gosto do major e, quanto
menos ele quer de mim como homem, mais gosto dele como pessoa”,escreveu.
Muitas de suas vizinhas fizeram acordos parecidos com os conquistadores.
Este diário só
foi publicado em 1959, depois da morte da autora, com o título
“Uma Mulher em Berlim”, e foi criticado por “macular
a honra das mulheres alemãs”. (?!)
Em 2008, o diário da berlinense foi transformado em um filme, chamado de “Anonyma”,
com uma atriz alemã conhecida, Nina Hoss. O filme teve um efeito
catártico na Alemanha e estimulou muitas mulheres a falarem
sobre suas experiências. (1)
Mulheres cometem suicídio numa praça em Berlim (1946-48)
Entre elas estava Ingeborg
Bullert, hoje com 90 anos. Ela mora em Hamburgo, no norte da Alemanha.
Em 1945, ela tinha 20 anos, sonhava em ser atriz e vivia com a
mãe em Berlim.
Quando o ataque
soviético começou, ela se refugiou no porão do
prédio – assim como a mulher no diário.
“De repente havia tanques em nossa rua e, em toda parte, corpos de soldados russos e alemães”, disse.
Durante uma pausa nos ataques
aéreos, Ingeborg saiu do porão para pegar um
pedaço de fio no apartamento, para montar um pavio para uma
lâmpada.
“De
repente, havia dois soldados soviéticos apontando
revólveres para mim. Um deles me obrigou a me expor e me
estuprou, então eles trocaram de lugar e o outro me estuprou.
Pensei que ia morrer, que eles iam me matar.”
Ingeborg passou décadas sem falar sobre o crime.
Ingeborg
Bullert (hoje e na época do início da
ocupação, quando tinha 20 anos) vive em Hamburgo e nunca
falou sobre quando foi estuprada por soviéticos
Os estupros afetaram mulheres em toda Berlim.
Ingeborg lembra que as mulheres entre 15 e 55 anos tinham que fazer
exames para doenças sexualmente transmissíveis.
“Você
precisava do atestado médico para conseguir os cupons de comida
e lembro que todos os médicos faziam estes atestados e que as
salas de espera estavam cheias de mulheres.”
Ninguém sabe exatamente
quantas mulheres foram vítimas de violência sexual de
combatentes estrangeiros na Alemanha. O número mais citado
estima em 100 mil as mulheres estupradas apenas em Berlim – e em
dois milhões no território alemão.
Há documentos que
expõem um alto número de pedidos de aborto – contra
a lei na época –, devido à
“situação especial”.
De acordo com Natalya Gesse, amiga de Andrei
Sakharov, “os russos estupravam todas as mulheres de oito a
oitenta anos”.(8) (9) (10)
Enquanto pesquisava para o
livro que lançou em 2002 sobre a queda de Berlim, o historiador
Antony Beevor encontrou, no arquivo estatal da Federação
Russa, documentos que detalham a violência sexual. Eles tinham
sido enviados pela então polícia secreta, a NKVD, para o
chefe desta polícia, Lavrentiy Beria, no final de 1944.
“Eles
foram passados para Stálin. Você pode até ver se
eles foram lidos ou não – e eles relatam estupros em massa
no leste da Prússia e a forma como as mulheres alemãs
tentavam matar os filhos e se matar, para evitar os estupros”, disse.(1)
O jurista Ingo von Münch constata em seu livro“Frau, komm!”(Mulher,
venha!) que os casos de estupros de meninas e mulheres alemãs
por integrantes do exército soviético indubitavelmente
caracterizavam-se como crimes de guerra. Nunca em um País e em
tão pouco tempo tantas mulheres sofreram violência e
estupros por parte de soldados estrangeiros como em 1944 e 1945, na
esteira da invasão soviética na Alemanha. Aterrador foi
também a brutalidade dos maus tratos que as mulheres sofriam dos
criminosos. (7)
Mãe e filha ajoelhadas e surradas. A filha acabara de ser estuprada. Berlim ocupada pelos soviéticos (1945).
O serviço alemão
de informações militares Fremde Heere Ost, registrou as
seguintes ocorrências de estupros: nas regiões orientais:
1.400.000 crimes; nas zonas de ocupação soviética
exceto Berlim: 500.000 crimes e em Berlim: 100.000 crimes(11) (12)
Após o verão de
1945, os soldados soviéticos flagrados cometendo tal ato
recebiam punições de enforcamento ou prisão.
Entretanto, os estupros
continuaram até 1948, quando a Alemanha finalmente recuperou sua
estrutura política e os soldados da União
Soviética estavam apenas em postos de guarda, separados da
população civil.(13) (14) (15)
O embaraço russo com sua história hoje
O Parlamento russo aprovou
recentemente uma lei que afirma que qualquer pessoa que deprecie a
história da Rússia na Segunda Guerra Mundial pode ter que
pagar multas ou ser preso por até cinco anos.
Uma jovem historiadora da
Universidade de Humanidades de Moscou, Vera Dubina, só descobriu
sobre os estupros depois de ir para Berlim devido a uma bolsa de
estudos. Ela escreveu um estudo sobre o assunto, mas enfrentou
dificuldades para publicá-lo.
Vitaly Gelfand, filho do autor
do diário, Vladimir Gelfand, não nega que muitos soldados
soviéticos demonstraram bravura e sacrifício durante a
guerra, mas, segundo ele, esta não é a única
história.
Vitaly Gelfand, filho de Vladimir, luta para ter diário do pai publicado na Rússia
Recentemente, Vitaly deu uma
entrevista em uma rádio russa que desencadeou uma onda de
“trollagem” antissemita em redes sociais, vejam só
que contradição. Muitos disseram que o diário
é falso e que Vitaly deveria emigrar para Israel. Mesmo
assim, Vitaly espera que o diário seja publicado na
Rússia ainda neste ano. Partes dele já foram traduzidas
para o alemão e para o sueco.
“Se
as pessoas não querem saber a verdade, estão apenas se
iludindo. O mundo todo entende (que ocorreram estupros), a
Rússia entende e as pessoas por trás das novas leis sobre
difamar o passado, até elas entendem. Não podemos
avançar sem olhar para o passado”,disse.
É provável que
nunca se saiba o número real. Tribunais militares
soviéticos e outras fontes continuam secretas.
Setenta anos depois do fim da
guerra, pesquisas ainda revelam a dimensão da violência
sexual sofrida pelas alemãs nas mãos não apenas
dos soviéticos, mas também de americanos, dos
britânicos e dos franceses.(1)
Os estupros dos Aliados
O livro da Professora Miriam Gebhardt,“When the soldiers came”(Quando
os soldados vieram), inclui entrevistas com vítimas,
histórias de crianças de estupro e pesquisas que realizou
ao longo de um ano e meio em registros de nascimento na Alemanha
Ocidental ocupada pelos aliados e Berlim Ocidental. Ele estima que
soldados franceses, britânicos e americanos estupraram 860 mil
alemães no final da segunda guerra mundial, incluindo 190 mil
agressões sexuais por soldados americanos.
“Agora,
70 anos após a guerra, é longo o tempo em que se poderia
suspeitar de lidar com a vitimização alemã”, disse Gebhardt, autor e palestrante da Universidade de Konstanz, aoThe Local. “Não
há mais a questão de se querer relativizar a
responsabilidade dos alemães pela Segunda Guerra Mundial e pelo
Holocausto”.
Gebhardt disse que chegou a esse
número de agressões sexuais ao estimar a dos chamados
“filhos da guerra” nascidos de mulheres alemãs
não casadas na década de 1950, cinco por cento eram
produtos de estupro.
Ela também estima que, para cada nascimento, houve 100 estupros, inclusive de homens e meninos.
Cadáver de criança alemã em Nemmersdorf (PRU)
Os números de Gebhardt
são maiores do que as estimativas anteriores. Um livro bem
recebido de 2003 pelo professor americano de criminologia J. Robert
Lilly, Tomado pela Força, estimou que soldados americanos
cometeram cerca de 11 mil estupros na Alemanha.
Enquanto o artigo publicado pela
Der Spiegel levantou questões sobre se os números de
Gebhardt refletiam com precisão a incidência de
agressão sexual na Alemanha pós-guerra, Lilly disse ao
Local que suas estimativas eram certamente razoáveis.
“Os
números de Gebhardt são plausíveis, mas seu
trabalho não é uma conta definitiva”, disse
Lilly em entrevista ao The Local, explicando que nenhum número
exato poderia ser conhecido por falta de registros.
“É
a confirmação da pesquisa que fiz e acrescenta a essa
discussão em curso sobre o que acontece no baixo da guerra
– O que se passa com o qual não falamos”.
Grande parte da discussão
de que os ataques sexuais contra os alemães concentrou-se nas
tropas soviéticas no leste da Alemanha, que se estimam ter
cometido entre um a dois milhões de estupros durante seu tempo.
Mas Gebhardt disse que queria desafiar a suposição de que
era apenas o Exército Vermelho que era responsável por
tais atos.
“Goebbels
advertiu o que o Exército Vermelho faria com a Alemanha:
estuprar mulheres e cometer atrocidades contra civis… As pessoas
que fossem ocupadas por tropas ocidentais e não pelos
soviéticos”, disse ela. “Mas
o curso dos eventos foi o mesmo. Ambos os lados saquearam objetos de
valor e lembranças, e os soldados muitas vezes cometem
violações de gangues contra as mulheres “.
A pesquisa de Gebhardt
também incluiu registros de sacerdotes da Baviera que
registraram o avanço dos Aliados em 1945, incluindo uma
descrição que diz:
“o
evento mais triste durante o avanço foram três estupros,
um em uma mulher casada, um em uma única mulher e um em uma
menina imaculada de 16 -e meio. Eles foram cometidos por americanos
fortemente bêbados “.
O livro pinta uma imagem muito
mais escura do que o que muitas vezes se vê no cinema e na
literatura das tropas aliadas que libertaram os alemães do
regime nazista e, assim, poderiam levar tempo para as pessoas
absorverem completamente, disse Lilly.
“Será resistido até
certo ponto. Existem estudiosos americanos que não gostariam,
porque podem pensar que os crimes de guerra cometidos pelos
alemães serão menos ruins “, disse Lilly.
Isso chama com a atitude de Gebhardt em
relação ao seu trabalho, que ela diz que visa
simplesmente expor o horror de tais ações na
guerra. As violações “duraram anos, não
apenas no momento da conquista”, acrescentou.
“Eles
não eram apenas parte da violência que ocorreram nas
últimas semanas e dias da guerra, mas continuaram por
anos”. (2)
Os esquadrões negros
Götz Aly, um popular
historiador, acusou soldados negros do exército dos Aliados de
estupro sistemático de mulheres alemãs durante a Segunda
Guerra Mundial. Autor do livro“Hitler’s Beneficiaries”(Beneficiários
de Hitler), fez seus comentários durante uma coletiva de
imprensa na mostra “O Terceiro Mundo na Segunda Guerra
Mundial”, que acontece em Berlim, reconhecendo o papel de
milhares de africanos e asiáticos na derrota do
nacional-socialismo alemão.
Embora convidado a palestrar,
Aly recusou o que chamou de versão “politicamente
correta” da história e argumentou que, na verdade, pessoas
de países colonizados tinham um “interesse paralelo”
com os nacional-socialistas para derrotar as nações
imperialistas como Inglaterra e França.
Batalhões de homens negros do exército Aliado norte-americano na Normandia em 1944
Ele comparou o comportamento de
soldados negros britânicos e franceses com os notórios
estupros em massa perpetrados pelos russos no leste da Alemanha e em
Berlim.
“Toda cidade do sudoeste da Alemanha pode contar histórias de estupro por soldados negros,que não têm nada de diferente dos russosna forma sistemática”, disse Aly.
Ele também descreveu os
soldados negros, asiáticos britânicos e franceses como
“libertadores não-livres”, cuja
contribuição para derrotar Hitler, portanto, não
deveria ser celebrada.
O estupro era prática
comum durante a queda da Alemanha, mas os historiadores concordam que
Exército Vermelho foi responsável pela imensa maioria dos
abusos sexuais.
Dennis Goodwin, presidente da
Associação dos Veteranos da Primeira Guerra Mundial, que
também fala por outros veteranos – e ele mesmo um veterano
da Birmânia durante a Segunda Guerra – disse que as
declarações de Aly não fazem sentido.
“Não
há comparação com os russos, que se gabam
abertamente disso. Há muitos historiadores que desafiariam essa
visão. Não posso falar por franceses ou americanos, mas
não havia batalhões negros britânicos na
Alemanha”,ele disse.
Aly em“Hitler’s Beneficiaries”,
argumenta que os nacional-socialistas alemães
distribuíram equitativamente os bens tomados dos judeus e
dos países europeus conquistados.(16)
Estupros dentro do exército norte-americano são comuns até hoje
Ser mulher dentro dos campos de
batalha é, muitas vezes, mais perigoso do que ser o inimigo. O
documentário americano“The Invisible War”(A
Guerra Invisível) mostra depoimentos de 100 mulheres que foram
vítimas de estupro dentro do quartel do exército dos
Estados Unidos.
As diversas mulheres foram
violentadas por seus colegas e/ou superiores. Segundo o
documentário, só em 1991, quase duas décadas
atrás, o Congresso Americano estimou que, até
então, 200 mil mulheres tinham sido abusadas sexualmente no
exército dos EUA.
Mas esses são os
números de mulheres que conseguiram registrar a queixa. Quase
todas as vítimas tinham seus cargos ameaçados sempre que
tentavam denunciar os crimes. A advogada Susan Burke, uma das fontes do
documentário, conta que “ouvia repetitivamente das
soldadas ‘um estupro pode ser algo ruim, mas sabe o que é
ainda pior? Receber uma receber retaliação profissional
em sua carreira escolhida. Simplesmente porque elas foram
estupradas”.
“Mesmo com o kit de estupro
e tudo mais e com meu amigo pegando meu agressor no flagra, ainda
assim, eles não quiseram acreditar em mim quando fui
denunciar”, conta Christina Jones.
O estupro deixa marca
psicológicas e físicas difíceis de serem
cicatrizadas. Kori Cioca fazia parte da guarda costeira americana
quando foi violentada pelo seu superior. Seu rosto foi tão
machucado durante o ato, que até hoje ela possui
complicações no maxilar e vive há anos em uma
dieta de apenas gelatinas, purês, papas e comidas batidas, porque
não consegue mais mastigar qualquer tipo de comida.
As guerras são
períodos onde todos sofrem muito. Sejam mulheres, homens,
crianças ou animais. Mas o crime de estupro é uma
batalha enfrentada diariamente e de forma desleal, no qual o inimigo
é sempre desconhecido e o ataque, geralmente, inesperado. (3)
(4) - Congressional
Record, Senate, Washington, 4. Dezember 1945, S. 11374, in Alfred M.
Zayas Die Anglo-Amerikaner Vertreibung und die der Deutschen, Ullstein,
1988, S. 87.
Original: ("im
Gebiet one Internierungslager unser, wo die Orte Schlawe, Lauenburg,
Buckow [...] Lagen, vergewaltigten Sowjetische Soldaten in den ersten
Wochen nach der Eroberung jede Frau und jedes Mädchen zwischen 12 und
60 Jahren.[...]Väter
und Gatten , die versuchten, die Frauen zu schützen, erschossen wurden,
und Mädchen, die zu viel Wiederstand leisteten, wurden ebenfalls
ermordet ")
(5) - Die Russen Norman M. Naimark in Deutschland, 1997, ISBN 3549055994
(6) - Anonyma, eine Frau in Berlin-Tagebuchaufzeichnungen vom 20. bis zum 22. Juni April 1945, Berlin 2005, ISBN 3-44273-216-6.
(7) - Vgl.Ingo von Münch, "Frau, Komm!" AAO, S. 10 -15.
(8) - Helke Sander / Barbara Johr: BeFreier und Befreite, Fischer, Frankfurt 2005
(9) - Seidler / Zayas: Kriegsverbrechen in Europa und im Nahen Osten im 20. Jahrhundert, Mittler, Hamburg Berlin Bonn 2002
Helke Sander und Barbara Johr, BeFreier und Befreite.Krieg, Vergewaltigung, Kinder, Fischer Taschenbuch Verlag (2005), ISBN 3-596-16305-6
Reichling G., Die deutschen Vertriebenen in Zahlen, Bonn, 1986, 1989
Heinz Nawratil: 44. Massenvergewaltigungen bei der Besetzung Ostdeutschlands durch die Rote Armee.In Franz W. Seidler, Alfred M. Zayas Kriegsverbrechen in Europe und im im Osten Nahen 20. Jahrhundert.Mittler, Hamburg 2002, ISBN 3-8132-0702-1, S. 121-123
Brazilian, born in 1993 in the city of Fortaleza, pursuing a BA in Law from the University of Fortaleza.It
has self knowledge in the area of economics, political science and
amateur historical research with emphasis on unconventional topics or
scorned by the official academicism.
After
serving for many years in the business and commercial marketing, he
founded the blog The Sentinel (current site) where today is editor, one
of the drafters and one of the columnist.
Die Sonne geht
über dem Treptower Park am Rande Berlins unter. Vor dem
abendlichen Horizont zeichnet sich dramatisch die Silhouette einer
Statue ab: 12 Meter hoch zeigt sie einen sowjetischen Soldaten, der in
der einen Hand ein Schwert hält, in der anderen ein deutsches
Mädchen trägt und auf ein Hakenkreuz tritt.
Die Statue
markiert den Ort, an dem rund 5.000 der insgesamt 80.000 Soldaten der
Roten Armee beigesetzt wurden, die zwischen dem 16. April und dem 2.
Mai 1945 in der Schlacht um Berlin gefallen sind.
Die
monumentale Größe des Denkmals spiegelt das enorme Opfer
dieser Soldaten wider. Doch für manche könnte diese Statue
auch als Grab des unbekannten Vergewaltigers gelten.
Es gibt
dokumentierte Hinweise darauf, dass Stalins Soldaten eine große
Zahl deutscher Frauen vergewaltigt haben – insbesondere in der
Hauptstadt. Nach dem Krieg wurde dieses Thema in Deutschland jedoch
weitgehend verschwiegen und ist in Russland bis heute ein Tabu.
Die
russische Presse weist das Thema regelmäßig zurück und
bezeichnet es als „vom Westen verbreiteten Mythos“.
Unveröffentlichte
Manuskripte zeigen jedoch, wie düster und bedrückend die
Realität in den Bataillonen war¹.
Eine der
wichtigsten Quellen für die zahlreichen Fälle von
Vergewaltigungen während des Zweiten Weltkriegs ist das Tagebuch
des sowjetischen Offiziers Wladimir Gelfand, der seine Beobachtungen und Erlebnisse am Ende der Schlacht von Berlin dokumentierte.
Die Statue des
Soldaten der Roten Armee ist eine Hommage an die sowjetischen Soldaten,
die am Ende des Zweiten Weltkriegs im Außenbezirk Berlins
gefallen sind – mitten im Herzen der deutschen Hauptstadt.
Im Februar 1945 befand sich Wladimir Gelfand
in der Nähe des Oder-Damms und bereitete sich auf den Einmarsch
nach Berlin vor. In seinem Tagebuch beschreibt er, wie seine Kameraden
ein Bataillon deutscher Militärfrauen umzingelten und
demütigten:
„Die
gefangenen Deutschen sagten, sie wollten den Tod ihrer Ehemänner
rächen. Sie müssen gnadenlos vernichtet werden. Unsere
Soldaten schlugen vor, ihnen die Genitalien aufzuschlitzen – ich
hätte sie einfach erschossen“, schrieb er.
Eine der
aufschlussreichsten Passagen in Gelfands Tagebuch stammt vom 25. April
1945, als er von seiner Ankunft in Berlin berichtet. Er fuhr mit dem
Fahrrad an der Spree entlang, als er zum ersten Mal einer Gruppe
deutscher Frauen begegnete, die Koffer und Bündel trugen. In
holprigem Deutsch fragte er sie, wohin sie unterwegs seien und warum
sie ihr Haus verlassen hätten.
„Mit
Entsetzen im Gesicht erzählten sie mir, was in der ersten Nacht
nach dem Einmarsch der Roten Armee geschehen war“, schrieb Gelfand.
*„Sie
haben die ganze Nacht über an mir herumgezerrt“,
erklärte ein hübsches deutsches Mädchen und hob ihren
Rock. „Sie waren alt,
einige mit Pickeln übersät, und alle bedrängten mich
– nicht weniger als 20 Männer.“ Sie begann zu weinen.
„Sie
haben meine Tochter vor meinen Augen vergewaltigt – und sie
könnten jederzeit zurückkehren und es wieder tun“, sagte die verzweifelte Mutter. Alle Frauen waren von dieser Vorstellung zutiefst erschüttert.
*„Bleib hier!“, rief das Mädchen plötzlich und warf sich mir an die Brust. „Schlaf mit mir! Du kannst mit mir tun, was du willst – aber nur du!“
Während der Vormarsch der Roten Armee weiterging, ermutigten Propagandaplakate die sowjetischen Soldaten zur Rache:
„Soldat, du bist nun auf deutschem Boden. Die Stunde der Vergeltung ist gekommen!“ ²
Das sowjetische Tagebuch des jüdischen Schriftstellers Wladimir Gelfand brachte aufsehenerregende und kontroverse Enthüllungen über das Verhalten sowjetischer Soldaten ans Licht
Die Massenvergewaltigung von Frauen in Deutschland
Das deutsche Magazin Der Spiegel
schätzt, dass rund 2 Millionen Frauen auf deutschem Gebiet von
sowjetischen Soldaten vergewaltigt wurden – allein in Berlin etwa
100.000. Derselben Quelle zufolge waren die meisten Opfer im
Durchschnitt etwa 17 Jahre alt und wurden jeweils mindestens
zwölfmal vergewaltigt. Etwa 12 % von ihnen starben entweder durch
Suizid oder an den von den Tätern verursachten Verletzungen. Fast
die Hälfte entwickelte ein posttraumatisches Syndrom.⁽³⁾
Die sowjetische Krankheit
Die weibliche
Bevölkerung wurde systematisch und wiederholt vergewaltigt.
Britische Soldaten, die in deutschen Konzentrationslagern festgehalten
worden waren, berichteten nach ihrer Rückkehr:
„In
den Dörfern rund um unser Lager – Schlawe, Lauenburg, Buckow
– wurden in den ersten Wochen nach der Ankunft der sowjetischen
Soldaten alle Kinder und Frauen im Alter zwischen 12 und 60 Jahren
vergewaltigt … Eltern und Ehemänner, die versuchten, sie zu
schützen, wurden ermordet – ebenso wie Frauen, die sich der
Vergewaltigung widersetzten.“⁽⁴⁾
Der Historiker Norman M. Naimark kam bei seinen Recherchen auf die Zahl von rund 2 Millionen deutschen Vergewaltigungsopfern.
In einigen Regionen war das Ausmaß so gravierend, dass eigens
Räume zur Inhaftierung, Folterung und systematischen
Vergewaltigung von Frauen eingerichtet wurden. Die Opfer wurden oft
tagelang festgehalten, misshandelt und erst danach freigelassen.
Einer der wenigen dokumentierten Augenzeugenberichte ist das Buch „Anonyma – Eine Frau in Berlin“,
das Tagebuch einer Berlinerin, die Opfer sowjetischer sexueller Gewalt
wurde. Es diente auch als Vorlage für den gleichnamigen Film von
2008.⁽⁵⁾⁽⁶⁾
Ein weiteres
Kriegstagebuch – diesmal von der Verlobten eines abwesenden
deutschen Soldaten geschrieben – zeigt, dass manche Frauen sich
mit den schrecklichen Umständen arrangierten, um schlichtweg zu
überleben.
Anonyma begann ihr Tagebuch am 20. April 1945 – zehn Tage vor dem Selbstmord Hitlers. Wie bei Gelfand
ist die Ehrlichkeit der Autorin erschütternd, ihre
Beobachtungsgabe präzise – sogar ein gewisser schwarzer
Humor ist zu finden.
Sie beschreibt sich selbst als „blasse Blondine, die stets denselben Wintermantel trägt“ und schildert das Leben im Luftschutzkeller unter ihrem Wohnhaus in Berlin. Sie beobachtet etwa „einen jungen Mann in grauer Hose und mit Hornbrille“, der sich bei näherem Hinsehen als junge Frau entpuppt, sowie „drei ältere Schwestern, die wie ein großer Pudding zusammengequetscht dasitzen“.
Aufnahme der SS einer verstorbenen Familie. Beide Frauen hatten Anzeichen von Vergewaltigung.
Während
sie auf die Ankunft der Roten Armee warten, machen sich die Frauen im
Keller über die Situation lustig und sagen: „Lieber ein Russe über uns als ein Yankee.“
Vergewaltigung erscheint ihnen das kleinere Übel im Vergleich zum
Tod durch Bomben. Doch als die sowjetischen Soldaten schließlich
in dem Keller eintreffen, in dem sie sich aufhalten, bitten die Frauen
die Tagebuchautorin, ihre Russischkenntnisse zu nutzen, um beim
sowjetischen Kommando eine Beschwerde einzureichen.
Tatsächlich
gelingt es ihr, inmitten des Chaos der zerstörten Stadt einen
Offizier zu finden. Doch dieser ergreift keinerlei Maßnahmen
– obwohl Stalin die Gewalt gegen Zivilisten offiziell verboten hatte.
„Es wird sowieso passieren,“ sagt der Offizier lakonisch.
Russen belästigen einen Deutschen
Beim Versuch,
in ihre Wohnung zurückzukehren, wird die Verfasserin des Tagebuchs
im Korridor vergewaltigt und fast erwürgt; die Frauen, die im
Keller wohnen, öffnen ihre Türen während der
Vergewaltigung nicht – erst, als alles vorbei ist.
„Meine
Socken hängen mir bis über die Schuhe, ich halte immer noch
die Reste meines Strumpfgürtels in der Hand. Ich fange an zu
schreien: 'Ihr verdammten Feiglinge! Sie haben mich hier zweimal
vergewaltigt – und ihr habt mich einfach wie Dreck ziehen
lassen!'“
Mit der Zeit
wird ihr klar, dass sie einen „Chefwolf“ braucht, um den
„Rudelvergewaltigungen“ zu entkommen. Die Beziehung
zwischen Täter und Opfer verändert sich, wird weniger
gewaltsam – und ambivalenter. Schließlich teilt sie das
Bett mit einem ranghohen Offizier aus Leningrad, mit dem sie über
Literatur und den Sinn des Lebens spricht.
„Ich
kann nicht behaupten, dass der Major mich vergewaltigt. Ich tue es
für Speck, Butter, Zucker, Kerzen, Dosenfleisch …
Außerdem mag ich den Major. Und je weniger er mich als Frau will,
desto mehr mag ich ihn als Mensch“, schrieb sie.
Viele ihrer Nachbarinnen treffen ähnliche Arrangements mit ihren Eroberern.
Dieses Tagebuch wurde erst 1959 unter dem Titel Eine Frau in Berlin veröffentlicht – und zunächst dafür kritisiert, „den Ruf deutscher Frauen zu beschmutzen“. ¹
2008 wurde aus dem Berliner Tagebuch der Film Anonyma – Eine Frau in Berlin
mit der bekannten Schauspielerin Nina Hoss. Der Film hatte eine
kathartische Wirkung in Deutschland und ermutigte viele Frauen, zum
ersten Mal über ihre Erlebnisse zu sprechen.
Frauen begehen Selbstmord auf einem Platz in Berlin (1946–48)
Zu den
betroffenen Frauen zählte auch die heute 90-jährige Ingeborg
Bullert. Sie lebt in Hamburg, Norddeutschland. Im Jahr 1945 war sie 20
Jahre alt, träumte davon, Schauspielerin zu werden, und lebte mit
ihrer Mutter in Berlin.
Als die
sowjetische Offensive begann, suchte sie – wie viele andere
– Zuflucht im Keller ihres Wohnhauses, ganz so wie die Frau aus
dem berühmten Berliner Tagebuch.
„Plötzlich
standen Panzer auf unserer Straße, und überall lagen Leichen
– russische und deutsche Soldaten“, erinnert sie sich.
Während
einer kurzen Pause der Luftangriffe verließ Ingeborg den Keller,
um in der Wohnung ein Stück Draht zu holen – sie wollte
damit einen Docht für eine Glühbirne montieren.
„Plötzlich
richteten zwei sowjetische Soldaten ihre Waffen auf mich. Einer von
ihnen zwang mich, mich auszuziehen, und vergewaltigte mich. Dann
tauschten sie die Plätze, und der andere tat dasselbe. Ich dachte,
ich würde sterben – dass sie mich erschießen
würden.“
Ingeborg schwieg Jahrzehnte lang über das Verbrechen, das ihr widerfuhr.
Ingeborg Bullert
(heute und zu Beginn der Besatzung, als sie 20 Jahre alt war) lebt in
Hamburg und hat nie darüber gesprochen, wann sie von Sowjets vergewaltigt wurde.
Die Vergewaltigungen haben Frauen in ganz Berlin getroffen.
Ingeborg erinnert sich, dass Frauen zwischen 15 und 55 Jahren auf sexuell übertragbare Krankheiten untersucht werden mussten.
„Sie
brauchten das ärztliche Attest, um die Lebensmittelmarken zu
bekommen, und ich erinnere mich, dass alle Ärzte diese Atteste
ausgestellt haben und die Warteräume voller Frauen waren.“
Niemand weiß genau, wie viele Frauen in Deutschland von ausländischen Kämpfern sexuell missbraucht wurden. Die am häufigsten genannte Zahl wird auf 100.000 Frauen geschätzt, die allein in Berlin vergewaltigt wurden – und zwei Millionen auf deutschem Gebiet.
Es gibt Dokumente, die – aufgrund der „besonderen Situation“ – eine hohe Zahl von Abtreibungsansprüchen gegen das damalige Gesetz aufdecken.
Natalya Gesse, Freundin von Andrei Sacharow, sagte: *„Die Russen haben alle Frauen im Alter von acht bis achtzig Jahren vergewaltigt.“*¹⁰
Der Historiker Antony Beevor recherchierte für das Buch, das er 2002 über den Fall Berlins herausgebracht hatte, und fand im Staatsarchiv der Russischen Föderation Dokumente über sexuelle Gewalt. Sie waren Ende 1944 von der damaligen Geheimpolizei, dem NKWD, an den Chef dieser Polizei, Lawrenti Beria, geschickt worden.
*„Sie wurden an Stalin weitergegeben. Man kann sogar sehen, ob sie gelesen wurden oder nicht – und sie berichten von Massenvergewaltigungen in Ostpreußen
und davon, wie deutsche Frauen versuchten, ihre Kinder zu töten
und sich selbst zu töten, um Vergewaltigungen zu
vermeiden“*².
Der Anwalt Ingo von Münch stellt in seinem Buch Frau, komm! fest, dass die Fälle der Vergewaltigung deutscher Mädchen und Frauen durch Angehörige der sowjetischen Armee zweifellos als Kriegsverbrechen
charakterisiert wurden. Nie in einem Land und in so kurzer Zeit
erlitten so viele Frauen Gewalt und Vergewaltigung durch
ausländische Soldaten wie in den Jahren 1944 und 1945 nach dem sowjetischen Einmarsch in Deutschland. Erschreckend war auch die Brutalität der Misshandlung von Frauen durch Kriminelle³.
Mutter und Tochter kniend und geschlagen. Ihre Tochter war gerade vergewaltigt worden. Berlin, von den Sowjets besetzt (1945).
Der deutsche Militärgeheimdienst Fremde Heere Ost verzeichnete folgende Vergewaltigungsvorfälle: in den östlichen Regionen 1.400.000 Straftaten; in Gebieten der sowjetischen Besatzung außer Berlin500.000 Straftaten und in Berlin100.000 Straftaten¹¹ ¹².
Nach dem Sommer 1945 erhielten die sowjetischen Soldaten, die eine solche Tat begingen, Strafen wegen Hängens oder Gefängnisses.
Die Vergewaltigungen dauerten jedoch bis 1948, als Deutschland endlich seine politische Struktur wiedererlangte und die Soldaten der Sowjetunion nur noch auf von der Zivilbevölkerung getrennten Wachposten saßen¹³ ¹⁴ ¹⁵.
Die russische Verlegenheit mit seiner Geschichte heute
Das russische Parlament hat kürzlich ein Gesetz verabschiedet, das vorsieht, dass jeder, der die Geschichte Russlands im Zweiten Weltkrieg abwertet, Geldstrafen zahlen oder bis zu fünf Jahre inhaftiert werden muss.
Die junge Historikerin Vera Dubina von der Moskauer Universität für Geisteswissenschaften erfuhr von den Vergewaltigungen erst, als sie aufgrund eines Stipendiums nach Berlin kam. Sie schrieb eine Studie zu diesem Thema, bemühte sich jedoch, sie zu veröffentlichen.
Vitaly Gelfand, der Sohn des Journalisten Vladimir Gelfand, bestreitet nicht, dass viele sowjetische Soldaten während des Krieges Tapferkeit und Opfer gezeigt haben, aber dies ist seiner Meinung nach nicht die einzige Geschichte.
Vitaly Gelfand, Sohn von Vladimir, hat Mühe, das Tagebuch seines Vaters in Russland zu veröffentlichen.
Kürzlich gab Vitaly ein Interview in einem russischen Radiosender,
das eine Welle von antisemitischem Trolling in den sozialen Netzwerken
auslöste. Sehen Sie, was für ein Widerspruch: Viele
behaupteten, das Tagebuch sei gefälscht, und Vitaly solle nach Israel auswandern. Trotzdem hofft er, dass das Tagebuch noch in diesem Jahr in Russland veröffentlicht wird. Teile davon wurden bereits ins Deutsche und Schwedische übersetzt.
„Wenn
die Leute die Wahrheit nicht wissen wollen, machen sie nur Spaß.
Die ganze Welt versteht (dass es zu Vergewaltigungen gekommen ist),
Russland versteht, und die Menschen hinter den neuen Gesetzen über
die Verleumdung der Vergangenheit – auch sie verstehen es. Wir
können nicht weitermachen, ohne auf die Vergangenheit zu
schauen“, sagte er.
Die reale Zahl kann nie bekannt sein. Sowjetische Militärgerichte und andere Quellen bleiben geheim.
Siebzig Jahre nach Kriegsende zeigt die Forschung weiterhin das Ausmaß der sexuellen Gewalt, die die Deutschen nicht nur in den Händen der Sowjets, sondern auch der Amerikaner, Briten und Franzosen erleiden mussten¹.
Vergewaltigungen der Alliierten
Das Buch „Als die Soldaten kamen“ von Professorin Miriam Gebhardt enthält Interviews mit Opfern, Berichte sogenannter Vergewaltigungskinder und Forschungsergebnisse, die sie über anderthalb Jahre in Geburtsakten aus Westdeutschland und Westberlin sammelte. Sie schätzt, dass französische, britische und amerikanische Soldaten am Ende des Zweiten Weltkriegs etwa 860.000 Deutsche vergewaltigten, darunter 190.000 sexuelle Übergriffe amerikanischer Soldaten.
„Jetzt,
70 Jahre nach dem Krieg, gibt es endlich einen langen Zeitraum, in dem
man das Thema enttabuisieren kann – ohne dass gleich unterstellt
wird, es gehe um eine deutsche Opfermythologie“, sagte Gebhardt, Autorin und Dozentin an der Universität Konstanz, in einem Interview mit The Local. „Es
geht nicht mehr darum, die Verantwortung der Deutschen für den
Zweiten Weltkrieg und den Holocaust relativieren zu wollen.“
Gebhardt erklärte, sie habe diese Zahl sexueller Übergriffe auf Grundlage der sogenannten Kriegskinder
berechnet – also Kinder, die in den 1950er-Jahren von
unverheirateten deutschen Frauen geboren wurden. Fünf Prozent
dieser Kinder seien nachweislich das Ergebnis von Vergewaltigungen.
Sie schätzt außerdem, dass es pro Geburt durchschnittlich 100 Vergewaltigungen gab – darunter auch an Männern und Jungen.
Deutsche Kinderleichen in Nemmersdorf (PRU)
Die Gebhardt-Zahlen
sind größer als frühere Schätzungen. Ein 2003
veröffentlichtes, positiv aufgenommenes Buch des amerikanischen
Kriminologieprofessors J. Robert Lilly schätzt, dass amerikanische Soldaten in Deutschland rund 11.000 Vergewaltigungen begangen haben.
Während im Artikel von Der Spiegel infrage gestellt wurde, ob Gebhardts
Zahlen die tatsächliche Häufigkeit sexueller Übergriffe
in Deutschland nach dem Krieg korrekt abbilden, erklärte Lilly gegenüber The Local, dass ihre Schätzungen durchaus vernünftig seien.
„Gebhardts Zahlen sind plausibel, aber ihre Arbeit ist kein abschließender Bericht“, so Lilly. Aufgrund fehlender Aufzeichnungen könne man niemals exakte Zahlen benennen.
„Es
bestätigt meine Forschung und ergänzt die laufende Diskussion
darüber, was im Krieg geschieht – worüber aber nicht
gesprochen wird.“
Ein Großteil der bisherigen Debatte über sexuelle Gewalt gegen Deutsche konzentrierte sich auf die sowjetischen Truppen in Ostdeutschland, denen man zwischen einer und zwei Millionen Vergewaltigungen zuschreibt. Doch Gebhardt will der Annahme widersprechen, dass nur die Rote Armee für diese Verbrechen verantwortlich war.
„Goebbels
warnte davor, was die Rote Armee Deutschland antun würde: Frauen
vergewaltigen, Gräueltaten gegen Zivilisten ... Menschen
wünschten sich, lieber von westlichen Truppen besetzt zu werden
als von den Sowjets“, sagte sie. „Doch
das Verhalten war dasselbe. Beide Seiten plünderten
Wertgegenstände und Erinnerungsstücke, und Soldaten
vergewaltigten regelmäßig Frauen.“
Gebhardts
Nachforschungen stützen sich auch auf Aufzeichnungen bayerischer
Priester, die den Vormarsch der Alliierten 1945 dokumentierten –
unter anderem mit folgendem Bericht:
„Das
traurigste Ereignis während des Durchmarschs waren drei
Vergewaltigungen – eine an einer verheirateten Frau, eine an
einer alleinstehenden Frau und eine an einem unberührten
16½-jährigen Mädchen. Sie wurden von schwer
betrunkenen Amerikanern verübt.“
Das Buch
zeichnet ein deutlich düstereres Bild als das, was in Filmen und
Literatur über die alliierten Truppen üblich ist – jene
Soldaten, die angeblich nur gekommen waren, um die Deutschen vom
Nationalsozialismus zu befreien. Man müsse Zeit investieren, um
sich mit dieser Wahrheit auseinanderzusetzen, so Lilly.
„Es
gibt gewissen Widerstand. Manche amerikanische Historiker mögen
das nicht, weil sie fürchten, es relativiere die von den Deutschen
begangenen Kriegsverbrechen“, sagte er.
Das erfordert Gebhardts Haltung: Ihre Arbeit soll lediglich das Grauen solcher Taten im Krieg aufdecken. Die Vergewaltigungen, so betont sie, „dauerten über Jahre an, nicht nur im Moment der Eroberung.“
*„Sie
waren nicht nur Teil der Gewaltakte in den letzten Wochen und Tagen des
Krieges – sie hielten über Jahre hinweg an.“*²
Die schwarzen Staffeln
Der bekannte Historiker Götz Aly warf den alliierten schwarzen Soldaten im Zweiten Weltkrieg systematische Vergewaltigungen deutscher Frauen vor. Als Autor des Buches „Hitlers Nutznießer“ äußerte er sich während einer Pressekonferenz zur Ausstellung „Dritte Welt im Zweiten Weltkrieg“ in Berlin über die Rolle Tausender Afrikaner und Asiaten bei der Niederlage des Nationalsozialismus.
Obwohl sie zu seinem Vortrag eingeladen worden war, lehnte Aly die Darstellung ab, die er als „politisch korrekt“ kritisierte. Er argumentierte, dass Menschen aus kolonisierten Ländern in Wahrheit ein „Parallelinteresse“ mit den Nationalsozialisten gehabt hätten – nämlich imperialistische Nationen wie England und Frankreich zu besiegen.
Bataillone der Schwarzen Armee – Amerikanische Verbündete in der Normandie, 1944
Götz Aly
verglich das Verhalten britischer und französischer schwarzer
Soldaten mit den berüchtigten Massenvergewaltigungen durch
sowjetische Truppen in Ostdeutschland und Berlin.
„Jede
Stadt im Südwesten Deutschlands kann Vergewaltigungsgeschichten
von schwarzen Soldaten erzählen, die sich systematisch nicht
anders verhalten haben als Russen“, sagte Aly.
Er bezeichnete auch schwarze Soldaten, britische Asiaten und französische Kolonialtruppen als „unfreie Befreier“, deren Beitrag zur Niederlage Hitlers seiner Meinung nach nicht gefeiert werden sollte.
Vergewaltigungen waren im Herbst 1945 in ganz Deutschland verbreitet, aber Historiker sind sich einig, dass die Rote Armee für den größten Teil des sexuellen Missbrauchs verantwortlich war.
Dennis Goodwin,
Präsident des Veteranenverbands des Ersten Weltkriegs –
selbst Veteran des Burmafeldzugs im Zweiten Weltkrieg –
äußerte scharfe Kritik an Alys Aussagen:
„Es
gibt keinen Vergleich zu den Russen, die offen damit prahlten. Viele
Historiker würden dieser Sichtweise widersprechen. Ich kann nicht
für Franzosen oder Amerikaner sprechen – aber britische
schwarze Bataillone gab es in Deutschland keine“, sagte er.
Aly argumentiert in seinem Buch „Hitlers Nutznießer“, dass die deutschen Nationalsozialisten die den Juden
geraubten Güter und die aus besetzten Ländern gewonnenen
Ressourcen gerecht unter der deutschen Bevölkerung
verteilten¹⁶.
Vergewaltigungen innerhalb der US-Armee – Ein alltägliches Verbrechen
Auf dem Schlachtfeld eine Frau zu sein, ist oft gefährlicher, als dem Feind gegenüberzustehen. Der US-Dokumentarfilm „The Invisible War“ zeigt die Aussagen von über 100 Frauen, die in Kasernen der US-Armee vergewaltigt wurden.
Viele dieser
Frauen wurden von Kollegen oder Vorgesetzten missbraucht. Schon 1991,
fast zwei Jahrzehnte vor Veröffentlichung des Films, schätzte
der US-Kongress, dass bereits 200.000 Frauen beim US-Militär sexuelle Gewalt erlebt hatten.
Doch dies
sind nur die Fälle, bei denen eine Beschwerde eingereicht wurde.
In nahezu allen Situationen wurde den Opfern mit beruflichen
Konsequenzen gedroht, sollten sie den Übergriff melden.
Die Anwältin Susan Burke, eine der wichtigsten Stimmen im Film, erklärte: „Immer
wieder hörte ich: Vergewaltigt zu werden ist schlimm – aber
wissen Sie, was schlimmer ist? Berufliche Vergeltung in Ihrer Karriere,
nur weil Sie vergewaltigt wurden.“
Christina Jones, eines der Opfer, sagt: „Selbst
mit dem Vergewaltigungsset, einem Zeugen und Beweisen – sie
glaubten mir nicht, als ich Anzeige erstattete.“
Vergewaltigung hinterlässt tiefe psychische und physische Wunden. Kori Cioca, einst Mitglied der US-Küstenwache,
wurde von ihrem Vorgesetzten vergewaltigt. Dabei wurde ihr Kiefer so
schwer verletzt, dass sie bis heute nur pürierte oder
flüssige Nahrung zu sich nehmen kann – sie kann nicht mehr
kauen.
Kriege sind Zeiten, in denen alle leiden – Frauen, Männer, Kinder, sogar Tiere. Doch die Vergewaltigung
ist eine tägliche, unsichtbare Schlacht, bei der der Täter
meist unbekannt ist – und der Angriff immer unerwartet
erfolgt³.
⁴ Kongressprotokoll, Senat, Washington, 4. Dezember 1945, S. 11374, in: Alfred M. de Zayas: Die Anglo-Amerikaner und die Vertreibung der Deutschen, Ullstein, 1988, S. 87.
⁵ Norman M. Naimark: Die Russen in Deutschland, 1997, ISBN 3549055994.
⁶ Anonyma: Eine Frau in Berlin. Tagebuchaufzeichnungen vom 20. April bis zum 22. Juni 1945, Berlin 2005, ISBN 3-44273-216-6.
⁷ Vgl. Ingo von Münch, Frau, komm!, aaO, S. 10–15.
⁸ Helke Sander / Barbara Johr: BeFreier und Befreite, Fischer, Frankfurt 2005.
⁹ Seidler / Zayas: Kriegsverbrechen in Europa und im Nahen Osten im 20. Jahrhundert, Mittler, Hamburg Berlin Bonn 2002.
Helke Sander und Barbara Johr: BeFreier und Befreite. Krieg, Vergewaltigung, Kinder, Fischer Taschenbuch Verlag, Frankfurt 2005, ISBN 3-596-16305-6
G. Reichling: Die deutschen Vertriebenen in Zahlen, Bonn 1986, 1989
Heinz Nawratil: Massenvergewaltigungen bei der Besetzung Ostdeutschlands durch die Rote Armee, in: Franz W. Seidler, Alfred M. de Zayas: Kriegsverbrechen in Europa und im Nahen Osten im 20. Jahrhundert, Mittler, Hamburg 2002, ISBN 3-8132-0702-1, S. 121–123
Auszug ausWilliam Hitchcock: Der Kampf um Europa
Siehe auch
Dokumentarfilm: Hellstorm – Gräueltaten der Alliierten im Zweiten Weltkrieg in Deutschland
Der 1993 in Fortaleza geborene Brasilianer besitzt einen Abschluss in Rechtswissenschaften der Universität Fortaleza. Er verfügt über autodidaktische Kenntnisse in den Bereichen Wirtschaft, Politik und Zeitgeschichte, mit einem Schwerpunkt auf nichtkonventionellen Themen oder solchen, die vom etablierten akademischen Diskurs häufig missachtet oder tabuisiert werden.
Nach mehreren Jahren Tätigkeit im Handels- und Unternehmensmarketing gründete er den Blog O Sentinela – die heutige Website –, wo er heute als Redakteur, einer der Hauptautoren sowie als Kolumnist tätig ist.