• Jornal de Psicanálise "Homens homenageados usurpam os corpos de mulheres violadas, e a guerra não tem rosto de mulher: apenas corpos"
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    Jornal de Psicanálise

    versão impressa ISSN 0103-5835

    J. psicanal. vol.56 no.105 São Paulo jul./dez. 2023  Epub 26-Ago-2024

     

    Paulo Cesar Endo2 

    2Psicanalista, pesquisador e professor livre-docente do Instituto de Psicologia. Coordenador do Grupo de Pesquisa em Direitos Humanos, Democracia e Memória do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP). São Paulo

     
     
     
    Homens homenageados usurpam os corpos de mulheres violadas, e a guerra não tem rosto de mulher: apenas corpos
     
     

    Résumé

    Cet article examine les contradictions présentes dans les politiques mémorielles afin de se rapprocher de ce qui se passe également dans le champ des connaissances et des théories. La réflexion sera guidée par ma visite et mes recherches de terrain menées dans le parc de Treptower à Berlin, plus précisément le monument au soldat russe situé dans ce même parc. Je cherche à discuter de certaines hypothèses ou présupposés de la théorie psychanalytique, afin d’évoquer le doute et le travail dans lesquels nous sommes plongés aujourd’hui, contrairement à l’époque de Freud. Ma préoccupation porte sur l’inscription et la détermination d’hégémonies politiques laïques qui autorisent et/ou désautorisent les idéaux, les représentations de soi et la mémoire psychique des uns au détriment des autres, dont l’influence sur les mouvements inconscients est indéniable et qui, donc, sont souvent instrumentalement guidé par les politiques publiques et de masse.

     
     
    Ah, mais um livro sobre a guerra... Para quê? Já aconteceram milhares de guerras-pequenas e grandes, famosas e desconhecidas. E o que se escreveu sobre elas é ainda mais numeroso. Mas... foi escrito por homens e sobre homens, isso ficou claro na hora. Tudo o que sabemos da guerra conhecemos por uma “voz masculina”. Somos todos prisioneiros de representações e sensações “masculinas” da guerra... Das palavras “masculinas”. (Aleksievitch, 2016, p. 12)
     
     

    Breve relato de viagem de pesquisa de campo (Berlim, maio de 2022)

    Em maio de 2015 estive em Berlim desenvolvendo parte das pesquisas sobre memoriais que realizo há muitos anos.3 Nessa ocasião, em visita ao Topographie des Terreurs assisti à exposição permanente de fotos em displays espalhados pela sala de exposições. Entre a riqueza extraordinária da exposição desse lugar de memória ímpar na Alemanha, chamou-me a atenção a última foto exposta.

     
     

    Nela dois soldados russos do Exército Vermelho assediavam uma mulher alemã, após a ocupação russa no final da Segunda Guerra, quando a Alemanha nazista já se encontrava praticamente derrotada pelas tropas aliadas.

    A foto era apavorante. Dois homens armados e fardados assediando uma mulher sozinha, assustada e constrangida. Um deles puxava suas vestes, como se pudesse arrancá-las no meio da rua; o outro, cúmplice, com um sorriso de escárnio no rosto atestava que o que era terrível para a mulher para ambos era mais um momento de diversão lasciva. Eles estavam no meio da cidade, publicamente expostos. Ao redor, vazio e solidão, diante do assédio cometido pelas autoridades máximas recém-instauradas em Berlim: o vitorioso Exército Vermelho soviético.

    Enquanto a dupla de soldados investia sem mesuras contra a mulher, ao mesmo tempo, faziam chacota da vulnerabilidade absoluta e do medo exposto pela provável vítima diante do que poderia acontecer instantes depois, ou teria acontecido antes: o estupro de mais uma mulher alemã.

    Com um sorriso de escárnio no rosto e a certeza da permissão para fazerem tudo sem restrições, sem lei, sem vergonha, culpa e sem castração alguma no país recém-ocupado, esses soldados pareciam escolher como prêmio levar adiante a continuidade de atrocidades já cometidas pelos nazistas, vistas e vividas na guerra sanguinária prestes a terminar. Decidiram então celebrar a vitória não como homens, mas como animais. O palco escolhido: o corpo das mulheres que seriam então nas próximas semanas e meses, muitas vezes, invadidos por bichos.

    A mulher na foto, cujo rosto se esconde de dor, pavor e vergonha, e cujo nome não saberemos, se encolhia e se apequenava enrustida, como quem quisesse desaparecer entre as próprias vestes amarrotadas e sumir, quiçá livrando-se do inevitável. Essa fotografia me impressionou para sempre.

    Nos anos vindouros essa imagem não deixaria de perdurar em lembrança e em pensamento, e creio que reencontrá-la era uma das minhas vontades mais claras quando, no futuro, retornasse a Berlim.

    Para mim foi uma pista largada no chão que recolhi e guardei. Tudo o que ela mostrava e ocultava aludia à amplitude de uma devastação temporal maior, que eu ainda não sabia que existia, mas já se encontrava plenamente representada - e havia bastante tempo - em algum lugar da própria cidade de Berlim como monumento de contramemória, como vim a descobrir anos depois.

    Aos que decidiram ser vitoriosos e animais lhes foi concedido, como prêmio, a impunidade para cometer a perpetuação de atrocidades, premiação que eles não demoraram a usufruir. Os estupros em Berlim começariam horas após a entrada do Exército russo na cidade. Os grandes vencedores, quando tiveram a oportunidade, não hesitaram em tornar-se apenas nazistas.

    Uma vez afirmou Robert Fisk: “Gostando ou não, é assim que acaba a maior parte das guerras. É como se os pecados fossem apagados” (2007, p. 635).

    Tudo o que há de resignação nessa frase de Fisk responde, evidentemente, à sua própria experiência como um dos maiores repórteres de guerra conhecidos, porém, ela deixa implícito um senso quase religioso e expectante de que algo maior do que as guerras se impusesse para cobrar os pecados cometidos em nome delas. Ele sabia, nada existe que impeça o apagamento das vítimas esquecidas para que pecados sejam apagados.

    Essa foto única e determinante exibe com precisão estarrecedora as violações explícitas, sanguinárias, misóginas, criminosas e cruéis às quais foram expostas as mulheres alemãs pelos então vencedores da guerra, que teriam acabado de “livrar” a humanidade das atrocidades nazistas para cometerem as próprias. Seu caráter pungente, talvez o mesmo que me impressionou em minha primeira visita, seria destacado num livro publicado pelo Topographie des Terreurs em 2014 (Steur, 2014), no qual a foto é reproduzida em página inteira, como uma das importantes imagens do livro.

    Esse não é um exemplo único ou isolado.4 Países ocupados por outros exércitos sofreram problemas semelhantes durante a Segunda Guerra e, possivelmente, em todas as guerras. A permissão e impunidade do abuso não tornam a atrocidade menos atroz. A “valentia” dos vencedores, não raro, tem seu prêmio garantido: o corpo e o espírito de milhões de mulheres em diferentes países do mundo. O que torna, contudo, tudo mais nauseabundo são as justificativas. Não raro quem comete atos assim tem suas justificativas denegatórias. Justificativas - como “Estamos apenas cobrando o que os alemães fizeram na Rússia”, ou “Foi uma consequência da solidão, medo e privação a que foram submetidos os soldados em combate”, ou “Tudo era parte de uma necessária estratégia de guerra” - abundam, com poucas diferenças, nas falas de autoridades e dos próprios perpetradores.

    O direito do homem à sua vingança, o coitadismo masculino e a fatalidade inexorável da guerra fazem parte do mesmo complexo que autoriza (ou não desautoriza) violências, que sustenta a impunidade e invariavelmente acoberta perpetradores seguindo uma hegemonia consolidada, nesse caso, dos homens que entre si se compactam indiferentes e, consequentemente, contra o corpo e o espírito de mulheres. Nada pode estar acima da honra, da dor e do pensamento masculinos. A masculinidade deve permanecer incólume dentro de um mesmo sistema de assimetrias. Fora disso, a segregação, a violência e a crueldade são autorizadas, incentivadas e perpetuadas não importa contra quem, não importa onde. A assimetria é um sintoma para vencedores (ou derrotados) que adquire formas coletivas, comunitárias e institucionais e tende a se perpetuar como estratégia primeira para a instalação de hegemonias.

    O binarismo, portanto, sempre foi unarismo. Há dois para legitimar o um com base na negativação de um dos polos amparados pelo pensamento e o discurso dicotômico. Só assim é possível compreender que a anulação das mulheres, convertida em corpo violável, se torne apenas apanágio masculino para odiar, segregar, usar, festejar e destruir.

    Aqui cito Butler:

    O feminino, para usar uma catacrese, é domesticado e tornado ininteligível dentro de um falologocentrismo que se supõe autoconstituinte. Rechaçado, resta sobreviver como espaço de inscrição desse falologocentrismo, a superfície especular que recebe as marcas de um ato significante masculino apenas para devolver um reflexo (falso) e garantir a autossuficiência falologocêntrica sem fazer nenhuma contribuição própria. (2023, p. 77)

    Embora Butler reflita aqui sobre o domínio epistêmico, do qual outros domínios derivam, ela contribui simultaneamente para apontar que o falologocentrismo, o binarismo unário ou a centralidade masculina interagem com o que está fora dela por efeito de domesticação e hegemonia congênita. Isto é, o feminino pode - e por vezes deve - existir como lugar de inscrição de algo que o submete e o define como parte do contexto da afirmação da centralidade falocêntrica.

    Mas, além disso, o corpo e o psiquismo femininos devem se expor, ou se oferecer, como receptáculo da confirmação de uma ordem, cujo reflexo especular negativo do feminino não pode ser nada além de defeituoso, frágil, aquém e superficial.

    O reduto narcísico no qual as identidades masculinas sobram sobre as outras e outres faz perdurar como efeito, violências assumidas como sempiternas, banais ou inevitáveis. Lá onde o homem se eleva sobre outres é o mesmo lugar onde todas as outras são subalternizados genericamente e sem exceção. Não há meio-termo para a binariedade abusiva que a tudo contamina, bem antes que qualquer denúncia, reivindicação e oposição indignada se levante.

    Do mesmo modo que as guerras são tidas como inevitáveis, suas consequências, permissões e oportunidades também o são no contexto de um espetáculo masculino de aniquilação, destruição e afirmação do não se sabe o quê, num jogo infindável de estupidez e sangue. Sempre, as aniquiladas/es tiveram arrancada sua singularidade, antes de desaparecerem pela violência cruel-e “justa” - que não tem termo.

    Cito trecho de reportagem de Lucy Asch sobre os acontecimentos em Berlim após a ocupação russa, citando o diário de Vladimir Gelfand:5

    Uma das passagens mais reveladoras do diário de Gelfand é datada de 25 de abril, quando ele chegou a Berlim. Gelfand estava andando de bicicleta às margens do rio Spree, a primeira vez que andou de bicicleta, quando deparou com um grupo de mulheres alemãs carregando malas e trouxas. Em um alemão ruim, perguntou-lhes para onde estavam indo e por que haviam deixado suas casas. “Com horror em seus rostos, eles me contaram o que havia acontecido na primeira noite da chegada do Exército Vermelho”, escreve ele.

    “Eles cutucaram aqui”, explicou a linda garota alemã, levantando a saia, “a noite toda. Eles eram velhos, alguns estavam cobertos de espinhas e todos eles subiram em mim e cutucaram - nada menos que 20 homens”, ela explodiu em lágrimas.

    “Eles estupraram minha filha na minha frente”, acrescentou sua pobre mãe, “e ainda podem voltar e estuprá-la novamente.” Esse pensamento horrorizou a todas.

    “Fique aqui”, a garota de repente se jogou em cima de mim, “dorme comigo!

    Você pode fazer o que quiser comigo, mas só você!” (Ash, 2015)

    Uma jovem mulher, que já fora violada por 20 soldados num contexto de total permissão a abusos, teria forças para se indignar e afirmar o banal desse absurdo? Ela e sua mãe teriam como continuar vivendo no país ocupado por estupradores? E teriam como sair? E para onde num país ocupado? E como imaginá-las continuando a viver como mulheres com a certeza de que serão sucessivamente atropeladas por carcaças de tanques e homens?6 A imaginação parece soçobrar ante os extremos do fazer cruel que, por sua vez, cria contextos nos quais se confirmam o sem limites a que podem chegar masculinidades em escombros que, para se erguerem do chão, se apoiam sobre aquelas que violentam.

    Em 2022, retornei a Berlim, graças ao apoio recebido da fapesp, para dar continuidade às minhas pesquisas sobre memória, memoriais e arquivos de sonhos. Uma de minhas intenções, contudo, era perseguir os rastros daquela foto e aprofundar, no pouco tempo que tinha, o contexto berlinense em que ocorreu o maior estupro de brancas, cometido por brancos, da história. Estima-se que cerca de 2 milhões de mulheres foram violentadas durante a ocupação da Alemanha pelo Exército Vermelho em Berlim e em outras cidades menores da Alemanha.7

    Naquela ocasião montei um pequeno diagrama de pesquisa que incluía conversas com pesquisadoras alemãs, visitas a museus conhecidos e o retorno ao Topographie des Terreurs, passados sete anos de minha primeira visita.

    São imodestas as descobertas que acontecem quando estamos local e presencialmente nos lugares de investigação e pesquisa. Tudo depende de detalhes, sorte e alguma perspicácia e, por vezes, a consideração e atenção solitária de quem caminha por abismos, prestando atenção aos solavancos encontradas no próprio psiquismo que se nubla e se esclarece, enquanto descobre o ilimitado do terrível.

    Meu primeiro contato na finalização do contexto de pesquisa foi Martin Dammann.8 Embora estivesse de viagem para a França na mesma semana, Martin gentilmente me cedeu muitas dicas e lamentou não estar em Berlim para acompanhar-me na visita ao Treptower Park, que era uma das razões principais de minha investigação. Ele me sugeriu retornar ao Topographie des Terreurs e visitar o acervo do Museu da História Alemã, a começar pela exposição permanente do museu.

    Segui suas sugestões. Entrei em contato com o diretor do Museu da História Alemã, que me informou de a exposição permanente do museu estar em obras, o que pude verificar quando fui ao museu, mas na ocasião não me foi sugerido nenhum outro caminho no acervo do museu que pudesse me auxiliar na aproximação específica desse tema. Dias depois, Martin me passaria um contato do staff do museu disposto a me ajudar. Mas, naquele momento, eu já estava em Varsóvia.

    Durante esses poucos dias em Berlim estive também com uma pesquisadora alemã da Universidade Humboldt. Nossa conversa parecia não alcançar o tema que eu visava, mesmo eu tendo sido muito explícito quanto àquilo sobre o que me interessava conversar com ela, sabendo de sua trajetória de pesquisadora alemã e feminista. Em algum momento de nossa conversa estranha, ela apenas disse: é possível que minha avó tenha sido estuprada, mas nunca falou sobre isso. Algum silêncio recobriu nossa conversa depois disso, e não pudemos avançar significativamente.

    Entre 1945 e 2023 quase 80 anos se passaram, mas não são abundantes os materiais sobre esses acontecimentos (Gerbhardt, 2017), e, certamente, os testemunhos sobre esses fatos estão à beira da extinção, já que muitas das vítimas e sobreviventes ou decidiram jamais falar sobre a experiência ou já faleceram. Os poucos elementos que hoje existem são raridades.

    Para mim, a exibição desses traços semiapagados, opacos, ostensivos e impositivos é sempre matéria preciosa para um psicanalista deambulante. Encontrei num país, que prima exemplarmente pelos seus memoriais e museus da Shoah, um caminho nada retilíneo para encontrar informações sobre acontecimentos mundialmente conhecidos, mas ainda repletos de denegações, silêncios, ocultações e dolos em sucessivas gerações.

    Sabia que não teria condições de ir muito mais além, com as condições de tempo de pesquisa que tinha, e, de todo modo, meu tema de investigação mais amplo não era exatamente o estupro coletivo acontecido em Berlim no final da Segunda Guerra. Eu mesmo estava fazendo um desvio do meu tema principal que se completaria dias depois em Varsóvia.

    Ainda em Berlim me preparei então para visitar aquele que, em minha opinião, é um dos principais locais de contramemória no mundo: o monumento ao soldado russo no Treptower Park em Berlim.

    Minhas fantasias sobre esse monumento eram modestas em relação ao que iria encontrar. Imaginava um grande monumento de bronze com uma moldura ajardinada, posicionado num dos locais do imenso parque. Monumento que já havia visto em fotos exibidas na Internet. Mas o que encontrei foi uma inequívoca, terrível, gigantesca e autoritária homenagem, sem comedimentos, a um dos maiores grupos de estupradores do mundo, hoje mantida pelo dinheiro do povo alemão por intermédio da municipalidade de Berlim.

    A experiência que comove se perfaz em camadas. Não é uma homenagem distraída, largada em qualquer lugar no parque, são milhares de metros quadrados insistentes, perfazendo uma iconografia abusiva do soldado russo, que, no monumento central, carrega uma criança em seu braço esquerdo e uma espada abaixada em seu braço direito. O guerreiro vitorioso, generoso e estuprador que salva a Alemanha da devastação anticivilizatória nazista.

    Mais abusiva é a imagem quando lembramos que entre as pessoas violadas em Berlim estavam idosas e crianças, como as que o soldado carregava no braço parecendo salvá-la, elevando-a quase acima de si mesmo. Mas quem a salvaria do soldado que a carregava nos braços? Não sem motivo, esse monumento é, segundo Ash, denominado por alguns “monumento ao estuprador desconhecido” (Ash, 2015).

     
     
    Antes de chegar ao monumento principal, passamos pelos 16 sarcófagos, onde estão enterrados os 5.000 mil soldados russos que morreram em combate contra o Exército nazista. Antes ainda, duas estátuas de bronze enormes recebem o visitante, ambas ajoelhadas na entrada do sarcófago. São soldados russos que homenageiam seus compatriotas mortos em combate e recebem o visitante de modo humilde e deferente.
     
     
    Uma estátua de mulher indica o caminho da grandiloquente homenagem aos homens. É uma mulher de joelhos, cabisbaixa, submissa e em prantos. Ela representa a mãe de todos os soldados em luto e presta homenagem a eles: a motherland. Ela agradece aos combatentes do Exército Vermelho (seus filhos) pela façanha e chora por eles. Mas a qual façanha a estátua feminina, concebida por homens, se refere? Por que pranteia? E a que faz deferência ou se submete?
     
     

    Um pesadelo se encena nesse espaço. Ele confunde e atenta contra os trabalhos difíceis da memória. Tudo planejado e encenado desde 1947, e preservado década após década pelos componentes que forjam a política internacional entre países e entre homens. Num país que, não sem contradições, prima pela qualidade de informações e documentação sobre o Holocausto, em nenhuma parte do parque encontra-se qualquer informação sobre as milhões de mulheres e crianças alemãs violentadas brutalmente na Alemanha, cujas vidas seriam devastadas durante e após a ocupação russa (Ash, 2015).

    Em 2022, em plena Berlim, um convite explícito à submissão do pensamento, da história e dos testemunhos impossíveis das mulheres que não puderam e não quiseram falar. Um convite à desmemória.

    Os soldados mortos estavam a serviço de recobrir as mulheres mortificadas, e as mulheres violadas e caladas, a serviço de legitimar a justa homenagem aos combatentes e suas narrativas gloriosas, que abundaram e predominaram após a Segunda Guerra.

    A captura da palavra se exibiria como iconografia da morte e da mortificação, atuando também para legitimar crimes impunes e elevar os homens, machos, guerreiros, acima das atrocidades que cometem. As mulheres figuram ali como subservientes à versão dos homens e ao desejo dos homens de violentá-las. As mulheres são um imenso nada, para sempre indiferenciadas e desconhecidas.

    Há ali todo um traçado que exibe não apenas as razões da guerra que resultam na afirmação da masculinidade degradante, mas seus corolários que condenam a mulher ao silêncio e à resignação perpétua, a fim de não macular as glórias que ocorreram apesar delas, contra elas e sobre elas e que perduram em infinitas versões sobre a Segunda Guerra Mundial. Se a instrução dada por esse monumento pode ser compreendida como abusiva em si mesma, isso nos impele a pensar sobre o papel do negativo na ativação dos mecanismos de perpetuação de sociedades inteiras de abusadores.

    A exibição pública dessa contradição é denegatória, sem dúvida, mas a verdade é que poucos enxergarão ali mais do que um enorme parque de monumentos, belamente ajardinado, indicando que o pior já passou. Embora apenas os deliberadamente ignorantes não tenham informações sobre as práticas violadoras do Exército russo em países invadidos. O que ocorre hoje na Ucrânia, por exemplo, instala uma repetição atual previsível, mas impressionante:

    A promotora geral da Ucrânia Iryna Venediktova disse na terça que seu escritório tem coletado relatos de violência sexual cometida contra homens e mulheres de todas as idades, de crianças a pessoas mais velhas. (GrahamHarrison, 2022; Al Jazeera, 2022)9

    Mas lá, em Berlim, o soldado russo continua, indenemente, sendo homenageado. Os traços iconográficos e inconscientes do destino das mulheres podem ser vistos nas muitas imagens de mulheres nas lápides e na grandiloquente imagem da motherland ajoelhada, submissa e arrasada. Mothers e Land devastadas. As mulheres estão ali, mas como figuras agradecidas, amedrontadas e resignadas, e, ao final, quem narra essa história é Stalin. O que pode ser lido em todas as 16 enormes lápides adornadas com suas frases. Quem mais as mulheres elegeriam para representá-las, senão Josef Stalin?

    O (não)lugar para a memória das mulheres

    Em depoimento ao Opera Mundi Amelinha Teles (2018), mais uma vez, conta detalhes da natureza sexual das torturas durante sua prisão política pela oban. A violação sexual era uma prática autorizada, regular e política de Estado contra as mulheres presas durante o governo civil-militar iniciado em1964 no Brasil. Os fatos descritos por Amelinha não eram fatos isolados, nem desvios de comportamento desse ou daquele militar, desse ou daquele policial. Seus relatos revelam o endereçamento sexual das práticas de tortura no Brasil, elas acompanhavam e definiam a prática da tortura e a impunidade que beneficia os torturadores até hoje e indicam, com clareza, a tolerância social e política à continuidade dessas violações, crimes e abusos até hoje impunes no Brasil.

    Diferentemente do monumento grandiloquente ao soldado soviético em Berlim, a homenagem no Brasil é adornada com impunidade e o silêncio sobre esses crimes do passado, que também define e insufla a prática continuada de violência contra as mulheres brasileiras hoje.10

    E são as mulheres que precisam repetir infinitamente o que sofreram, as consequências desse sofrimento e os riscos que correm numa sociedade e num país inteiro que se negam explicitamente a ouvi-las, quando não atuam para calá-las. Não houve torturadores, nem ditadura, nem estupros cometidos por agentes do Estado no Brasil, então governado por militares. São as mulheres, exibindo seus corpos, seus espíritos machucados e seus testemunhos, que mantêm vivas as memórias das atrocidades e a tarefa da não erradicação dos atos de tortura e destruição cometidos por homens, que decidiram cometer violências contra as mulheres, porque elas são mulheres. A ditadura civil-militar no Brasil praticou a tortura feminicida e o femicídio despudoradamente.11

    Não há homens torturadores punidos no Brasil, o que enseja, oportuniza e incentiva que monstruosidades façam campanhas políticas inteiras negando o golpe militar, seus crimes, atrocidades e covardias e cheguem ao poder pelo voto defendendo práticas ilegais e discricionárias.

    Desde já, fica claro que, no Brasil, as prisões em escala que passaram a ocorrer desde o dia 8 de janeiro de 2023 exibiram o fato de que a extrema direita é outro nome no país para hordas de violadores contumazes de direitos humanos e civis, pregadores de ódio a minorias e executores deliberados de práticas de racismo, sexismo e misoginia.

    Tudo isso sempre foi sabido, mas foram as prisões e processos decorrentes da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro de 2023 que performaram também um espetáculo contra a impunidade de massa que prosperava no Brasil, à margem e contra os princípios da Constituição Federal de 1988.

    Vivemos quatro anos (2019-2022) numa atmosfera em que tudo era permitido, e as vozes contrárias pareciam roucas, inaudíveis e apagadas pela capacidade governamental de calá-las ou ser indiferente a elas. Os microfones da infâmia e da estupidez soaram muito alto, bem mais alto do que se supunha. O ataque ao pensamento, ao argumento e ao exercício do falar e ouvir criou imensa adesão, converteu-se em discurso transmissível e instruiu ações e afetos em toda parte, no seio de hordas que, hoje sabemos, chegam a milhões de pessoas.

    Esses assumidos violadores da Constituição de 1988 se reconheceram e se organizaram em torno da pregação de campanha do ex-presidente derrotado nas urnas em 2022, e hoje acusado de crimes de roubo, furto, apropriação indevida do patrimônio nacional. Foi ele que incitou e convenceu milhões a levarem vantagem em tudo, e sobretudo porque seriam acobertados. A mensagem eficaz, mas fragmentada, sempre foi “comprem suas armas e saqueiem quem e o que puderem”, e esse parecia ser o mote da campanha, enquanto o ex-presidente e sua família faziam sua própria pilhagem contra o Estado. Falsas promessas encantaram serpentes, hoje criadas e soltas pelo país.

    Mas o que tornava tudo implicitamente horrorizante é que isso se estendia à incitação a patrimonializar também o corpo dos vulneráveis, dos divergentes e dos não brancos e não homens. Por isso seu linguajar converte corpos em objetos purgados de sujeites, animaliza e prega contra elus a violência e a degradação:

    “Tu pesa o quê? Mais de sete arrobas, não é?” (Brasil 247, 2022), disse o ex-presidente investigado para um homem negro. Ou sobre a morte de Dom Phillips e Bruno Araújo: “Pelo que tudo indica, se mataram os dois, espero que não, estão dentro d’água. Dentro d’água, pouca coisa vai sobrar. Peixe come. Não sei se tem piranha lá no Javari” (Brasil, 2022). Sobre o estupro, dirigindo-se à então deputada federal Maria do Rosário: “Jamais vou estuprar você, porque você não merece” (IstoÉ, 2014). E ainda sobre a busca dos mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura, efeito do golpe de 1964: “Quem vai atrás de osso é cachorro” (Locomotiva, 2020).

    O escárnio sempre foi sua estratégia discursiva para arrebanhar adeptos, convocando a massificação de desejos de morte, degradação e destruição de milhões de pessoas que deveriam ser segregadas, violentadas e mortas porque são desagradáveis a alguém, ocasionalmente no poder. Vivemos a ressurgência da tirania no Brasil.12 Brasileiras e brasileiros, até então acanhados, converteram-se em francos e aguerridos apoiadores do governo passado, e constituem hoje a massa capaz de agir, votar e defender práticas ilegais, criminosas e violentas para a satisfação de desejos e fantasias de devastação, até então, inconfessáveis.

    Na linguagem própria a esse grupo, basta uma frase para converter negros em animais; ativistas em comida para peixe, mulheres em candidatas e merecedoras de violência e escárnio e desaparecidos políticos em comida para cães. Essa metamorfose da estupidez alastrou-se no Brasil com impressionante consistência e rapidez, e poucos têm dúvidas de que devastariam o país, caso o resultado das últimas eleições presidenciais em 2022 fosse diferente do que foi.

    Nesse último período, o escárnio como arma política tornara-se ferramenta de desmantelamento discursivo de pontos de partida comuns, infensos ao propósito da violência. O desprezo explícito contra grupos e pessoas calou ou obscureceu discursos sobre a defesa da diversidade, dos direitos e as lutas pela igualdade, que foram diariamente ridicularizados em aparições públicas do ex-presidente.

    É o mesmo escárnio patente nos rostos dos soldados estupradores do Exército Vermelho em Berlim em 1945, estampado na imagem na qual os risos dos soldados indicam que seria impossível convencê-los a não violentar aquela mulher sozinha, totalmente exposta, vulnerabilizada e assediada publicamente. Militares e covardes armados, numa cidade ocupada por pessoas vulneráveis e derrotadas, verão nisso sempre uma oportunidade. Escarnecer é dissuadir radicalmente do apelo à palavra, ao argumento e à razão, pleiteando autorização para abusos vindouros. Esses eram os desejos escamoteados que um novo golpe no Brasil realizaria. Soldados e milícias soltas por toda parte, sem qualquer regulação, controle ou vergonha.

    O merecimento então revela os detalhes sórdidos de psiquismos adoecidos. Os soldados merecem estuprar, porque, afinal, são vencedores. As mulheres merecem (ou não) serem estupradas, porque, afinal, tornar-se um mero objeto masculino deveria ser sempre uma ambição, um privilégio e um… merecimento.

    Aqui se conflagra então o apanágio da covardia e a suposição do desejo de degradação. Ou seja, supor e impor o desejo da mulher de ser degradada atenua, disfarça e vela a pusilanimidade dos covardes, ao mesmo tempo em que mantém intacta a injunção de que o desejo da mulher deve sempre estar a reboque do desejo do macho.

    Essa é a autoficção dos autosupostos “vencedores” que se alimentam do próprio fígado para, ao final, se afirmarem homens acima dos humanos. São perigosos no convívio com diferentes e põem, de muitas maneiras, pessoas em risco. Evitar a chegada desses não humanos ao poder é hoje a maior prioridade e urgência nas lutas políticas planetárias.

    Nesse massacre ao corpo, ao rosto e à alma da mulher, a convicção de meios e modos de viver matando se consagram, mas também a própria noção que engendra a vicissitude traumática é posta em relevo. Territórios do traumático são aqueles nos quais algum sujeite resiste, ante o desejo de aniquilá-le. Elu subiste como trauma, fragmento e/ou pesadelo, mas refuta, ainda que penosamente, a convicção daquelas que desejam impossibilitar os acontecimentos que suas vidas representam.

    Então, podemos indicar aqui, explicitamente e sem mesuras, que a questão sobre a assunção da produção de contextos de experiências traumáticos é uma estratégia de poder de governos, partidos e grupos e reside na valorização abusiva da centralidade do falo, como princípio e fim.

    Para a psicanálise examinar criticamente o diagrama potente do complexo de Édipo e suas vicissitudes, sob essa perspectiva, torna-se uma tarefa das mais urgentes, assim como recusar-se a fazê-lo, ser indiferente em nome de uma outra operação de salvamento da psicanálise, poderá avizinhar psicanalistas e suas instituições a cúmplices e sUSPeitas do que hoje se nomeia como eliminação de corpos e epistemes (Malfrán, Geni & Lago, 2021).13

    Máscaras identitárias de poder e violência como sérios problemas para a teoria e a clínica psicanalítica

    A constituição do sujeite psicanalítico ou em psicanálise é um assunto caro e importante. Nesse debate abre-se uma fenda, inaugurada por Freud, sobre a indeterminação do sujeite no próprio processo de fazer-se sujeite. O caso do pequeno Hans revela muitas das oscilações na investigação, apurada e atenta, que Freud faz da sexualidade de uma criança de 5 anos e seu pavor de cavalos.

    As oscilações de Hans quanto a sentir-se menina, menino, os dois ou nenhum aparecem como traços de uma luta que se trava no campo da sexualidade e no corpo sexual da criança, e é uma batalha de gênero. Mas não se esgota aí, como logo notaremos na descrição do caso feita pelo pai de Hans e pelo próprio Freud. Observa então Freud sobre Hans: “A mamãe, ele acredita, tem um faz pipi ‘como de um cavalo’” (1909/2015, p. 241). A (im) potência da mãe será explicada pelo faz pipi que ela não tem, porque o que ela tem foi secularmente negado, degradado, desvalorizado e transformado em mero receptáculo daqueles que têm um o faz pipi. Por que a vagina não pode ser fálica?

    Hans estava assolado por um ambiente heteronormativo parental, no qual se inclui o próprio Freud, evidentemente. A poligamia, homossexualidade, bigamia de Hans manifestam-se de diferentes modos, ressaltados pelos dois homens que o acompanham, porém, não se concebe nesse estudo a possibilidade de uma sexualidade trans na exploração empreendida pelo pequeno Hans. Mais de 100 anos passados, contudo, o que era muito difícil para Freud não o é para nós.

    Vivemos o privilégio de pensar hoje o impensável no passado, restituindo o que fundou a própria psicanálise como prática e pensamento à margem de si mesma, de sua institucionalidade e de seus eventuais pontos de certeza. Duvidar do que se diz sobre si é o que Freud legou para o trabalho clínico e para a metapsicologia, mesmo quando falhou e fracassou. Trabalhar por uma psicanálise atenta, engajada e criativa não é mais tarefa de Freud, mas é nossa.

    Em Hans, tudo pode acontecer no complexo de tensões em que se define o alvo da pulsão, mas a indecidibilidade, a ambiguidade, o in between determinariam o sofrimento neurótico e dificuldades psíquicas para o pequeno.

    Isso é verdade quando ouvimos o caso e a análise de Freud. Parece não haver lugar para indefinições, ainda que qualquer definição possa ser, potencialmente, possível. Se um espaço para a apresentação dessas tensões é explicitamente aberto por Freud, também é verdade que a contraforça exercida pelos adultos que estão em torno de Hans e que sobre ele têm inegável poder assimétrico jamais é pensada como inscrição psíquica e sobredeterminação, naquilo que produzirá em Hans a fobia de cavalos.

    A fobia da castração, a fobia do pai, a fobia de ter de ser algo que não deseja e ainda ignora, a fobia do imenso faz-pipi do cavalo. O medo de Hans não é apenas da perda do órgão (o faz pipi), que já sente como emblema de poder, força e obrigação desde sempre, mas de ser punido por não representar o que lhe impõe uma dívida impagável pela mimetização do narcisismo parental (ser um menino), por mais que esforços não faltem na criança em busca dessa mesmidade psíquica, que insiste como promessa e que jamais é inteiramente abandonada pelos pais nem por Hans. Por vezes, lendo o caso, temos a impressão de vermos uma ilha polimorfa cercada de heteronormatividade por todos os lados (Freud e seu discípulo, o pai de Hans).

    Não é simples introduzir a complexa dinâmica de poderes que se exercem nas interacões entre adultos e crianças, e talvez Ferenczi (1992) tenha sido o primeiro a mencionar isso explicitamente. Sobredeterminações narcísicas parentais têm papel de gênese e condenação psíquica e, portanto, reconhecê-las interpretativamente é abrir uma fenda de pensamento outro na função de decalque dessas mesmas sobrederminações.

    Sabemos que essa outridade do pensamento que também pervade o psiquismo é condição para que uma análise aconteça e seja possível, porém, ela deve cuidar de sua própria instalação de outras heteronomias às quais o psiquismo adere na situação transferencial. Essa adesão não raro é devida a vícios da forma, que poderíamos supor vícios do corpo, vícios de representação do corpo herdados e cujos obstáculos impõem saberes e deveres que induzem à experiência psíquica cativa. “Somos todos prisioneiros de representações e sensações ‘masculinas’ da guerra... Das palavras ‘masculinas’” (Aleksievitch, 2016, p. 12).

    A imagem inconsciente do corpo (Dolto, 1992) sobredetermina a experiência sexual como experiência de gênero. Mas as imposições colonizadoras ao corpo e ao psiquismo são inúmeras, e o processo de apropriação da condição de ser corpo é custoso, como sabemos. Um citação de Dolto pode nos ajudar a prosseguir:

    A imagem dinâmica (do corpo) corresponde ao “desejo de ser” e de perseverar em um advir. Este desejo, enquanto fundamentalmente abalado pela falta, está sempre aberto pelo desconhecido. A imagem dinâmica não tem, portanto, representação que lhe seja própria, ela é a tensão da intenção: sua representação seria a palavra “desejo”, conjugada com um verbo ativo, participante e presente no sujeito, na medida em que encarna o verbo ir, no sentido de indo-desejando ... A imagem dinâmica expressa em cada um de nós o Sendo, chamando o Advir: o sujeito no direito de desejar, eu gostaria de dizer “em desejância”. (Dolto, 1992, pp. 44-45)

    Muitas são as consequências possíveis dessa afirmação. Aqui interessa indicar que a imagem/representação inconsciente do corpo próprio tem efeito de movimento (dinâmica) e se perturba diante da estagnação. Sofre imobilizado e sem o dinamismo próprio do que constitui o desejo enquanto devir. Não precisamos indicar o quanto o corpo psíquico das mulheres, e da comunidade lgbtqiap+, sofre com a imobilidade que lhe é imposta e exigida. Trans pode ser lido também como moving on e, certamente, em desejância. Mas o sempre aberto e o desconhecido são possibilidades ensejadas por corpos não masculinos, que sempre esbarram na impossibilidade tóxica dos homens imbecilizados por seus próprios paradigmas.

    Nos estertores de tudo que é feito para manter determinados corpos e psiquismos cativos, há sempre a evidência do exercício de uma economia de gozo que se estende, até capitalizar o que seria sofrimento alheio, convertendo-o em formas de gozo próprio, definindo por essa via os caminhos do desejo sexual socialmente aceito, capturado e padronizado. No imenso “fora disso tudo” são lutas, resistências, novos modos de pensar, dizer, fazer e performar e a instauração do novo, que sempre supõe o declínio de formas de agir e pensar que hoje, certamente, em muitos lugares e situações, agonizam à beira de sua própria crueldade autoafirmativa, positivada, binária e heteronormativa. Estamos em revisão desses traços no próprio pensamento e na clínica psicanalítica, que depende muito e sempre do diálogo com esse “fora” vaginal.

    Contra essa agonia, perpetradores instauram e preparam mais guerras, nas quais os homens ainda podem ser destituídos de humanidade, para continuarem a ser apenas inumanos. Por essa via, intentam pôr tudo abaixo, e de algum modo, e por causa disso, tudo está, sempre, apenas começando.

    3 Trata-se da pesquisa sobre memória, memoriais e o futuro das democracias, apoiada desde 2016 pela fapesp e o cnpq, com diferentes formas de auxílio, e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia da Polônia. Essa pesquisa incluiu nove países (Brasil, Alemanha, Colômbia, Argentina, Chile, Polônia, África do Sul, Angola, Japão) e doze cidades nos respectivos países.

    4 De forma quase esquemática, o artigo de E. J. Wood (2018) procura organizar as distintas formas de permissão ao estupro em situações de conflito e grupos armados ligados oficialmente, ou não, às forças de segurança dos estados. Wood considera que a permissão ao estupro se insere em contextos de autorização, semiautorização ou desautorização distintos e indica que o modo de organização desses grupos ou as autorizações implícitas possibilitam que não estupradores se tornem estupradores ocasionais ou encontrem em si, com prazer, o estuprador oculto. Cito: “Por exemplo, de acordo com um estudo de combatentes desmobilizados no leste da República Democrática do Congo (rdc), 44 por cento concordaram ‘um pouco’ ou fortemente que pode ser satisfatório prejudicar os outros, 40 por cento acharam difícil parar quando começaram a bater em alguém e 8 por cento, que atacar os outros era sexualmente excitante. Portanto, a participação pode acabar endogenamente a mudar as preferências de modo que os combatentes passem a preferir a violência que antes abominavam”. (Wood, 2018, p. 7). O livro de Iris Chang (2011), contudo, parece evidenciar o sem limite dos homens em se desumanizarem. Lê-lo, tentar enxergar as fotos nele reproduzidas, tentar reproduzir trechos e exemplos instala a certeza do irreparável e o retrato excelso e fiel dos extremos a que pode chegar a cultura heteronormativa exercida, de modo absoluto e ilimitado, durante as guerras e, em particular, ao longo da ocupação japonesa em Nanking a partir de 1937. Impossível saber o preço pago por Chang ao legar esse livro, que será único por muito tempo. Por vezes, desisti de citar trechos aqui, por exaustão do que acabara de ler e sem a menor sustentação psíquica para prosseguir com aquilo demoradamente. Mais do que vontade de esquecer, desejo de que aquilo jamais tivesse sido vivido por alguém, como se lendo eu tentasse acordar de um pesadelo.

    5 Vladimir Gelfand era soldado do Exército Vermelho durante a ocupação russa da Alemanha. Escreveu um diário, apesar da proibição de soldados escreverem diários à época. Suas anotações foram publicadas em russo e em seguida muito criticadas por macular a honra do glorioso Exército Vermelho. O diário em russo e excertos em inglês podem ser encontrados em Gelfand, 2023.

    6 Sei dos riscos em contribuir para perpetuar uma visão parcial sobre os estupros cometidos na Segunda Guerra, e nas guerras em geral, como se fossem exclusividade do Exército russo. Obviamente não é essa a intenção aqui. Mas em nome da imparcialidade, e suposta proteção a um grupo específico de homens, não é possível abandonar o exame em profundidade de certos aspectos inerentes aos abusos de memória flagrantes, cometidos em nome da honra masculina, independentemente de quem os comete e autoriza. Aqui se trata mais de destacar um exemplo entre muitos, objeto de minhas pesquisas específicas, do que afirmar uma tipificação qualquer, aliás, próprias às narrativas de guerra assentadas no binarismo amigo-inimigo/bom-mau/bandidos-mocinhos. Creio que, sem exceção, todas as autoras/ es da bibliografia consultada no processo de escrita do presente artigo não resguardam nenhuma ingenuidade a esse respeito.

    7 Esse número é incerto. Pesquisas distintas falam em números diferentes. Gerbhardt (2017), por exemplo, considera ao menos 860.000 vítimas (mulheres, jovens garotas, mas também homens e garotos) das forças aliadas e membros das forças de ocupação. Ela inclui russos, americanos, franceses, belgas, britânicos, checos e sérvios como perpetradores. Há muitos interessa, contudo, destacar os soldados russos como estupradores da guerra, com a finalidade de ocultar todos os outros. Soldados russos estupram, americanos distribuem doces foi a propaganda que prosperou.

    8 Martin me foi indicado pelo amigo Márcio Seligmann-Silva, a quem, mais uma vez, agradeço. Martin Dammann é artista e pesquisador alemão. Ele tem profundo trabalho de pesquisa com imagens de soldados da Wehrmacht e sobre o monumento ao soldado soviético no Treptower Park em Berlim (Dammann, 2010).

    9 Ukraine’s prosecutor general Iryna Venediktova said on Tuesday that her office had collected reports of sexual violence by Russian troops against men and women of all ages, from children to elderly people (Tradução livre do autor).

    10 Em 2022 o Brasil bate o recorde da série histórica perfazendo o índice de uma mulher morta apenas por ser mulher a cada seis horas no país. Sobre os últimos índices de feminicídio no Brasil, ver Velasco, Grandin, Pinhoni & Faria, 2023. Atualmente o Brasil ocupa o quinto lugar entre os países que mais cometem femicídio no mundo.

    11 Sobre a diferenciação conceitual entre femicídio e feminicídio, recomendo Pasinato & Ávila, 2023.

    12 Sobre isso, remeto o leitor ao meu artigo “A ressurgência da tirania como elemento originário da política” (Endo, 2011), no qual desenvolvo longamente esse fato político com base na releitura de Totem e tabu, de Sigmund Freud, e Homo sacer: o poder soberano e avida nua I, de Giorgio Agamben.

    13 Esse é um assunto longo para outra ocasião.

    Referências

    Aleksievitch, S. (2016). A guerra não tem rosto de mulher. Companhia das Letras. [ Links ]

    Al Jazeera (2022). UN finds Russian ‘pattern of rape’ and other abuses in Ukraine. Aljazeera [site]. 19 out. <https://www.aljazeera.com> [ Links ]

    Ash, L. (2015). The rape of Berlin. BBC News. 1 mai. 2015. <https://www.bbc.com> [ Links ]

    Brasil, F. M. (2022). Sob Bolsonaro, “bandido bom é bandido morto” ganha nova versão. Notícias Uol [site], 15 jun. <https://noticias.uol.com> [ Links ]

    Brasil 247 (2022). Relembre outras vezes que Bolsonaro fez falas racistas. Brasil 247 [site], 12 mai. <https://www.brasil247.com> [ Links ]

    Butler, J. (2023). Corpos que importam: os limites discursivos do sexo (V. Daminelli & D. Françoli, Trads.). n-1/Crocodilo. [ Links ]

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    Dolto, F. (1992). A imagem inconsciente do corpo. Perspectiva. [ Links ]

    Endo, P. C. (2011). A ressurgência da tirania como elemento originário da política: diálogos entre Sigmund Freud e Giorgio Agamben. In G. M. Ramos & N. V. A. Leite (Orgs.), Entreato: o poético e o analítico (Vol. 1, pp. 491-501). Mercado de Letras. [ Links ]

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    Freud, S. (2015). Análise da fobia de um garoto de 5 anos [o pequeno Hans]. In S. Freud, Obras completas (P. C. de Souza, Trad., Vol. 8). Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1909) [ Links ]

    Freud, S. (2023). O pequeno Hans: análise da fobia de um menino de 5 anos. (R. Zwick, Trad.; P. Endo & E. Sousa, Ensaio bibliog.). L&PM. (Trabalho original publicado em 1909) [ Links ]

    Gerbhardt, M. (2017). The rape of German women at the end of the Second World War (N. Somers, Trad.). Polity Press. [ Links ]

    Gelfand, V. (2023). Vladimir Gelfand. Diary, letters 1946-1983 [site]. <http://gelfand.de/en/> [ Links ]

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    Locomotiva da História (2020). Bolsonaro e sua fala asquerosa: “Quem procura osso é cachorro”. Locomotiva da História [canal do YouTube], 26 nov. <https://www.youtube.com> [ Links ]

    Malfrán, Y. I. M; Geni, N. & Lago, M. C. S. (2021). Epistemicídio e necropolíticas trans: considerações decoloniais sobre cenas cinematográficas latino-americanas. Epistemologias do Sul, 5(2), 92-113. [ Links ]

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    Velasco, C.; Grandin, F.; Pinhoni, M. & Faria,V. (2023). Brasil bate recorde de feminicídios em 2022, com uma mulher morta a cada 6 horas. G1 [site], 8 mar. <https://g1.globo.com> [ Links ]

    Wood, E. J. (2018). Rape as a practice of war: toward a typology of political violence. Politics and Society, 00(0), 1-25. [ Links ]

    Recebido: 04 de Setembro de 2023; Aceito: 05 de Setembro de 2023

    1 Pretendo acentuar a justaposição entre corpos e corpses (em inglês), como um sendo decorrência do outro. Ser apenas corpo é ser potencialmente cadáver, jogar com essas duas palavras com o uso de parênteses possibilita destacar essa simultaneidade
     
     
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    Publicação deInstituto de Psicanalise da Sociedade Brasileira de Psicanalise de Sao Paulo
    versão impressa ISSN 0103-5835

    Missão

    O Jornal de Psicanálise tem como objetivo publicar trabalhos que possam contribuir para a formação do psicanalista. Concebe a formação de forma ampla, tratando não apenas do conhecimento específico da psicanálise, mas das diferentes produções culturais que contribuem para sustentar a reflexão sobre o homem no mundo contemporâneo. Assim, sua linha editorial procura atender às diferentes concepções teóricas e técnicas da psicanálise contemporânea, bem como colocar em relevo a articulação da psicanálise com outros campos das ciências humanas.

      

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    Jornal de Psicanálise

    versão impressa ISSN 0103-5835

    J. psicanal. vol.56 no.105 São Paulo jul./dez. 2023  Epub 26-Ago-2024

     

    Paulo Cesar Endo2 

    2Psychoanalytikerin, Forscherin und Professorin am Institut für Psychologie. Koordinatorin der Forschungsgruppe Menschenrechte, Demokratie und Erinnerung am Institut für Höhere Studien der Universität São Paulo (IEA-USP). São Paulo

     
     
     
    Geehrte Männer bemächtigen sich der Körper vergewaltigter Frauen, und der Krieg hat kein Frauengesicht, sondern nur Körper
     
     

    Zusammenfassung

    Dieser Artikel untersucht die Widersprüche in der Erinnerungspolitik, um sich dem anzunähern, was auch im Bereich des Wissens und der Theorien geschieht. Die Überlegungen werden von meinem Besuch und meiner Feldforschung geleitet, die ich im Treptower Park in Berlin durchgeführt habe, genauer gesagt am Denkmal für den russischen Soldaten im Treptower Park. Ich versuche, bestimmte Annahmen oder Vorannahmen der psychoanalytischen Theorie zu diskutieren, um den Zweifel und die Arbeit, in die wir heute, im Gegensatz zu Freuds Zeiten, eingetaucht sind, zu evozieren. Meine Sorge gilt der Einschreibung und Bestimmung säkularer politischer Hegemonien, die Ideale, Selbstdarstellungen und das psychische Gedächtnis der einen auf Kosten der anderen zulassen und/oder deautorisieren, deren Einfluss auf unbewusste Bewegungen unbestreitbar ist und die daher oft instrumentell von der öffentlichen und Massenpolitik gesteuert werden.

     
     
    Ah, noch ein Buch über den Krieg... Was soll das bringen? Es hat Tausende von Kriegen gegeben - kleine und große, berühmte und unbekannte. Und was über sie geschrieben wurde, ist noch viel zahlreicher. Aber... es wurde von Männern und über Männer geschrieben, so viel war damals klar. Alles, was wir über den Krieg wissen, stammt von einer „männlichen Stimme“. Wir sind alle Gefangene der „männlichen“ Darstellungen und Empfindungen des Krieges... Von „männlichen“ Worten. (Aleksievitch, 2016, S. 12)
     
     

    Kurzbericht über eine Feldforschungsreise (Berlin, Mai 2022)

    Im Mai 2015 war ich in Berlin, um einen Teil meiner langjährigen Forschung über Gedenkstätten durchzuführen.3 Bei diesem Besuch in der Topographie des Terreurs sah ich die ständige Ausstellung von Fotos, die im gesamten Ausstellungsraum zu sehen waren. In der außerordentlichen Fülle der Ausstellung an diesem einzigartigen Erinnerungsort in Deutschland beeindruckte mich das letzte ausgestellte Foto.

     
     

    Darauf belästigen zwei russische Rotarmisten eine deutsche Frau nach der russischen Besetzung am Ende des Zweiten Weltkriegs, als Nazideutschland von den alliierten Truppen praktisch schon besiegt worden war.

    Das Foto war erschreckend. Zwei bewaffnete Männer in Uniform belästigten eine einsame, verängstigte und beschämte Frau. Einer von ihnen zerrte an ihrer Kleidung, als könne er sie ihr mitten auf der Straße vom Leib reißen; der andere, ein Komplize, bezeugte mit einem höhnischen Lächeln im Gesicht, dass das, was für die Frau schrecklich war, für die beiden nur ein weiterer Moment des lasziven Vergnügens war. Sie befanden sich mitten in der Stadt, in aller Öffentlichkeit. Rundherum Leere und Einsamkeit angesichts der Schikanen der neu installierten höchsten Autorität Berlins: der siegreichen sowjetischen Roten Armee.

    Während die beiden Soldaten die Frau schamlos angriffen, machten sie sich gleichzeitig über die absolute Verletzlichkeit und die Angst des wahrscheinlichen Opfers vor dem lustig, was Augenblicke später passieren könnte oder schon passiert wäre: die Vergewaltigung einer weiteren deutschen Frau.


    Mit einem spöttischen Lächeln im Gesicht und der Gewissheit, in dem neu besetzten Land alles ohne Einschränkungen, ohne Gesetz, ohne Scham, Schuld oder Kastration tun zu dürfen, schienen diese Soldaten als ihren Preis die Fortsetzung der von den Nazis bereits begangenen Gräueltaten zu wählen, die sie in dem blutigen Krieg, der kurz vor dem Ende stand, gesehen und erlebt hatten. So beschlossen sie, den Sieg nicht als Männer, sondern als Tiere zu feiern. Der gewählte Schauplatz: die Körper der Frauen, die dann in den kommenden Wochen und Monaten von den Tieren überfallen werden sollten.

    Die Frau auf dem Foto, deren Gesicht vor Schmerz, Angst und Scham verborgen ist und deren Namen wir nicht erfahren werden, schrumpft und krümmt sich, als wolle sie in ihren eigenen zerknitterten Kleidern verschwinden und sich so vielleicht vom Unvermeidlichen befreien. Dieses Foto hat einen bleibenden Eindruck bei mir hinterlassen.

    In den folgenden Jahren blieb dieses Bild in meinem Gedächtnis und in meinen Gedanken haften, und ich glaube, dass es einer meiner größten Wünsche war, ihr wieder zu begegnen, wenn ich in Zukunft nach Berlin zurückkehrte.

    Für mich war es ein auf den Boden gefallener Hinweis, den ich aufhob und behielt. Alles, was sie zeigte und verbarg, deutete auf das Ausmaß einer größeren zeitlichen Verwüstung hin, von deren Existenz ich noch nichts wusste, die aber irgendwo in der Stadt Berlin selbst als Mahnmal der Gegenerinnerung bereits vollständig - und für lange Zeit - vertreten war, wie ich Jahre später feststellen sollte.

    Diejenigen, die sich entschlossen, siegreich und animalisch zu sein, wurden mit der Straffreiheit für fortwährende Gräueltaten belohnt, eine Ehre, die sie schnell genossen. Die Vergewaltigungen in Berlin begannen Stunden nach dem Einmarsch der russischen Armee in die Stadt. Die großen Sieger zögerten nicht, zu Nazis zu werden, als sie die Gelegenheit dazu hatten.

    Robert Fisk sagte einmal: „Ob es einem gefällt oder nicht, so enden die meisten Kriege. Es ist, als ob die Sünden weggewischt würden.
     (2007, S. 635).

    Was auch immer an Resignation in Fisks Satz steckt, ist natürlich eine Reaktion auf seine eigenen Erfahrungen als einer der größten Kriegsberichterstatter, die die Menschheit kennt, aber er impliziert ein fast religiöses Gefühl der Erwartung, dass etwas Größeres als Kriege sich aufdrängen würde, um die in ihrem Namen begangenen Sünden zu sammeln. Er wusste, dass nichts die Auslöschung der vergessenen Opfer verhindern konnte, damit die Sünden ausgelöscht werden konnten.

    Dieses einzigartige und entscheidende Foto zeigt mit erschreckender Präzision die eindeutigen, blutigen, frauenfeindlichen, verbrecherischen und grausamen Übergriffe, denen deutsche Frauen von den damaligen Siegern des Krieges ausgesetzt waren, die die Menschheit gerade von den Gräueltaten der Nazis „befreit“ hatten, um ihre eigenen zu begehen. Der ergreifende Charakter dieses Ortes, der mich vielleicht schon bei meinem ersten Besuch beeindruckt hat, wird in einem 2014 von Topographie des Terreurs veröffentlichten Buch hervorgehoben
     (Steur, 2014), in dem das Foto auf einer ganzen Seite als eines der wichtigsten Bilder des Buches abgebildet ist.

    Dies ist kein einmaliges oder isoliertes Beispiel.4 Die von anderen Armeen besetzten Länder hatten im Zweiten Weltkrieg und möglicherweise in allen Kriegen mit ähnlichen Problemen zu kämpfen. Die Erlaubnis und die Straffreiheit des Missbrauchs machen die Gräueltaten nicht weniger grausam. Der „Tapferkeit“ der Sieger ist oft ein Preis sicher: die Körper und Seelen von Millionen von Frauen in verschiedenen Ländern der Welt. Was die Sache jedoch noch widerlicher macht, sind die Rechtfertigungen. Es ist nicht ungewöhnlich, dass diejenigen, die solche Taten begehen, ihre eigenen verunglimpfenden Rechtfertigungen haben. Rechtfertigungen wie „Wir rächen uns nur für das, was die Deutschen in Russland getan haben“, oder „Es war eine Folge der Einsamkeit, der Angst und der Entbehrungen, denen die Soldaten im Kampf ausgesetzt waren“, oder „Es war alles Teil einer notwendigen Kriegsstrategie“, sind in den Reden der Behörden und der Täter selbst mit wenigen Unterschieden zu finden.

    Das Recht des Mannes auf Rache, der männliche Beischlaf und die unerbittliche Fatalität des Krieges sind Teil desselben Komplexes, der die Gewalt zulässt (oder auch nicht zulässt), die Straffreiheit aufrechterhält und die Täter ausnahmslos deckt, die einer gefestigten Hegemonie folgen, in diesem Fall von Männern, die einander und folglich auch dem Körper und dem Geist der Frauen gegenüber gleichgültig sind. Nichts kann über der männlichen Ehre, dem Schmerz und dem Denken stehen. Die Männlichkeit muss innerhalb desselben Systems von Asymmetrien unversehrt bleiben. Außerhalb dieses Systems werden Ausgrenzung, Gewalt und Grausamkeit zugelassen, gefördert und aufrechterhalten, egal gegen wen, egal wo Asymmetrie ist ein Symptom für Gewinner (oder Verlierer), das kollektive, gemeinschaftliche und institutionelle Formen annimmt und dazu neigt, sich als primäre Strategie zur Errichtung von Hegemonien zu verewigen.

    Der Binarismus war also schon immer ein Unarismus. Es gibt zwei, um den einen zu legitimieren, der sich auf die Negation eines der Pole stützt, die durch dichotomes Denken und Diskurse unterstützt werden. Nur so ist es möglich zu verstehen, dass die Aufhebung der Frau, die in einen verletzbaren Körper umgewandelt wird, nur ein männlicher Aphorismus ist, um zu hassen, auszugrenzen, zu benutzen, zu feiern und zu zerstören.

    Hier zitiere ich Butler:

    Das Weibliche, um eine Katachrese zu verwenden, wird domestiziert und innerhalb eines Phallozentrismus, der sich selbst konstituieren soll, unverständlich gemacht. Abgelehnt, bleibt sie als Raum für die Einschreibung dieses Phallozentrismus bestehen, die spiegelnde Oberfläche, die die Zeichen eines männlichen Zeichenakts aufnimmt, nur um eine (falsche) Reflexion zu liefern und die phallozentrische Selbstgenügsamkeit zu garantieren, ohne selbst etwas beizutragen. (2023, S. 77)

    Obwohl Butler hier über den epistemischen Bereich nachdenkt, von dem sich andere Bereiche ableiten, trägt sie gleichzeitig dazu bei, darauf hinzuweisen, dass Phallozentrismus, unärer Binarismus oder männliche Zentralität durch Domestizierung und angeborene Hegemonie mit dem interagieren, was außerhalb davon liegt. Mit anderen Worten, das Weibliche kann - und muss manchmal - als ein Ort der Einschreibung von etwas existieren, das es als Teil des Kontextes der Affirmation der phallozentrischen Zentralität unterjocht und definiert.

    Aber darüber hinaus muss sich der weibliche Körper und die weibliche Psyche als Gefäß für die Bestätigung einer Ordnung entblößen oder anbieten, deren negative Spiegelung des Weiblichen nur defekt, zerbrechlich, minderwertig und oberflächlich sein kann.

    Die narzisstische Festung, in der sich männliche Identitäten über andere erheben, hat den Effekt, dass sie Gewalt verewigt, die als permanent, banal oder unvermeidlich angenommen wird. Der Ort, an dem sich Männer über andere erheben, ist derselbe Ort, an dem alle anderen pauschal und ohne Ausnahme untergeordnet werden. Es gibt keinen Mittelweg für die missbräuchliche Binarisierung, die alles kontaminiert, lange bevor sich irgendeine Anprangerung, Forderung oder empörte Opposition erhebt.

    So wie Kriege als unvermeidlich angesehen werden, so sind es auch ihre Folgen, Erlaubnisse und Möglichkeiten im Rahmen eines männlichen Spektakels der Vernichtung, Zerstörung und der Bestätigung von wer weiß was, in einem endlosen Spiel von Dummheit und Blut. Den Vernichteten wurde schon immer ihre Einzigartigkeit entrissen, bevor sie durch grausame und „gerechte“ Gewalt - die kein Ende hat - verschwanden.

    Ich zitiere einen Auszug aus Lucy Aschs Bericht über die Ereignisse in Berlin nach der russischen Besatzung, in dem sie das Tagebuch von Wladimir Gelfand zitiert:5

    Eine der aufschlussreichsten Passagen in Gelfands Tagebuch ist auf den 25. April datiert, als er in Berlin ankam. Gelfand radelte am Spreeufer entlang, das erste Mal, dass er mit dem Fahrrad unterwegs war, als er auf eine Gruppe deutscher Frauen traf, die Koffer und Kisten trugen. In schlechtem Deutsch fragte er sie, wo sie hinwollten und warum sie ihre Heimat verlassen hätten. „Mit entsetzten Gesichtern erzählten sie mir, was in der ersten Nacht nach der Ankunft der Roten Armee geschehen war“, schreibt er.

    „Sie stocherten hier herum“, erklärte das hübsche deutsche Mädchen und hob ihren Rock, “die ganze Nacht lang. Sie waren alt, einige hatten Pickel, und alle kletterten auf mich und stießen zu - nicht weniger als 20 Männer“, brach sie in Tränen aus.

    „Sie haben meine Tochter vor meinen Augen vergewaltigt“, fügte ihre arme Mutter hinzu, “und sie können immer noch zurückkommen und sie erneut vergewaltigen.“ Der Gedanke daran entsetzte sie alle.

    „Bleib hier“, warf sich das Mädchen plötzlich auf mich, “schlaf mit mir!

    Du kannst mit mir machen, was du willst, aber nur du!“ (Ash, 2015)

    Hätte eine junge Frau, die bereits von 20 Soldaten vergewaltigt worden war, und zwar in einem Kontext, in dem der Missbrauch völlig erlaubt war, die Kraft, sich zu empören und zu sagen, wie banal diese Absurdität ist? Könnten sie und ihre Mutter weiterhin in einem Land leben, das von Vergewaltigern besetzt ist? Und könnten sie es verlassen? Und wohin in einem besetzten Land? Und wie können sie sich vorstellen, als Frauen weiterzuleben mit der Gewissheit, dass sie von Panzerleichen und Männern überrollt werden?6 Die Vorstellungskraft scheint angesichts der Extreme grausamen Verhaltens zusammenzubrechen, was wiederum Kontexte schafft, die die Grenzenlosigkeit von Männlichkeiten in Trümmern bestätigen, die sich, um sich vom Boden zu erheben, auf diejenigen stützen, die sie verletzen.

    Im Jahr 2022 kehrte ich dank der Unterstützung der FAPESP nach Berlin zurück, um meine Forschungen über Erinnerung, Gedenkstätten und Traumarchive fortzusetzen. Eine meiner Absichten war es jedoch, den Spuren dieses Fotos zu folgen und in der wenigen Zeit, die mir zur Verfügung stand, tiefer in den Berliner Kontext einzutauchen, in dem die größte Vergewaltigung weißer Frauen durch weiße Männer in der Geschichte stattfand. Es wird geschätzt, dass während der Besetzung Deutschlands durch die Rote Armee in Berlin und anderen kleineren deutschen Städten etwa 2 Millionen Frauen vergewaltigt wurden..7

    Bei dieser Gelegenheit stellte ich ein kleines Forschungsschema zusammen, das Gespräche mit deutschen Forschern, Besuche in bekannten Museen und eine Rückkehr zur Topographie des Terreurs, sieben Jahre nach meinem ersten Besuch, umfasste.

    Die Entdeckungen, die man macht, wenn man vor Ort und persönlich an den Orten der Untersuchung und Forschung ist, sind unbescheiden. Alles hängt von Details, Glück und einem gewissen Scharfsinn ab und manchmal auch von der einsamen Überlegung und Aufmerksamkeit eines Menschen, der durch Abgründe geht und auf die Unebenheiten in seiner eigenen Psyche achtet, die sich trübt und klärt, wenn er die Grenzenlosigkeit des Schrecklichen entdeckt.

    Mein erster Kontakt bei der Erarbeitung des Forschungskontextes war Martin Dammann
    .8 Obwohl er in derselben Woche nach Frankreich reiste, gab Martin mir freundlicherweise viele Tipps und bedauerte, nicht in Berlin zu sein, um mich beim Besuch des Treptower Parks zu begleiten, der einer der Hauptgründe für meine Recherchen war. Er schlug mir vor, zur Topographie des Terreurs zurückzukehren und die Sammlung des Museums für Deutsche Geschichte zu besuchen, angefangen mit der Dauerausstellung des Museums.

    Ich folgte seinen Vorschlägen. Ich setzte mich mit dem Direktor des Museums für Deutsche Geschichte in Verbindung, der mir mitteilte, dass sich die Dauerausstellung des Museums im Aufbau befand, was ich bei meinem Besuch im Museum überprüfen konnte, aber zu diesem Zeitpunkt wurde mir keine andere Möglichkeit in der Sammlung des Museums vorgeschlagen, die mir helfen könnte, mich diesem Thema gezielt zu nähern. Einige Tage später vermittelte mir Martin einen Kontakt aus dem Museumspersonal, der bereit war, mir zu helfen. Zu diesem Zeitpunkt war ich aber schon in Warschau.

    Während dieser Tage in Berlin traf ich auch einen deutschen Forscher von der Humboldt-Universität. Unser Gespräch schien nicht das Thema zu erreichen, das ich anstrebte, obwohl ich sehr genau wusste, worüber ich mit ihr sprechen wollte, da ich ihren Hintergrund als deutsche Forscherin und Feministin kannte. Irgendwann in unserem seltsamen Gespräch sagte sie einfach: Es ist möglich, dass meine Großmutter vergewaltigt wurde, aber sie hat nie darüber gesprochen. Danach herrschte eine gewisse Stille in unserem Gespräch, und wir konnten keine nennenswerten Fortschritte machen.

    Zwischen 1945 und 2023 sind fast 80 Jahre vergangen, aber es gibt nicht viel Material über diese Ereignisse (Gerbhardt, 2017), und sicherlich sind die Zeugnisse über diese Ereignisse am Rande des Aussterbens, da viele der Opfer und Überlebenden entweder beschlossen haben, niemals über das Erlebte zu sprechen, oder bereits verstorben sind. Die wenigen Elemente, die heute existieren, sind Raritäten.

    Für mich ist die Darstellung dieser halb undurchsichtigen, undurchsichtigen, ostentativen und imposanten Spuren immer wertvolles Material für einen wandernden Psychoanalytiker. In einem Land, das für seine Gedenkstätten und Museen zur Shoah beispielhaft ist, fand ich einen nicht ganz einfachen Weg, um Informationen über Ereignisse zu finden, die weltweit bekannt sind, aber in den nachfolgenden Generationen immer noch voller Verleugnungen, Schweigen, Verheimlichungen und Idole sind.

    Ich wusste, dass ich mit der mir zur Verfügung stehenden Recherchezeit nicht viel weiter kommen würde, und mein weiter gefasstes Recherchethema war ohnehin nicht gerade die Gruppenvergewaltigung, die in Berlin am Ende des Zweiten Weltkriegs stattfand. Ich selbst machte eine Ablenkung von meinem Hauptthema, das einige Tage später in Warschau abgeschlossen werden sollte.

    Noch in Berlin bereitete ich mich darauf vor, einen der meiner Meinung nach wichtigsten Orte der Gegenerinnerung in der Welt zu besuchen: das Denkmal für den russischen Soldaten im Berliner Treptower Park.

    Meine Phantasien über dieses Denkmal waren bescheiden im Vergleich zu dem, was ich vorfinden würde. Ich stellte mir ein großes Bronzedenkmal mit einem begrünten Rahmen vor, das auf einem der Plätze in dem riesigen Park steht. Ein Denkmal, das ich bereits auf Fotos im Internet gesehen hatte. Doch was ich vorfand, war ein unmissverständlicher, schrecklicher, gigantischer und autoritärer Tribut an einen der größten Gruppenvergewaltiger der Welt, der heute mit dem Geld des deutschen Volkes durch die Stadt Berlin unterhalten wird.

    Das bewegende Erlebnis ist vielschichtig. Es handelt sich nicht um eine geistesabwesende Hommage, die irgendwo im Park abgestellt wurde, sondern um Tausende von Quadratmetern eindringlicher, missbräuchlicher Ikonographie des russischen Soldaten, der im zentralen Denkmal ein Kind im linken Arm und ein gesenktes Schwert im rechten Arm trägt. Der siegreiche, großzügige und vergewaltigende Krieger, der Deutschland vor den zivilisationsfeindlichen Verwüstungen der Nazis rettet.

    Das Bild ist umso missbräuchlicher, wenn man bedenkt, dass sich unter den Vergewaltigten in Berlin auch alte Menschen und Kinder befanden, wie die, die der Soldat in seinen Armen hielt, als wolle er sie retten, indem er sie fast über sich selbst erhob. Aber wer würde sie vor dem Soldaten retten, der sie trägt? Nicht umsonst wird dieses Denkmal laut Ash von einigen „das Denkmal für den unbekannten Vergewaltiger“ genannt. (Ash, 2015).

     
     
    Bevor wir das Hauptdenkmal erreichen, kommen wir an den 16 Sarkophagen vorbei, in denen die 5.000 russischen Soldaten, die im Kampf gegen die Nazi-Armee gefallen sind, begraben sind. Davor begrüßen zwei riesige Bronzestatuen den Besucher, die beide am Eingang zum Sarkophag knien. Es sind russische Soldaten, die ihren im Kampf gefallenen Landsleuten die Ehre erweisen und den Besucher demütig und ehrerbietig empfangen.
     
     
    Eine Frauenstatue führt die großspurige Huldigung an die Männer an. Es ist eine Frau auf den Knien, den Kopf gesenkt, unterwürfig und in Tränen. Sie stellt die Mutter aller trauernden Soldaten dar und huldigt ihnen: dem Mutterland. Sie dankt den Kämpfern der Roten Armee (ihren Söhnen) für ihre Heldentat und weint um sie. Doch auf welche Leistung bezieht sich die von Männern gestaltete Frauenstatue? Warum trauert sie? Und wovor zollt sie Ehrerbietung oder Unterwerfung?
     
     

    In diesem Raum spielt sich ein Albtraum ab. Er verwirrt und untergräbt die schwierigen Abläufe der Erinnerung. Alles wurde seit 1947 geplant und inszeniert und Jahrzehnt für Jahrzehnt von den Komponenten bewahrt, die die internationale Politik zwischen Ländern und zwischen Menschen schmieden. In einem Land, das sich, nicht ohne Widersprüche, durch die Qualität der Information und Dokumentation über den Holocaust auszeichnet, findet man nirgendwo im Park Informationen über die Millionen deutscher Frauen und Kinder, die in Deutschland brutal vergewaltigt wurden und deren Leben während und nach der russischen Besatzung zerstört wurde. (Ash, 2015).

    Im Jahr 2022, mitten in Berlin, eine ausdrückliche Einladung zur Unterwerfung des Denkens, der Geschichte und der unmöglichen Zeugnisse von Frauen, die nicht sprechen konnten und wollten. Eine Aufforderung zur Dememoration.

    Die toten Soldaten dienten dazu, die gedemütigten Frauen zu bedecken, und die vergewaltigten und zum Schweigen gebrachten Frauen dienten dazu, die gerechte Huldigung der Kämpfer und ihrer glorreichen Erzählungen zu legitimieren, die nach dem Zweiten Weltkrieg im Überfluss vorhanden waren und vorherrschten.

    Die Eroberung des Wortes wird als Ikonographie des Todes und der Kasteiung dargestellt, die auch dazu dient, ungesühnte Verbrechen zu legitimieren und die männlichen Krieger über die von ihnen begangenen Gräueltaten zu erheben. Frauen erscheinen dort als unterwürfig gegenüber der männlichen Version und dem Wunsch der Männer, sie zu vergewaltigen. Frauen sind ein riesiges Nichts, für immer undifferenziert und unbekannt.

    Es gibt eine ganze Anlage, die nicht nur die Gründe für den Krieg aufzeigt, der zur Bestätigung der erniedrigenden Männlichkeit führte, sondern auch die Folgen, die die Frauen zum Schweigen und zur ewigen Resignation verdammen, um den Ruhm nicht zu trüben, der sich trotz ihnen, gegen sie und um sie herum ereignete und der in endlosen Versionen des Zweiten Weltkriegs weiterlebt. Wenn die Anweisung, die dieses Denkmal gibt, an sich als missbräuchlich verstanden werden kann, führt dies dazu, dass wir über die Rolle des Negativen bei der Aktivierung der Mechanismen zur Verewigung ganzer Gesellschaften von Missbrauchern nachdenken.

    Die öffentliche Zurschaustellung dieses Widerspruchs ist zwar verunglimpfend, aber in Wahrheit werden nur wenige etwas anderes sehen als einen riesigen Park mit schön angelegten Denkmälern, die darauf hinweisen, dass das Schlimmste vorbei ist. Obwohl nur die vorsätzlich Unwissenden nicht wissen, dass die russische Armee in den überfallenen Ländern Gewalt ausübt. Was heute zum Beispiel in der Ukraine geschieht, ist eine vorhersehbare, aber beeindruckende Wiederholung:

    Die ukrainische Generalstaatsanwältin Iryna Venediktova erklärte am Dienstag, dass ihre Behörde Berichte über sexuelle Gewalt gegen Männer und Frauen aller Altersgruppen, von Kindern bis hin zu älteren Menschen, gesammelt hat. (GrahamHarrison, 2022; Al Jazeera, 2022)9

    Aber dort, in Berlin, wird der russische Soldat unbestreitbar weiter geehrt. Die ikonografischen und unbewussten Spuren des Frauenschicksals zeigen sich in den vielen Frauenbildern auf den Grabsteinen und in dem großspurigen Bild des knienden, unterwürfigen und verwüsteten Vaterlandes. Mütter und Land am Boden zerstört. Die Frauen sind da, aber als dankbare, verängstigte und resignierte Figuren, und am Ende ist es Stalin, der die Geschichte erzählt. Das kann man auf allen 16 riesigen Grabsteinen lesen, die mit seinen Sprüchen geschmückt sind. Wen sonst würden die Frauen zu ihrem Vertreter wählen als Josef Stalin? 

    Der (Nicht-)Ort für das Gedächtnis der Frauen

    In einer Erklärung an Opera Mundi erzählt Amelinha Teles (2018) erneut Einzelheiten über die sexuelle Natur der Folter während ihrer politischen Inhaftierung durch die Oban. Sexuelle Übergriffe waren eine autorisierte, regelmäßige Praxis und staatliche Politik gegenüber weiblichen Gefangenen während der zivil-militärischen Regierung, die 1964 in Brasilien begann. Die von Amelinha geschilderten Ereignisse waren keine Einzelfälle und auch keine Abweichungen vom Verhalten dieses oder jenes Militärs, dieses oder jenes Polizeibeamten. Ihre Schilderungen offenbaren die sexuelle Ansprache der Folterpraktiken in Brasilien, sie begleiteten und definierten die Praxis der Folter und die Straffreiheit, die den Folterern bis heute zugute kommt, und zeigen deutlich die gesellschaftliche und politische Toleranz für die Kontinuität dieser Verstöße, Verbrechen und Missbräuche, die in Brasilien bis heute ungestraft bleiben.

    Anders als das großspurige Denkmal für den sowjetischen Soldaten in Berlin ist die Ehrung in Brasilien mit Straflosigkeit und Schweigen über diese vergangenen Verbrechen geschmückt, was auch die fortgesetzte Praxis der Gewalt gegen brasilianische Frauen heute definiert und inspiriert.10

    Und es sind die Frauen, die endlos wiederholen müssen, was sie erlitten haben, die Folgen dieses Leidens und die Risiken, denen sie in einer Gesellschaft und einem ganzen Land ausgesetzt sind, das sich ausdrücklich weigert, ihnen zuzuhören, wenn nicht sogar zu handeln, um sie zum Schweigen zu bringen. In Brasilien, das damals vom Militär regiert wurde, gab es keine Folterknechte, keine Diktatur, keine Vergewaltigungen durch Vertreter des Staates. Es sind die Frauen, die mit ihren Körpern, ihrem gequälten Geist und ihren Zeugenaussagen die Erinnerung an die Gräueltaten wachhalten und die Aufgabe, die Folterungen und Zerstörungen durch Männer, die beschlossen haben, Frauen Gewalt anzutun, weil sie Frauen sind, nicht auszulöschen. Die zivil-militärische Diktatur in Brasilien praktizierte schamlos Frauenfolter und Femizid.11

    In Brasilien werden keine männlichen Folterer bestraft, was Anlass, Gelegenheit und Anreize für Monstrositäten bietet, ganze politische Kampagnen zu führen, in denen der Militärputsch, seine Verbrechen, Gräueltaten und Feigheit geleugnet werden, und durch die Wahl unter Verteidigung illegaler und willkürlicher Praktiken an die Macht zu kommen.

    Es ist nun klar, dass in Brasilien die massenhaften Verhaftungen seit dem 8. Januar 2023 die Tatsache aufgedeckt haben, dass die extreme Rechte in diesem Land ein anderer Name für Horden von hartnäckigen Menschen- und Bürgerrechtsverletzern, Hasspredigern gegen Minderheiten und bewussten Verursachern von Rassismus, Sexismus und Frauenfeindlichkeit ist.

    All dies war schon immer bekannt, aber die Verhaftungen und Prozesse im Zusammenhang mit dem Putschversuch vom 8. Januar 2023 waren auch ein Spektakel gegen die massenhafte Straflosigkeit, die in Brasilien am Rande und gegen die Grundsätze der Bundesverfassung von 1988 herrschte.

    Wir lebten vier Jahre lang (2019-2022) in einer Atmosphäre, in der alles erlaubt war, und die Stimmen der Opposition schienen heiser, unhörbar und ausgelöscht durch die Fähigkeit der Regierung, sie zum Schweigen zu bringen oder ihnen gegenüber gleichgültig zu sein. Die Mikrofone der Niedertracht und der Dummheit klangen sehr laut, viel lauter als angenommen. Der Angriff auf das Denken, das Argument und die Ausübung des Sprechens und Zuhörens erzeugte eine ungeheure Anziehungskraft, wurde zu einem übertragbaren Diskurs und leitete Handlungen und Neigungen überall an, in Horden, die, wie wir heute wissen, Millionen von Menschen erreichen.

    Diese mutmaßlichen Verletzer der Verfassung von 1988 erkannten sich selbst und organisierten sich um die Wahlkampfpredigten des ehemaligen Präsidenten, der bei den Wahlen im Jahr 2022 eine Niederlage erlitt und nun wegen Diebstahls, Raubes und Veruntreuung von Staatsvermögen angeklagt ist. Er war es, der Millionen von Menschen aufstachelte und überzeugte, von allem zu profitieren, vor allem, weil es vertuscht werden würde. Die wirksame, aber bruchstückhafte Botschaft lautete stets: „Kauft eure Waffen und plündert, wen und was immer ihr könnt“, und das schien das Motto der Kampagne zu sein, während der ehemalige Präsident und seine Familie ihre eigene Plünderung des Staates durchführten. Falsche Versprechungen verzauberten die Schlangen, die nun im ganzen Land gezüchtet und entfesselt werden.

    Was das Ganze jedoch so schrecklich machte, war die Tatsache, dass es sich auf die Aufforderung ausweitete, auch die Körper der Schwachen, der Abweichenden, der Nicht-Weißen und der Nicht-Männer zu bevormunden. Deshalb macht ihre Sprache die Körper zu Objekten, die von Subjekten befreit sind, animalisiert sie und predigt Gewalt und Erniedrigung gegen sie: „Was wiegst du? Mehr als sieben Arrobas, richtig?“  (Brasil 247, 2022), sagte der Ex-Präsident, gegen den ermittelt wird, zu einem Schwarzen. Oder über den Tod von Dom Phillips und Bruno Araújo: „Allem Anschein nach, wenn sie beide getötet wurden, was ich nicht hoffe, sind sie im Wasser. Im Wasser wird nicht mehr viel übrig sein. Fische fressen. Ich weiß nicht, ob es in der Javari Piranhas gibt. (Brasil, 2022). Zum Thema Vergewaltigung an die damalige Bundesabgeordnete Maria do Rosário: „Ich werde dich niemals vergewaltigen, denn du hast es nicht verdient“. (IstoÉ, 2014). Und über die Suche nach den politischen Toten und Verschwundenen während der Diktatur, die Auswirkungen des Putsches von 1964: „Wer Knochen sucht, ist ein Hund“. (Locomotiva, 2020).

    Spott war schon immer ihre diskursive Strategie, um Anhänger zu gewinnen und Massenwünsche nach Tod, Erniedrigung und Zerstörung von Millionen von Menschen zu wecken, die ausgegrenzt, vergewaltigt und getötet werden sollen, weil sie jemandem unangenehm sind, der gelegentlich an der Macht ist. Wir erleben ein Wiederaufleben der Tyrannei in Brasilien.12 Die bis dahin schüchternen Brasilianer sind zu freimütigen und erbitterten Anhängern der früheren Regierung geworden und bilden heute die Masse, die in der Lage ist, illegale, kriminelle und gewalttätige Praktiken auszuüben, zu wählen und zu verteidigen, um Wünsche und Zerstörungsphantasien zu befriedigen, die bis dahin unentdeckt geblieben waren.

    In der Sprache dieser Gruppe genügt ein einziger Satz, um Schwarze in Tiere zu verwandeln, Aktivisten in Fischfutter, Frauen in Kandidaten, die Gewalt und Spott verdienen, und die politisch Verschwundenen in Hundefutter. Diese Metamorphose der Dummheit hat sich in Brasilien mit beeindruckender Konsequenz und Geschwindigkeit ausgebreitet, und kaum jemand zweifelt daran, dass sie das Land verwüsten würde, wenn das Ergebnis der letzten Präsidentschaftswahlen im Jahr 2022 anders ausfallen würde.

    In dieser letzten Periode ist der Spott als politische Waffe zu einem Werkzeug für die diskursive Demontage gemeinsamer Ausgangspunkte geworden, die für den Zweck der Gewalt unempfänglich sind. Die explizite Verachtung von Gruppen und Personen brachte Reden über die Verteidigung der Vielfalt, der Rechte und des Kampfes für Gleichheit, die bei den öffentlichen Auftritten des ehemaligen Präsidenten täglich ins Lächerliche gezogen wurden, zum Schweigen oder verdeckte sie.

    Es ist derselbe Spott, der auf den Gesichtern der vergewaltigenden Rotarmisten in Berlin 1945 zu sehen ist, wie auf dem Bild, auf dem das Lachen der Soldaten zeigt, dass es unmöglich wäre, sie davon zu überzeugen, diese Frau nicht zu vergewaltigen, die allein, völlig entblößt, verletzlich und öffentlich schikaniert ist. Militärs und bewaffnete Feiglinge werden dies in einer Stadt, die von verletzlichen und besiegten Menschen besetzt ist, immer als eine Gelegenheit sehen. Verhöhnen heißt, radikal davon abzulassen, sich auf Sprache, Argumente und Vernunft zu berufen und um Erlaubnis für weitere Misshandlungen zu bitten. Dies waren die verborgenen Wünsche, die ein neuer Putsch in Brasilien erfüllen würde. Überall laufen Soldaten und Milizen frei herum, ohne jegliche Regulierung, Kontrolle oder Scham.

    Der Begriff des Verdienstes enthüllt dann die schmutzigen Details der kranken Psyche. Soldaten verdienen es, zu vergewaltigen, weil sie schließlich Sieger sind. Frauen verdienen es (oder auch nicht), vergewaltigt zu werden, denn schließlich sollte es immer ein Ehrgeiz, ein Privileg und... ein Verdienst sein, ein bloßes männliches Objekt zu sein.

    Hier treffen die Anschuldigung der Feigheit und die Annahme des Wunsches nach Erniedrigung zusammen. Mit anderen Worten: Die Annahme und das Aufzwingen des Wunsches der Frau, erniedrigt zu werden, schwächt, verschleiert und verdeckt die Feigheit der Feiglinge, während das Gebot, dass der Wunsch der Frau immer mit dem Wunsch des Mannes übereinstimmen muss, intakt bleibt.

    Das ist die Autofiktion von selbsternannten „Gewinnern“, die sich an ihrer eigenen Leber laben, um zu behaupten, dass sie über den Menschen stehen. Sie sind gefährlich im Umgang mit Menschen, die anders sind, und gefährden in vielerlei Hinsicht die Menschen. Zu verhindern, dass diese Nichtmenschen an die Macht kommen, ist heute die höchste Priorität und Dringlichkeit in den politischen Kämpfen auf dem Planeten.

    In diesem Massaker an den Körpern, Gesichtern und Seelen der Frauen wird die Überzeugung von der Art und Weise des Lebens durch Töten verankert, aber auch der Begriff, der ein traumatisches Unglück hervorruft, wird hervorgehoben. Die Territorien des Traumatischen sind diejenigen, in denen sich ein Subjekt dem Wunsch widersetzt, es zu vernichten. Es existiert als Trauma, Fragment und/oder Albtraum, aber es widerlegt, wenn auch schmerzhaft, die Überzeugung derer, die die Ereignisse, die ihr Leben darstellen, unmöglich machen wollen.

    Wir können hier also explizit und unverblümt darauf hinweisen, dass die Frage der Annahme der Produktion traumatischer Erfahrungszusammenhänge eine Machtstrategie von Regierungen, Parteien und Gruppen ist und in der missbräuchlichen Aufwertung der Zentralität des Phallus, als Anfang und Ende, liegt.

    Für die Psychoanalyse wird es zu einer der dringlichsten Aufgaben, das machtvolle Schema des Ödipuskomplexes und seiner Wechselfälle aus dieser Perspektive kritisch zu beleuchten, so wie die Weigerung, dies zu tun, die Gleichgültigkeit im Namen einer anderen Operation zur Rettung der Psychoanalyse, die Psychoanalytiker und ihre Institutionen zu Komplizen und Mitwissern dessen machen könnte, was heute als Eliminierung der Körper und der Menschen bekannt ist.  (Malfrán, Geni & Lago, 2021).13

    Identitätsmasken von Macht und Gewalt als ernsthafte Probleme für die psychoanalytische Theorie und Praxis

    Die Konstitution des psychoanalytischen Subjekts oder des Subjekts in der Psychoanalyse ist ein wichtiges und kostspieliges Thema. In dieser Debatte öffnet sich ein von Freud eingeleiteter Graben über die Unbestimmtheit des Subjekts im Prozess der Subjektwerdung selbst. Der Fall des kleinen Hans zeigt viele der Oszillationen in Freuds aufmerksamer Untersuchung der Sexualität eines fünfjährigen Kindes und seiner Angst vor Pferden.

    Hans' Oszillationen in Bezug auf das Gefühl, ein Mädchen, ein Junge, beides oder keines von beiden zu sein, erscheinen als Spuren eines Kampfes, der im Bereich der Sexualität und im sexuellen Körper des Kindes stattfindet, und es ist ein Geschlechterkampf. Aber das ist noch nicht alles, wie wir bald in der Beschreibung des Falles durch Hans' Vater und durch Freud selbst sehen werden. Freud bemerkt dann über Hans: „Die Mutter, glaubt er, hat einen Pipi ‚wie ein Pferd‘“. (1909/2015, S. 241). Die (Un-)Potenz der Mutter wird mit dem Pipi erklärt, den sie nicht hat, weil das, was sie hat, säkular verleugnet, degradiert, abgewertet und zu einem bloßen Gefäß für diejenigen gemacht wurde, die einen Pipi haben. Warum kann die Vagina nicht phallisch sein?

    Hans wurde von einem heteronormativen elterlichen Umfeld geplagt, zu dem natürlich auch Freud selbst gehörte. Hans' Polygamie, Homosexualität und Bigamie manifestieren sich auf unterschiedliche Weise, die von den beiden Männern, die ihn begleiten, hervorgehoben werden, aber in dieser Studie wird die Möglichkeit einer Transsexualität bei der Erkundung des kleinen Hans nicht in Betracht gezogen. Mehr als 100 Jahre später ist das, was für Freud sehr schwierig war, für uns nicht so schwierig.

    Wir haben das Privileg, heute über das nachzudenken, was früher undenkbar war, und das wiederherzustellen, was die Psychoanalyse selbst als eine Praxis und ein Denken an den Rändern ihrer selbst, ihrer Institutionalität und ihrer möglichen Gewissheiten begründet hat. Das Zweifeln an dem, was über einen selbst gesagt wird, ist das, was Freud der klinischen Arbeit und der Metapsychologie vermacht hat, auch wenn er scheiterte und scheitert. Die Arbeit an einer aufmerksamen, engagierten und kreativen Psychoanalyse ist nicht mehr die Aufgabe Freuds, sondern unsere.

    Bei Hans kann im Spannungsfeld, in dem das Ziel des Triebes definiert ist, alles passieren, aber die Unentscheidbarkeit, die Mehrdeutigkeit, das Dazwischen würde neurotisches Leiden und psychische Schwierigkeiten für den Kleinen bestimmen.

    Dies ist der Fall, wenn wir Freuds Fall und Analyse hören. Es scheint keinen Raum für Vagheit zu geben, auch wenn jede Definition potentiell möglich ist. Wenn Freud explizit einen Raum für die Darstellung dieser Spannungen eröffnet, so ist es auch wahr, dass die Gegenkraft, die von den Erwachsenen um Hans herum ausgeübt wird, die eine unbestreitbare asymmetrische Macht über ihn haben, nie als psychische Einschreibung und Überdeterminierung gedacht wird, was Hans' Phobie vor Pferden hervorbringen wird.

    Die Phobie vor der Kastration, die Phobie vor dem Vater, die Phobie, etwas sein zu müssen, was er nicht sein will und noch nicht kennt, die Phobie vor dem riesigen Lolli des Pferdes. Hans hat nicht nur Angst, das Organ (den Pipi) zu verlieren, das er seit jeher als Symbol der Macht, der Stärke und der Verpflichtung empfindet, sondern auch davor, dafür bestraft zu werden, dass er nicht das repräsentiert, was er dem elterlichen Narzissmus (ein Junge zu sein) schuldig ist, egal wie sehr das Kind nach dieser psychischen Gleichheit strebt, die es als Versprechen einfordert und die weder von den Eltern noch von Hans je ganz aufgegeben wird. Manchmal hat man bei der Lektüre des Falles den Eindruck, eine polymorphe Insel zu sehen, die von allen Seiten von Heteronormativität umgeben ist (Freud und sein Schüler, Hans' Vater).

    Es ist nicht einfach, die komplexe Machtdynamik, die in den Interaktionen zwischen Erwachsenen und Kindern ausgeübt wird, darzustellen, und vielleicht Ferenczi (1992) war der erste, der dies ausdrücklich erwähnte. Die narzisstischen Überdeterminationen der Eltern spielen eine Rolle bei der Entstehung und Verurteilung der Psyche, und sie interpretativ anzuerkennen bedeutet daher, einen Riss im Denken eines anderen zu öffnen, der die Rolle des Dekalogs eben dieser Überdeterminationen spielt.

    Wir wissen, dass diese Andersartigkeit des Denkens, die auch die Psyche durchdringt, eine Bedingung dafür ist, dass eine Analyse stattfinden und möglich sein kann, aber sie muss für ihre eigene Installation anderer Heteronomien sorgen, denen die Psyche in der Übertragungssituation anhängt. Dieses Festhalten ist oft auf Laster der Form zurückzuführen, von denen wir annehmen könnten, dass sie Laster des Körpers sind, Laster der Repräsentation des Körpers, die geerbt wurden und deren Hindernisse Wissen und Pflichten auferlegen, die zu einer gefangenen psychischen Erfahrung führen. „Wir sind alle Gefangene von 'männlichen' Darstellungen und Kriegsempfindungen... von 'männlichen' Wörtern“ (Aleksievitch, 2016, S. 12).

    Das unbewusste Körperbild (Dolto, 1992) überdeterminiert die sexuelle Erfahrung als geschlechtliche Erfahrung. Aber es gibt unzählige kolonisierende Zumutungen für den Körper und die Psyche, und der Prozess der Aneignung der Bedingung, ein Körper zu sein, ist kostspielig, wie wir wissen. Ein Zitat von Dolto mag uns helfen, weiterzumachen:

    Das dynamische Bild (des Körpers) entspricht dem „Wunsch zu sein“ und in einer Zukunft zu verharren. Dieses Verlangen ist zwar grundsätzlich vom Mangel erschüttert, ist aber immer offen für das Unbekannte. Das dynamische Bild hat also keine eigene Repräsentation, es ist die Spannung der Absicht: seine Repräsentation wäre das Wort „Wunsch“, konjugiert mit einem aktiven Verb, das am Subjekt teilnimmt und präsent ist, insofern es das Verb gehen verkörpert, im Sinne von gehen-wollen ... Das dynamische Bild drückt das Sein in jedem von uns aus, indem es den Advir aufruft: das Subjekt mit dem Recht zu begehren, ich möchte sagen „in der Begehrlichkeit“. (Dolto, 1992, S. 44-45)

    Es gibt viele mögliche Konsequenzen dieser Aussage. Hier ist es wichtig, darauf hinzuweisen, dass das unbewusste Bild/Repräsentation des eigenen Körpers in Bewegung (Dynamik) wirkt und durch Stagnation gestört wird. Es leidet darunter, dass es unbeweglich und ohne die Dynamik ist, die das Begehren als Werden ausmacht. Wir müssen nicht darauf hinweisen, wie sehr der psychische Körper von Frauen und der lgbtqiap+-Community unter der Unbeweglichkeit leidet, die ihm auferlegt und abverlangt wird. Trans kann auch als Fortbewegung und sicherlich als Begehren gelesen werden. Aber was immer offen und unbekannt ist, sind Möglichkeiten für nicht-männliche Körper, die immer auf die toxische Unmöglichkeit von Männern stoßen, die durch ihre eigenen Paradigmen verblödet sind.

    In der Folge all dessen, was getan wird, um bestimmte Körper und Psychen gefangen zu halten, gibt es immer Beweise für die Ausübung einer Ökonomie der Genugtuung, die sich darauf erstreckt, aus dem, was das Leiden anderer wäre, Kapital zu schlagen, es in Formen der eigenen Genugtuung umzuwandeln und so die Wege des gesellschaftlich akzeptierten, eingefangenen und standardisierten sexuellen Begehrens zu definieren. Im unermesslichen „Draußen vor der Tür“ finden sich Kämpfe, Widerstände, neue Formen des Denkens, Sagens, Handelns und Auftretens und die Etablierung des Neuen, was immer auch den Niedergang von Handlungs- und Denkweisen impliziert, die heute an vielen Orten und in vielen Situationen durchaus am Rande ihrer eigenen selbstbestätigenden, positivierten, binären und heteronormativen Grausamkeit agieren. Wir sind dabei, diese Züge in unserem eigenen Denken und in der psychoanalytischen Klinik zu revidieren, die in hohem Maße und immer auf den Dialog mit diesem vaginalen „Außen“ angewiesen ist.

    Gegen diese Qualen beginnen und bereiten die Täter weitere Kriege vor, in denen den Menschen noch die Menschlichkeit genommen werden kann, damit sie weiterhin nur unmenschlich sein können. Auf diese Weise versuchen sie, alles zum Einsturz zu bringen, und irgendwie, und deswegen, ist alles immer nur ein Anfang.

    3 Es handelt sich um eine Forschungsarbeit über Erinnerung, Gedenkstätten und die Zukunft der Demokratien, die seit 2016 von FAPESP und CNPq mit verschiedenen Formen der Unterstützung sowie vom polnischen Ministerium für Wissenschaft und Technologie gefördert wird. Diese Forschung umfasste neun Länder (Brasilien, Deutschland, Kolumbien, Argentinien, Chile, Polen, Südafrika, Angola, Japan) und zwölf Städte in den jeweiligen Ländern.

    4 In fast schematischer Form wird der Artikel von E. J. Wood (2018) versucht, die verschiedenen Formen der Erlaubnis zur Vergewaltigung in Konfliktsituationen und bewaffneten Gruppen, die offiziell oder inoffiziell mit staatlichen Sicherheitskräften verbunden sind, zu organisieren. Wood ist der Ansicht, dass die Erlaubnis zur Vergewaltigung Teil verschiedener Kontexte der Autorisierung, Halbautorisierung oder Deautorisierung ist, und weist darauf hin, dass die Art und Weise, wie diese Gruppen organisiert sind, oder die impliziten Autorisierungen es Nicht-Vergewaltigern ermöglichen, gelegentlich zu Vergewaltigern zu werden oder den versteckten Vergewaltiger in sich selbst mit Vergnügen zu finden. Ich zitiere: „Laut einer Studie unter demobilisierten Kämpfern im Osten der Demokratischen Republik Kongo (DRC) stimmten beispielsweise 44 % ‚etwas‘ oder stark zu, dass es befriedigend sein kann, andere zu verletzen, 40 % fanden es schwierig, damit aufzuhören, wenn sie anfingen, jemanden zu schlagen, und 8 % meinten, dass es sexuell erregend sei, andere anzugreifen. Daher kann die Teilnahme an einer Kämpferexpedition dazu führen, dass sich die Präferenzen endogen verändern, so dass die Kämpfer Gewalt bevorzugen, die sie zuvor verabscheut haben. (Wood, 2018, S. 7). Das Buch der Iris Chang (2011), Es scheint jedoch die Grenzenlosigkeit der Männer bei der Entmenschlichung ihrer selbst aufzuzeigen. Die Lektüre, der Versuch, die darin abgebildeten Fotos zu sehen, der Versuch, Auszüge und Beispiele wiederzugeben, verschafft die Gewissheit des Unwiederbringlichen und ein hervorragendes und getreues Porträt der Extreme, die die heteronormative Kultur während der Kriege und insbesondere während der japanischen Besetzung von Nanking ab 1937 in absoluter und unbegrenzter Weise ausübte. Es ist unmöglich, den Preis zu ermessen, den Chang für die Hinterlassenschaft dieses Buches gezahlt hat, das für lange Zeit einzigartig sein wird. Manchmal habe ich es aufgegeben, Passagen zu zitieren, weil ich erschöpft war von dem, was ich gerade gelesen hatte, und nicht die geringste psychische Unterstützung hatte, um weiter zu lesen. Mehr als der Wunsch, zu vergessen, wünschte ich mir, es nie erlebt zu haben, als würde ich versuchen, durch die Lektüre aus einem Albtraum aufzuwachen.

    5 Wladimir Gelfand war ein Soldat der Roten Armee während der russischen Besetzung Deutschlands. Er schrieb ein Tagebuch, obwohl das Schreiben von Tagebüchern für Soldaten damals verboten war. Seine Aufzeichnungen wurden in russischer Sprache veröffentlicht und dann weithin kritisiert, weil sie die Ehre der ruhmreichen Roten Armee beschmutzten. Das Tagebuch auf Russisch und Auszüge auf Englisch sind zu finden unter Gelfand, 2023.

    6 Ich bin mir der Gefahr bewusst, dazu beizutragen, dass die Vergewaltigungen im Zweiten Weltkrieg und in Kriegen im Allgemeinen so dargestellt werden, als ob sie ausschließlich von der russischen Armee begangen worden wären. Das ist hier natürlich nicht die Absicht. Aber im Namen der Unparteilichkeit und des vermeintlichen Schutzes einer bestimmten Gruppe von Männern kann nicht auf eine eingehende Untersuchung bestimmter Aspekte verzichtet werden, die mit den eklatanten Missbräuchen der Erinnerung verbunden sind, die im Namen der männlichen Ehre begangen wurden, unabhängig davon, wer sie begangen und zugelassen hat. Es geht mir eher darum, ein Beispiel unter vielen hervorzuheben, das Gegenstand meiner spezifischen Forschung ist, als irgendeine Art von Typisierung zu bestätigen, die für Kriegsgeschichten typisch ist, die auf dem Binarismus Freund-Feind/Gut-Böse-Bösewicht basieren. Ich glaube, dass ausnahmslos alle Autoren der Bibliographie, die ich im Zuge der Abfassung dieses Artikels konsultiert habe, in dieser Hinsicht nicht naiv sind.

    7 Diese Zahl ist unsicher. Verschiedene Erhebungen geben unterschiedliche Zahlen an. Gerbhardt (2017), geht beispielsweise von mindestens 860.000 Opfern (Frauen, junge Mädchen, aber auch Männer und Jungen) der alliierten Streitkräfte und der Besatzungstruppen aus. Als Täter werden Russen, Amerikaner, Franzosen, Belgier, Briten, Tschechen und Serben genannt. Es gibt jedoch viele Interessen, die russischen Soldaten als die Vergewaltiger des Krieges herauszustellen, um alle anderen zu verbergen. Russische Soldaten vergewaltigen, Amerikaner verteilen Bonbons - das war die Propaganda, die sich durchsetzte.

    8 Martin wurde mir von meinem Freund Márcio Seligmann-Silva empfohlen, dem ich an dieser Stelle noch einmal danken möchte. Martin Dammann ist ein deutscher Künstler und Forscher. Er hat sich eingehend mit Bildern von Wehrmachtssoldaten und dem Denkmal für den sowjetischen Soldaten im Berliner Treptower Park befasst (Dammann, 2010).

    9 Die ukrainische Generalstaatsanwältin Iryna Venediktova sagte am Dienstag, dass ihr Büro Berichte über sexuelle Gewalt durch russische Truppen gegen Männer und Frauen aller Altersgruppen, von Kindern bis zu älteren Menschen, gesammelt habe (Tradução livre do autor).

    10 Im Jahr 2022 wird Brasilien den Rekord für die historische Reihe brechen: Alle sechs Stunden wird in dem Land eine Frau getötet, nur weil sie eine Frau ist. Zu den neuesten Zahlen der Femizide in Brasilien siehe Velasco, Grandin, Pinhoni & Faria, 2023. Brasilien steht derzeit an fünfter Stelle unter den Ländern mit den meisten Femiziden in der Welt.

    11 Zur begrifflichen Unterscheidung zwischen Femizid und Feminizid empfehle ich Pasinato & Ávila, 2023.

    12 Zu diesem Thema verweise ich den Leser auf meinen Artikel „Das Wiederaufleben der Tyrannei als ursprüngliches Element der Politik“ (Endo, 2011), in dem ich diese politische Tatsache auf der Grundlage einer erneuten Lektüre von Sigmund Freuds Totem und Tabu und Giorgio Agambens Homo sacer: o poder soberano e avida nua I ausführlich darlege.

    13 Das ist ein langes Thema für eine andere Gelegenheit.

    Referenzen

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    Eingegangen: 04. September 2023; Angenommen: 05. September 2023

    1 Ich möchte die Gleichzeitigkeit von Körper und Leiche betonen, denn das eine ist eine Folge des anderen. Nur ein Körper zu sein, bedeutet potenziell eine Leiche zu sein. Das Spiel mit diesen beiden Wörtern in Klammern ermöglicht es, diese Gleichzeitigkeit zu betonen
     
     
    Av. Dr. Cardoso de Melo. 1450 - 9° andar - Vila Olímpia
    04548-005 São Paulo - SP - Brasil



     
     
    Veröffentlichung vonInstitut für Psychoanalyse der Brasilianischen Gesellschaft für Psychoanalyse von Sao Paulo
    versão impressa ISSN 0103-5835

    Missão

    Die Zeitschrift für Psychoanalyse hat zum Ziel, Arbeiten zu veröffentlichen, die zur Ausbildung von Psychoanalytikern beitragen können. Sie versteht die Ausbildung in einem weiten Sinne und befasst sich nicht nur mit dem spezifischen Wissen der Psychoanalyse, sondern auch mit den verschiedenen kulturellen Produktionen, die dazu beitragen, die Reflexion über den Menschen in der heutigen Welt aufrechtzuerhalten. So versucht die Redaktion, die verschiedenen theoretischen und technischen Konzeptionen der zeitgenössischen Psychoanalyse anzusprechen und die Verbindung der Psychoanalyse mit anderen Bereichen der Humanwissenschaften hervorzuheben.


                                                                                                                                                                                                                                                                                                              
                                                                                               




  •     Dr. Elke Scherstjanoi "Ein Rotarmist in Deutschland"
  •     Stern "Von Siegern und Besiegten"
  •     Märkische Allgemeine  "Hinter den Kulissen"
  •     Das Erste "Kulturreport"
  •     Berliner Zeitung  "Besatzer, Schöngeist, Nervensäge, Liebhaber"
  •     SR 2 KulturRadio  "Deutschland-Tagebuch 1945-1946. Aufzeichnungen eines Rotarmisten"
  •     Die Zeit  "Wodka, Schlendrian, Gewalt"
  •     Jüdische Allgemeine  "Aufzeichnungen im Feindesland"
  •     Mitteldeutsche Zeitung  "Ein rotes Herz in Uniform"
  •     Unveröffentlichte Kritik  "Aufzeichnungen eines Rotarmisten vom Umgang mit den Deutschen"
  •     Bild  "Auf Berlin, das Besiegte, spucke ich!"
  •     Das Buch von Gregor Thum "Traumland Osten. Deutsche Bilder vom östlichen Europa im 20. Jahrhundert"
  •     Flensborg Avis  "Set med en russisk officers øjne"
  •     Ostsee Zeitung  "Das Tagebuch des Rotarmisten"
  •     Leipziger Volkszeitung  "Das Glück lächelt uns also zu!"
  •     Passauer Neue Presse "Erinnerungspolitischer Gezeitenwechsel"
  •     Lübecker Nachrichten  "Das Kriegsende aus Sicht eines Rotarmisten"
  •     Lausitzer Rundschau  "Ich werde es erzählen"
  •     Leipzigs-Neue  "Rotarmisten und Deutsche"
  •     SWR2 Radio ART: Hörspiel
  •     Kulturation  "Tagebuchaufzeichnungen eines jungen Sowjetleutnants"
  •     Der Tagesspiegel  "Hier gibt es Mädchen"
  •     NDR  "Bücher Journal"
  •     Kulturportal  "Chronik"
  •     Sächsische Zeitung  "Bitterer Beigeschmack"
  •     Wiesbadener Tagblatt "Reflexionen, Textcollagen und inhaltlicher Zündstoff"
  •     Deutschlandradio Kultur  "Krieg und Kriegsende aus russischer Sicht"
  •     Berliner Zeitung  "Die Deutschen tragen alle weisse Armbinden"
  •     MDR  "Deutschland-Tagebuch eines Rotarmisten"
  •     Jüdisches Berlin  "Das Unvergessliche ist geschehen" / "Личные воспоминания"
  •     Süddeutsche Zeitung  "So dachten die Sieger"
  •     Financial Times Deutschland  "Aufzeichnungen aus den Kellerlöchern"
  •     Badisches Tagblatt  "Ehrliches Interesse oder narzisstische Selbstschau?"
  •     Freie Presse  "Ein Rotarmist in Berlin"
  •     Nordkurier/Usedom Kurier  "Aufzeichnungen eines Rotarmisten ungefiltert"
  •     Nordkurier  "Tagebuch, Briefe und Erinnerungen"
  •     Ostthüringer Zeitung  "An den Rand geschrieben"
  •     Potsdamer Neueste Nachrichten  "Hier gibt es Mädchen"
  •     NDR Info. Forum Zeitgeschichte "Features und Hintergründe"
  •     Deutschlandradio Kultur. Politische Literatur. "Lasse mir eine Dauerwelle machen"
  •     Konkret "Watching the krauts. Emigranten und internationale Beobachter schildern ihre Eindrücke aus Nachkriegsdeutschland"
  •     Cicero "Voodoo Child. Die verhexten Kinder"
  •     Dagens Nyheter  "Det oaendliga kriget"
  •     Utopie-kreativ  "Des jungen Leutnants Deutschland - Tagebuch"
  •     Neues Deutschland  "Berlin, Stunde Null"
  •     Webwecker-bielefeld  "Aufzeichnungen eines Rotarmisten"
  •     Südkurier  "Späte Entschädigung"
  •     Online Rezension  "Das kriegsende aus der Sicht eines Soldaten der Roten Armee"
  •     Saarbrücker Zeitung  "Erstmals: Das Tagebuch eines Rotarmisten"
  •     Neue Osnabrücker Zeitung  "Weder Brutalbesatzer noch ein Held"
  •     Thüringische Landeszeitung  "Vom Alltag im Land der Besiegten"
  •     Das Argument  "Wladimir Gelfand: Deutschland-Tagebuch 1945-1946. Aufzeichnungen eines Rotarmisten"
  •     Deutschland Archiv: Zeitschrift für das vereinigte Deutschland "Betrachtungen eines Aussenseiters"
  •     Neue Gesellschaft/Frankfurter Hefte  "Von Siegern und Besiegten"
  •     Deutsch-Russisches Museum Berlin-Karlshorst "Deutschland-Tagebuch 1945-1946. Aufzeichnungen eines Rotarmisten"
  •     Online Rezensionen. Die Literaturdatenbank
  •     Literaturkritik  "Ein siegreicher Rotarmist"
  •     RBB Kulturradio  "Ein Rotarmist in Berlin"
  •     їнська правда  "Нульовий варiант" для ветеранiв вiйни / Комсомольская правда "Нулевой вариант" для ветеранов войны"
  •     Dagens Nyheter. "Sovjetsoldatens dagbok. Hoppfull läsning trots krigets grymheter"
  •     Ersatz  "Tysk dagbok 1945-46 av Vladimir Gelfand"
  •     Borås Tidning  "Vittnesmåil från krigets inferno"
  •     Sundsvall (ST)  "Solkig skildring av sovjetisk soldat frеn det besegrade Berlin"
  •     Helsingborgs Dagblad  "Krigsdagbok av privat natur"
  •     2006 Bradfor  "Conference on Contemporary German Literature"
  •     Spring-2005/2006/2016 Foreign Rights, German Diary 1945-1946
  •     Flamman / Ryska Posten "Dagbok kastar tvivel över våldtäktsmyten"
  •     INTERPRES "DAGBOG REJSER TVIVL OM DEN TYSK-REVANCHISTISKE “VOLDTÆGTSMYTE”
  •     Expressen  "Kamratliga kramar"
  •     Expressen Kultur  "Under våldets täckmantel"
  •     Lo Tidningen  "Krigets vardag i röda armén"
  •     Tuffnet Radio  "Är krigets våldtäkter en myt?"
  •     Norrköpings Tidningar  "En blick från andra sidan"
  •     Expressen Kultur  "Den enda vägens historia"
  •     Expressen Kultur  "Det totalitära arvet"
  •     Allehanda  "Rysk soldatdagbok om den grymma slutstriden"
  •     Ryska Posten  "Till försvar för fakta och anständighet"
  •     Hugin & Munin  "En rödarmist i Tyskland"
  •     Theater "Das deutsch-russische Soldatenwörtebuch" / Театр  "Русско-немецкий солдатский разговорник"
  •     SWR2 Radio "Journal am Mittag"
  •     Berliner Zeitung  "Dem Krieg den Krieg erklären"
  •     Die Tageszeitung  "Mach's noch einmal, Iwan!"
  •     The book of Paul Steege: "Black Market, Cold War: Everyday Life in Berlin, 1946-1949"
  •     Телеканал РТР "Культура"  "Русско-немецкий солдатский разговорник"
  •     Аргументы и факты  "Есть ли правда у войны?"
  •     RT "Russian-German soldier's phrase-book on stage in Moscow"
  •     Утро.ru  "Контурная карта великой войны"
  •     Коммерсантъ "Языковой окоп"
  •     Телеканал РТР "Культура":  "Широкий формат с Ириной Лесовой"
  •     Museum Berlin-Karlshorst  "Das Haus in Karlshorst. Geschichte am Ort der Kapitulation"
  •     Das Buch von Roland Thimme: "Rote Fahnen über Potsdam 1933 - 1989: Lebenswege und Tagebücher"
  •     Das Buch von Bernd Vogenbeck, Juliane Tomann, Magda Abraham-Diefenbach: "Terra Transoderana: Zwischen Neumark und Ziemia Lubuska"
  •     Das Buch von Sven Reichardt & Malte Zierenberg: "Damals nach dem Krieg Eine Geschichte Deutschlands - 1945 bis 1949"
  •     Lothar Gall & Barbara Blessing: "Historische Zeitschrift Register zu Band 276 (2003) bis 285 (2007)"
  •     Wyborcza.pl "Kłopotliwy pomnik w mieście z trudną historią"
  •     Kollektives Gedächtnis "Erinnerungen an meine Cousine Dora aus Königsberg"
  •     Das Buch von Ingeborg Jacobs: "Freiwild: Das Schicksal deutscher Frauen 1945"
  •     Wyborcza.pl "Strącona gwiazda wdzięczności"
  •     Закон i Бiзнес "Двічі по двісті - суд честі"
  •     Радио Свобода "Красная армия. Встреча с Европой"
  •     DEP "Stupri sovietici in Germania (1944-45)"
  •     Дніпропетровський національний історичний музей ім. Яворницького "Музей і відвідувач: методичні розробки, сценарії, концепції. Листи з 43-го"
  •     Explorations in Russian and Eurasian History "The Intelligentsia Meets the Enemy: Educated Soviet Officers in Defeated Germany, 1945"
  •     DAMALS "Deutschland-Tagebuch 1945-1946. Gedankenwelt des Siegers"
  •     Das Buch von Pauline de Bok: "Blankow oder Das Verlangen nach Heimat"
  •     Das Buch von Ingo von Münch: "Frau, komm!": die Massenvergewaltigungen deutscher Frauen und Mädchen 1944/45"
  •     Das Buch von Roland Thimme: "Schwarzmondnacht: Authentische Tagebücher berichten (1933-1953). Nazidiktatur - Sowjetische Besatzerwillkür"
  •     История государства "Миф о миллионах изнасилованных немок"
  •     Das Buch Alexander Häusser, Gordian Maugg: "Hungerwinter: Deutschlands humanitäre Katastrophe 1946/47"
  •     Heinz Schilling: "Jahresberichte für deutsche Geschichte: Neue Folge. 60. Jahrgang 2008"
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  •     Journal of Cold War Studies "Wladimir Gelfand, Deutschland-Tagebuch 1945–1946: Aufzeichnungen eines Rotarmisten"
  •     ЛЕХАИМ "Евреи на войне. Солдатские дневники"
  •     Частный Корреспондент "Победа благодаря и вопреки"
  •     Перспективы "Сексуальное насилие в годы Второй мировой войны: память, дискурс, орудие политики"
  •     Радиостанция Эхо Москвы & RTVi "Не так" с Олегом Будницким: Великая Отечественная - солдатские дневники"
  •     Books Llc "Person im Zweiten Weltkrieg /Sowjetunion/ Georgi Konstantinowitsch Schukow, Wladimir Gelfand, Pawel Alexejewitsch Rotmistrow"
  •     Das Buch von Jan Musekamp: "Zwischen Stettin und Szczecin - Metamorphosen einer Stadt von 1945 bis 2005"
  •     Encyclopedia of safety "Ladies liberated Europe in the eyes of Russian soldiers and officers (1944-1945 gg.)"
  •     Азовские греки "Павел Тасиц"
  •     Newsland "СМЯТЕНИЕ ГРОЗНОЙ ОСЕНИ 1941 ГОДА"
  •     Wallstein "Demokratie im Schatten der Gewalt: Geschichten des Privaten im deutschen Nachkrieg"
  •     Вестник РГГУ "Болезненная тема второй мировой войны: сексуальное насилие по обе стороны фронта"
  •     Das Buch von Jürgen W. Schmidt: "Als die Heimat zur Fremde wurde"
  •     ЛЕХАИМ "Евреи на войне: от советского к еврейскому?"
  •     Gedenkstätte/ Museum Seelower Höhen "Die Schlacht"
  •     The book of Frederick Taylor "Exorcising Hitler: The Occupation and Denazification of Germany"
  •     Огонёк "10 дневников одной войны"
  •     The book of Michael Jones "Total War: From Stalingrad to Berlin"
  •     Das Buch von Frederick Taylor "Zwischen Krieg und Frieden: Die Besetzung und Entnazifizierung Deutschlands 1944-1946"
  •     WordPress.com "Wie sind wir Westler alt und überklug - und sind jetzt doch Schmutz unter ihren Stiefeln"
  •     Олег Будницкий: "Архив еврейской истории" Том 6. "Дневники"
  •     Åke Sandin "Är krigets våldtäkter en myt?"
  •     Michael Jones: "El trasfondo humano de la guerra: con el ejército soviético de Stalingrado a Berlín"
  •     Das Buch von Jörg Baberowski: "Verbrannte Erde: Stalins Herrschaft der Gewalt"
  •     Zeitschrift fur Geschichtswissenschaft "Gewalt im Militar. Die Rote Armee im Zweiten Weltkrieg"
  •     Ersatz-[E-bok] "Tysk dagbok 1945-46"
  •     The book of Michael David-Fox, Peter Holquist, Alexander M. Martin: "Fascination and Enmity: Russia and Germany as Entangled Histories, 1914-1945"
  •     Елена Сенявская "Женщины освобождённой Европы глазами советских солдат и офицеров (1944-1945 гг.)"
  •     The book of Raphaelle Branche, Fabrice Virgili: "Rape in Wartime (Genders and Sexualities in History)"
  •     (סקירה   צבאית נשים של אירופה המשוחררת דרך עיניהם של חיילים וקצינים סובייטים (1944-1945
  •     БезФорматаРу "Хоть бы скорей газетку прочесть"
  •     ВЕСТНИК "Проблемы реадаптации студентов-фронтовиков к учебному процессу после Великой Отечественной войны"
  •     Zeitschrift für Geschichtswissenschaft 60 (2012), 12
  •     Все лечится "10 миллионов изнасилованных немок"
  •     Симха "Еврейский Марк Твен. Так называли Шолома Рабиновича, известного как Шолом-Алейхем"
  •     Nicolas Bernard "La Guerre germano-soviétique: 1941-1945" (Histoires d'aujourd'hui) E-Book
  •     Annales: Nathalie Moine "La perte, le don, le butin. Civilisation stalinienne, aide étrangère et biens trophées dans l’Union soviétique des années 1940"
  •     Das Buch von Beata Halicka "Polens Wilder Westen. Erzwungene Migration und die kulturelle Aneignung des Oderraums 1945 - 1948"
  •     Das Buch von Jan M. Piskorski "Die Verjagten: Flucht und Vertreibung im Europa des 20. Jahrhundert"
  •     "آسو  "دشمن هرگز در نمی‌زن
  •     Уроки истории. ХХ век. Гефтер. "Антисемитизм в СССР во время Второй мировой войны в контексте холокоста"
  •     Ella Janatovsky "The Crystallization of National Identity in Times of War: The Experience of a Soviet Jewish Soldier"
  •     Word War II Multimedia Database "Borgward Panzerjager At The Reichstag"
  •     Militaergeschichtliche Zeitschrift "Buchbesprechungen"
  •     Всеукраинский еженедельник Украина-Центр "Рукописи не горят"
  •     Bücher / CD-s / E-Book von Niclas Sennerteg "Nionde arméns undergång: Kampen om Berlin 1945"
  •     Das Buch von Michaela Kipp: "Großreinemachen im Osten: Feindbilder in deutschen Feldpostbriefen im Zweiten Weltkrieg"
  •     Петербургская газета "Женщины на службе в Третьем Рейхе"
  •     Володимир Поліщук "Зроблено в Єлисаветграді"
  •     Deutsch-Russisches Museum Berlin-Karlshorst. Katalog zur Dauerausstellung / Каталог постоянной экспозиции
  •     Clarissa Schnabel "The life and times of Marta Dietschy-Hillers"
  •     Alliance for Human Research Protection "Breaking the Silence about sexual violence against women during the Holocaust"
  •     Еврейский музей и центр толерантности. Группа по работе с архивными документами"
  •     Эхо Москвы "ЦЕНА ПОБЕДЫ: Военный дневник лейтенанта Владимира Гельфанда"
  •     Bok / eBok: Anders Bergman & Emelie Perland "365 dagar: Utdrag ur kända och okända dagböcker"
  •     РИА Новости "Освободители Германии"
  •     Das Buch von Miriam Gebhardt "Als die Soldaten kamen: Die Vergewaltigung deutscher Frauen am Ende des Zweiten Weltkriegs"
  •     Petra Tabarelli "Vladimir Gelfand"
  •     Das Buch von Martin Stein "Die sowjetische Kriegspropaganda 1941 - 1945 in Ego-Dokumenten"
  •     Książka Beata Halicka "Polski Dziki Zachód. Przymusowe migracje i kulturowe oswajanie Nadodrza 1945-1948"
  •     The German Quarterly "Philomela’s Legacy: Rape, the Second World War, and the Ethics of Reading"
  •     MAZ LOKAL "Archäologische Spuren der Roten Armee in Brandenburg"
  •     Tenona "Как фашисты издевались над детьми в концлагере Саласпилс. Чудовищные исторические факты о концлагерях"
  •     Deutsches Historisches Museum "1945 – Niederlage. Befreiung. Neuanfang. Zwölf Länder Europas nach dem Zweiten Weltkrieg"
  •     День за днем "Дневник лейтенанта Гельфанда"
  •     BBC News "The rape of Berlin" / BBC Mundo / BBC O`zbek  / BBC Brasil / BBC فارْسِى "تجاوز در برلین"
  •     Echo24.cz "Z deníku rudoarmějce: Probodneme je skrz genitálie"
  •     The Telegraph "The truth behind The Rape of Berlin"
  •     BBC World Service "The Rape of Berlin"
  •     ParlamentniListy.cz "Mrzačení, znásilňování, to všechno jsme dělali. Český server připomíná drsné paměti sovětského vojáka"
  •     WordPress.com "Termina a Batalha de Berlim"
  •     Dnevnik.hr "Podignula je suknju i kazala mi: 'Spavaj sa mnom. Čini što želiš! Ali samo ti"                  
  •     ilPOST "Gli stupri in Germania, 70 anni fa"
  •     上 海东方报业有限公司 70年前苏军强奸了十万柏林妇女?很多人仍在寻找真相
  •     연 합뉴스 "BBC: 러시아군, 2차대전때 독일에서 대규모 강간"
  •     세계 일보 "러시아군, 2차대전때 독일에서 대규모 강간"
  •     Telegraf "SPOMENIK RUSKOM SILOVATELJU: Nemci bi da preimenuju istorijsko zdanje u Berlinu?"
  •     Múlt-kor "A berlini asszonyok küzdelme a szovjet erőszaktevők ellen"
  •     Noticiasbit.com "El drama oculto de las violaciones masivas durante la caída de Berlín"
  •     Museumsportal Berlin "Landsberger Allee 563, 21. April 1945"
  •     Caldeirão Político "70 anos após fim da guerra, estupro coletivo de alemãs ainda é episódio pouco conhecido"
  •     Nuestras Charlas Nocturnas "70 aniversario del fin de la II Guerra Mundial: del horror nazi al terror rojo en Alemania"
  •     W Radio "El drama oculto de las violaciones masivas durante la caída de Berlín"
  •     La Tercera "BBC: El drama oculto de las violaciones masivas durante la caída de Berlín"
  •     Noticias de Paraguay "El drama de las alemanas violadas por tropas soviéticas hacia el final de la Segunda Guerra Mundial"
  •     Cnn Hit New "The drama hidden mass rape during the fall of Berlin"
  •     Dân Luận "Trần Lê - Hồng quân, nỗi kinh hoàng của phụ nữ Berlin 1945"
  •     Český rozhlas "Temná stránka sovětského vítězství: znásilňování Němek"
  •     Historia "Cerita Kelam Perempuan Jerman Setelah Nazi Kalah Perang"
  •     G'Le Monde "Nỗi kinh hoàng của phụ nữ Berlin năm 1945 mang tên Hồng Quân"
  •     BBC News 코리아 "베를린에서 벌어진 대규모 강간"
  •     Эхо Москвы "Дилетанты. Красная армия в Европе"
  •     Der Freitag "Eine Schnappschussidee"
  •     باز آفريني واقعيت ها  "تجاوز در برلین"
  •     Quadriculado "O Fim da Guerra e o início do Pesadelo. Duas narrativas sobre o inferno"
  •     Majano Gossip "PER NON DIMENTICARE... LE PORCHERIE COMUNISTE!!!"
  •     非 中国日报网 "柏林的强奸"
  •     Constantin Film "Anonyma - Eine Frau in Berlin. Materialien zum Film"
  •     Русская Германия "Я прижал бедную маму к своему сердцу и долго утешал"
  •     De Gruyter Oldenbourg "Erinnerung an Diktatur und Krieg. Brennpunkte des kulturellen Gedächtnisses zwischen Russland und Deutschland seit 1945"
  •     Memuarist.com "Гельфанд Владимир Натанович"
  •     Πανεπιστημίου Ιωαννίνων "Οι νόμοι του Πλάτωνα για την υβριστική κακολογία και την κατάχρηση του δημοσίου"
  •     Das Buch von Nicholas Stargardt "Der deutsche Krieg: 1939 - 1945"Николас Старгардт "Мобилизованная нация. Германия 1939–1945"
  •     FAKEOFF "Оглянуться в прошлое"
  •     The book of Nicholas Stargardt "The German War: A Nation Under Arms, 1939–45"
  •     The book of Nicholas Stargardt "The German War: A Nation Under Arms, 1939–45"
  •     Das Buch "Владимир Гельфанд. Дневник 1941 - 1946"
  •     BBC Русская служба "Изнасилование Берлина: неизвестная история войны" / BBC Україна "Зґвалтування Берліна: невідома історія війни"
  •     Virtual Azərbaycan "Berlinin zorlanması"
  •     Гефтер. "Олег Будницкий: «Дневник, приятель дорогой!» Военный дневник Владимира Гельфанда"
  •     Гефтер "Владимир Гельфанд. Дневник 1942 года"
  •     BBC Tiếng Việt "Lính Liên Xô 'hãm hiếp phụ nữ Đức'"
  •     Nicolas Bernard "La Guerre germano-soviétique, 1941-1943" Tome 1
  •     Nicolas Bernard "La Guerre germano-soviétique, 1943-1945" Tome 2
  •     Эхо Москвы "ЦЕНА ПОБЕДЫ: Дневники лейтенанта Гельфанда"
  •     Renato Furtado "Soviéticos estupraram 2 milhões de mulheres alemãs, durante a Guerra Mundial"
  •     Вера Дубина "«Обыкновенная история» Второй мировой войны: дискурсы сексуального насилия над женщинами оккупированных территорий"
  •     Еврейский музей и центр толерантности "Презентация книги Владимира Гельфанда «Дневник 1941-1946»"
  •     Еврейский музей и центр толерантности "Евреи в Великой Отечественной войне"
  •     Сидякин & Би-Би-Си. Драма в трех действиях. "Атака"
  •     Сидякин & Би-Би-Си. Драма в трех действиях. "Бой"
  •     Сидякин & Би-Би-Си. Драма в трех действиях. "Победа"
  •     Сидякин & Би-Би-Си. Драма в трех действиях. Эпилог
  •     Труд "Покорность и отвага: кто кого?"
  •     Издательский Дом «Новый Взгляд» "Выставка подвига"
  •     Katalog NT "Выставка "Евреи в Великой Отечественной войне " - собрание уникальных документов"
  •     Вести "Выставка "Евреи в Великой Отечественной войне" - собрание уникальных документов"
  •     Радио Свобода "Бесценный графоман"
  •     Вечерняя Москва "Еще раз о войне"
  •     РИА Новости "Выставка про евреев во время ВОВ открывается в Еврейском музее"
  •     Телеканал «Культура» Выставка "Евреи в Великой Отечественной войне" проходит в Москве
  •     Россия HD "Вести в 20.00"
  •     GORSKIE "В Москве открылась выставка "Евреи в Великой Отечественной войне"
  •     Aгентство еврейских новостей "Евреи – герои войны"
  •     STMEGI TV "Открытие выставки "Евреи в Великой Отечественной войне"
  •     Национальный исследовательский университет Высшая школа экономики "Открытие выставки "Евреи в Великой Отечественной войне"
  •     Независимая газета "Война Абрама"
  •     Revista de Historia "El lado oscuro de la victoria aliada en la Segunda Guerra Mundial"
  •     עיתון סינאתלה  גביש הסמל ולדימיר גלפנד מספר על חיי היומיום במלחמה , על אורח חיים בחזית ובעורף
  •     Лехаим "Война Абрама"
  •     Elhallgatva "A front emlékezete. A Vörös Hadsereg kötelékében tömegesen és fiatalkorúakon elkövetett nemi erőszak kérdése a Dél-Vértesben"
  •     Libertad USA "El drama de las alemanas: violadas por tropas soviéticas en 1945 y violadas por inmigrantes musulmanes en 2016"
  •     НГ Ex Libris "Пять книг недели"
  •     Брестский Курьер "Фамильное древо Бреста. На перекрестках тех дорог"
  •     Полит.Ру "ProScience: Олег Будницкий о народной истории войны"
  •     Олена Проскура "Запiзнiла сповiдь"
  •     Полит.Ру "ProScience: Возможна ли научная история Великой Отечественной войны?"
  •     Das Buch "Владимир Гельфанд. Дневник 1941 - 1946"
  •     Ahlul Bait Nabi Saw "Kisah Kelam Perempuan Jerman Setelah Nazi Kalah Perang"
  •     北 京北晚新视觉传媒有限公司 "70年前苏军强奸了十万柏林妇女?"
  •     Преподавание истории в школе "«О том, что происходило…» Дневник Владимира Гельфанда"
  •     Вестник НГПУ "О «НЕУБЕДИТЕЛЬНЕЙШЕЙ» ИЗ ПОМЕТ: (Высокая лексика в толковых словарях русского языка XX-XXI вв.)"
  •     Fotografias da História "Memórias esquecidas: o estupro coletivo das mulheres alemãs"
  •     Archäologisches Landesmuseum Brandenburg "Zwischen Krieg und Frieden" / "Между войной и миром"
  •     Российская газета "Там, где кончается война"
  •     Народный Корреспондент "Женщины освобождённой Европы глазами советских солдат: правда про "2 миллиона изнасилованых немок"
  •     Fiona "Военные изнасилования — преступления против жизни и личности"
  •     军 情观察室 "苏军攻克柏林后暴行妇女遭殃,战争中的强奸现象为什么频发?"
  •     Независимая газета "Дневник минометчика"
  •     Независимая газета "ИСПОДЛОБЬЯ: Кризис концепции"
  •     East European Jewish Affairs "Jewish response to the non-Jewish question: “Where were the Jews during the fighting?” 1941–5"
  •     Niels Bo Poulsen "Skæbnekamp: Den tysk-sovjetiske krig 1941-1945"
  •     Olhar Atual "A Esquerda a história e o estupro"
  •     The book of Stefan-Ludwig Hoffmann, Sandrine Kott, Peter Romijn, Olivier Wieviorka "Seeking Peace in the Wake of War: Europe, 1943-1947"
  •     Walter de Gruyter "Germans into Allies: Writing a Diary in 1945"
  •     Blog in Berlin "22. Juni – da war doch was?"
  •     Steemit "Berlin Rape: The Hidden History of War"
  •     Estudo Prático "Crimes de estupro na Segunda Guerra Mundial e dentro do exército americano"
  •     Громадське радіо "Насильство над жінками під час бойових дій — табу для України"
  •     InfoRadio RBB "Geschichte in den Wäldern Brandenburgs"
  •     "شگفتی های تاریخ است "پشت پرده تجاوز به زنان برلینی در پایان جنگ جهانی دوم
  •     Hans-Jürgen Beier gewidmet "Lehren – Sammeln – Publizieren"
  •     The book of Miriam Gebhardt "Crimes Unspoken: The Rape of German Women at the End of the Second World War"
  •     Русский вестник "Искажение истории: «Изнасилованная Германия»"
  •     凯 迪 "推荐《柏林女人》与《五月四日》影片"
  •     Vix "Estupro de guerra: o que acontece com mulheres em zonas de conflito, como Aleppo?"
  •     Universidad del Bío-Bío "CRÍMENES DE GUERRA RUSOS EN LA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1940-1945)"
  •     "المنصة  "العنف ضد المرأة.. المسكوت عنه في الحرب العالمية الثانية
  •     Книга. Олег Шеин "От Астраханского кремля до Рейхсканцелярии. Боевой путь 248-й стрелковой дивизии"
  •     Sodaz Ot "Освободительная миссия Красной Армии и кривое зеркало вражеской пропаганды"
  •     Sodaz Ot "Советский воин — освободитель Европы: психология и поведение на завершающем этапе войны"
  •     企 业头条 "柏林战役后的女人"
  •     Sántha István "A front emlékezete"
  •     腾 讯公司& nbsp; "二战时期欧洲, 战胜国对战败国的十万妇女是怎么处理的!"
  •     El Nuevo Accion "QUE LE PREGUNTEN A LAS ALEMANAS VIOLADAS POR RUSOS, NORTEAMERICANOS, INGLESES Y FRANCESES"
  •     Periodismo Libre "QUE LE PREGUNTEN A LAS ALEMANAS VIOLADAS POR RUSOS, NORTEAMERICANOS, INGLESES Y FRANCESES"
  •     DE Y.OBIDIN "Какими видели европейских женщин советские солдаты и офицеры (1944-1945 годы)?"
  •     Magyar Tudományos Akadémia "Váltóállítás: Diktatúrák a vidéki Magyarországon 1945-ben"
  •     歷 史錄 "近1萬女性被強姦致死,女孩撩開裙子說:不下20個男人戳我這兒"
  •     Cyberpedia "Проблема возмездия и «границы ненависти» у советского солдата-освободителя"
  •     NewConcepts Society "Можно ли ставить знак равенства между зверствами гитлеровцев и зверствами советских солдат?"
  •     搜 狐 "二战时期欧洲,战胜国对战败国的妇女是怎么处理的"
  •     Ranker "14 Shocking Atrocities Committed By 20th Century Communist Dictatorships"
  •     Эхо Москвы "Дилетанты. Начало войны. Личные источники"
  •     Журнал "Огонёк" "Эго прошедшей войны"
  •     이 창남 외 공저 "폭력과 소통 :트랜스내셔널한 정의를 위하여"
  •     Уроки истории. XX век "Книжный дайджест «Уроков истории»: советский антисемитизм"
  •     Свободная Пресса "Кто кого насиловал в Германии"
  •     EPrints "Взаємовідносини червоноармійців з цивільним населенням під час перебування радянських військ на території Польщі (кінець 1944 - початок 1945 рр.)"
  •     Pikabu "Обратная сторона медали"
  •     Озёрск.Ru "Война и немцы"
  •     Імекс-ЛТД "Історичний календар Кіровоградщини на 2018 рік. Люди. Події. Факти"
  •     יד ושם - רשות הזיכרון לשואה ולגבורה "Vladimir Gelfand"
  •     Atchuup! "Soviet soldiers openly sexually harass German woman in Leipzig after WWII victory, 1945"
  •     Книга Мириам Гебхардт "Когда пришли солдаты. Изнасилование немецких женщин в конце Второй мировой войны"
  •     Coffe Time "Женщины освобождённой"
  •     Дилетант "Цена победы. Военный дневник лейтенанта Владимира Гельфанда"
  •     Feldgrau.Info - Bоенная история "Подборка"
  •     Вечерний Брест "В поисках утраченного времени. Солдат Победы Аркадий Бляхер. Часть 9. Нелюбовь"
  •     Геннадий Красухин "Круглый год с литературой. Квартал четвёртый"
  •     Аргументы недели "Всю правду знает только народ. Почему фронтовые дневники совсем не похожи на кино о войне"
  •     Fanfics.me "Вспомним подвиги ветеранов!"
  •     VietInfo "Hồng quân, Nỗi kinh hoàng của phụ nữ Berlin năm 1945"
  •     Книга: Виталий Дымарский, Владимир Рыжков "Лица войны"
  •     Dozor "Про День Перемоги в Кіровограді, фейкових ветеранів і "липове" примирення"
  •     East European Jewish Affairs "Review of Dnevnik 1941-1946, by Vladimir Gel’fand"
  •     The book of Harriet Murav, Gennady Estraikh "Soviet Jews in World War II: Fighting, Witnessing, Remembering"
  •     TARINGA! "Las violaciones masivas durante la caída de Berlín"
  •     ВолиньPost "Еротика та війна: спогади про Любомль 1944 року"
  •     Anews "Молодые воспринимают войну в конфетном обличии"
  •     RTVi "«Война эта будет дикая». Что писали 22 июня 1941 года в дневниках"
  •     Tribun Manado "Nasib Kelam Perempuan Jerman Usai Nazi Kalah, Gadis Muda, Wanita Tua dan Hamil Diperkosa Bergantian"
  •     The book of Elisabeth Krimmer "German Women's Life Writing and the Holocaust: Complicity and Gender in the Second World War"
  •     ViewsBros  "WARTIME VIOLENCE AGAINST WOMEN"
  •     Xosé Manuel Núñez Seixas "El frente del Este : historia y memoria de la guerra germano-soviética, 1941-1945"
  •     اخبار المقطم و الخليفه " إغتصاب برلين الكبير"
  •     Русская семерка "В чьем плену хуже всего содержались женщины-военные на Второй мировой"
  •     Mail Online "Mass grave containing 1,800 German soldiers who perished at the Battle of Stalingrad is uncovered in Russia - 75 years after WWII's largest confrontation claimed 2 mln lives"
  •     PT. Kompas Cyber Media "Kuburan Massal 1.800 Tentara Jerman Ditemukan di Kota Volgograd"
  •     Công ty Cổ phần Quảng cáo Trực tuyến 24H "Nga: Sửa ống nước, phát hiện 1.800 hài cốt của trận đánh đẫm máu nhất lịch sử"
  •     LGMI News "Pasang Pipa Air, Tukang Temukan Kuburan Masal 1.837 Tentara Jerman"
  •     Quora "¿Cuál es un hecho sobre la Segunda Guerra Mundial que la mayoría de las personas no saben y probablemente no quieren saber?"
  •     "مجله مهاجرت  "آنچه روس‌ها در برلین انجام دادند!
  •     Музейний простiр  "Музей на Дніпрі отримав новорічні подарунки під ялинку"
  •     Bella Gelfand. Wie in Berlin Frau eines Rotarmisten Wladimir Gelfand getötet wurde  .. ..
  •     The book of Paul Roland "Life After the Third Reich: The Struggle to Rise from the Nazi Ruins"
  •     O Sentinela "Dois Milhões de Alemãs: O Maior Estupro em Massa da História foi um Crime Aliado-Soviético
  •     Stratejik Güvenlik "SAVAŞ DOSYASI : TARİHTEN BİR KARE – 2. DÜNYA SAVAŞI BİTİMİNDE ALMANYA’DA KADINLARA TOPLU TECAVÜZLER"
  •     Агентство новостей «Хакасия-Информ» "Кто остановит шоу Коновалова?"
  •     Isralike.org "Цена победы. Военный дневник лейтенанта Владимира Гельфанда"
  •     Robert Dale “For what and for whom were we fighting?”: Red Army Soldiers, Combat Motivation and Survival Strategies on the Eastern Front in the Second World War
  •     "طرفداری "پایان رویای نازیسم / سقوط امپراطوری آدولف هیتلر
  •     Das Buch von Kerstin Bischl "Frontbeziehungen: Geschlechterverhältnisse und Gewaltdynamiken in der Roten Armee 1941-1945"
  •     Русская семерка "Красноармейцы или солдаты союзников: кто вызывал у немок больший страх"
  •     Kibalchish "Фрагменты дневников поэта-фронтовика В. Н. Гельфанда"
  •     History Magazine "Sõjapäevik leitnant Vladimir Gelfand"
  •     Magazine online "Vojnový denník poručíka Vladimíra Gelfanda"
  •     theБабель "Український лейтенант Володимир Гельфанд пройшов Другу світову війну від Сталінграда до Берліна"
  •     Znaj.UA "Жорстокі знущання та масові вбивства: злочини Другої світової показали в моторошних кадрах"
  •     Gazeta.ua "Масові вбивства і зґвалтування: жорстокі злочини Другої світової війни у фотографіях"
  •     PikTag "Знали вы о том, что советские солдаты ИЗНАСИЛОВАЛИ бессчетное число женщин по пути к Берлину?"
  •     Kerstin Bischl  "Sammelrezension: Alltagserfahrungen von Rotarmisten und ihr Verhältnis zum Staat"
  •     Конт "Несколько слов о фронтовом дневнике"
  •     Sherstinka "Német megszállók és nők. Trófeák Németországból - mi volt és hogyan"
  •     Олег Сдвижков "Красная Армия в Европе. По страницам дневника Захара Аграненко"
  •     X-True.Info "«Русские варвары» и «цивилизованные англосаксы»: кто был более гуманным с немками в 1945 году"
  •     Veröffentlichungen zur brandenburgischen Landesarchäologie "Zwischen Krieg und und Frieden: Waldlager der Roten Armee 1945"
  •     Sherstinka "Szovjet lányok megerőszakolása a németek által a megszállás alatt. Német fogságba esett nők"
  •     Dünya Haqqinda "Berlin zorlanmasi: İkinci Dünya Müharibəsi"
  •     Dioxland "NEMŠKIM VOJAKOM JE BILO ŽAL RUSKIH ŽENSK. VSE KNJIGE SO O: "VOJAŠKIH SPOMINIH NEMŠKEGA..."
  •     Actionvideo "Gewalt gegen deutsche Frauen durch Soldaten der Roten Armee. Entsetzliche Folter und Hinrichtungen durch japanische Faschisten während des Zweiten Weltkriegs!"
  •     Maktime "Was machten die Nazis mit den gefangenen sowjetischen Mädchen? Wer hat deutsche Frauen vergewaltigt und wie sie im besetzten Deutschland gelebt haben"
  •     Музей «Пам’ять єврейського народу та Голокост в Україні» отримав у дар унікальні експонати
  •     Sherstinka "Что творили с пленными женщинами фашисты. Жестокие пытки женщин фашистами"
  •     Bidinvest "Brutalitäten der Sowjetarmee - Über die Gräueltaten der sowjetischen "Befreier" in Europa. Was haben deutsche Soldaten mit russischen Frauen gemacht?"
  •     Русский сборник XXVII "Советские потребительские практики в «маленьком СССР», 1945-1949"
  •     Academic Studies Press. Oleg Budnitskii: "Jews at War: Diaries from the Front"
  •     Gazeta Chojeńska "Wojna to straszna trauma, a nie fajna przygoda"
  •     Historiadel.net "Crímenes de violación de la Segunda Guerra Mundial y el Ejército de EE. UU."
  •     화 요지식살롱 "2차세계대전 말, 소련에게 베를린을 점령당한 '독일 여자들'이 당한 치욕의 역사"
  •     The Global Domain News "As the soldiers did to captured German women"
  •     Quora "Você sabe de algum fato da Segunda Guerra Mundial que a maioria das pessoas não conhece e que, provavelmente, não querem saber?"
  •     MOZ.de "Als der Krieg an die Oder kam – Flucht aus der Festung Frankfurt"
  •     Музей "Пам'ять єврейського народу та Голокост в Україні". "1 березня 1923 р. – народився Володимир Гельфанд"
  •     Wyborcza.pl "Ryk gwałconych kobiet idzie przez pokolenia. Mało kto się nim przejmuje"
  •     Cноб "Женщина — военный трофей. Польский историк о изнасилованиях в Европе во время Второй мировой"
  •     Refugo "O estupro da Alemanha"
  •     Historia National Geographic "la batalla de berlín durante la segunda guerra mundial"
  •     Politeka "Росіянам напередодні 9 травня нагадали про злочини в Німеччині: «Заплямували себе...»"
  •     Акценты "Советский офицер раскрыл тайны Второй мировой: рассказал без прикрас"
  •     БелПресса "Цена Победы. Какой была военная экономика"
  •     Lucidez "75 años de la rendición nazi: Los matices del “heroísmo” soviético"
  •     UM CANCERIANO SEM LAR "8 de Maio de 1945"
  •     Lasteles.com "La Caída de la Alemania Nazi: aniversario de la rendición de Berlin"
  •     Cloud Mind "Violence Against Women: The Rape Of Berlin WW2"
  •     Музей "Пам'ять єврейського народу та Голокост в Україні" "8 ТРАВНЯ – ДЕНЬ ПАМ’ЯТІ І ПРИМИРЕННЯ"
  •     Lunaturaoficial "LIBROS QUE NO HICIERON HISTORIA: EL DIARIO DE LOS HORRORES"
  •     CUERVOPRESS "El drama oculto de las violaciones masivas durante la caída de Berlín"
  •     EU Today "The Rape of Berlin: Red Army atrocities in 1945"
  •     Издательство Яндекс + История будущего "Настоящий 1945"
  •     Вне строк "Похищение Берлина: зверства Красной армии в 1945 году"
  •     Frankfurter Allgemeine Zeitung "Erlebt Russland eine neue Archivrevolution?"
  •     The book of Beata Halicka "The Polish Wild West: Forced Migration and Cultural Appropriation in the Polish-german Borderlands, 1945-1948"
  •     Twentieth-Century Literature “A World of Tomorrow”: Trauma, Urbicide, and Documentation in A Woman in Berlin: Eight Weeks in the Conquered City
  •     Märkische Onlinezeitung "Sowjetische Spuren in Brandenburgs Wäldern"
  •     Revue Belge de Philologie et d’Histoire "Soviet Diaries of the Great Patriotic War"
  •     Der Spiegel "Rotarmisten und deutsche Frauen: "Ich gehe nur mit anständigen Russen"
  •     ReadSector "Mass grave of WWII Nazi paratroopers found in Poland contains 18 skeletons and tools with swastikas"
  •     ИноСМИ "Der Spiegel (Германия): «Я гуляю только с порядочными русскими"
  •     Actionvideo "Jak naziści szydzili z rosyjskich kobiet. Gwałt w Berlinie: nieznana historia wojny"
  •     Graf Orlov 33 "ДНЕВНИК В. ГЕЛЬФАНДА советского офицера РККА"
  •     Deutsche Welle  "Послевоенная Германия в дневниках и фотографиях"
  •     Deutsche Welle  "За что немки любили в 1945 году лейтенанта Красной армии?"
  •     Elke Scherstjanoi "Sieger leben in Deutschland: Fragmente einer ungeübten Rückschau. Zum Alltag sowjetischer Besatzer in Ostdeutschland 1945-1949"
  •     SHR32 "Rus əsgərləri alman qadınlarına necə istehza etdilər. Alman qadınlarını kim zorlayıb və onlar işğal olunmuş Almaniyada necə yaşayıblar"
  •     Детектор медіа "«Гра тіней»: є сенс продовжувати далі"
  •     Historia provinciae "Повседневная жизнь победителей в советской зоне оккупации Германии в воспоминаниях участников событий"
  •     Portal de Prefeitura "Artigo: “FRAU, KOMM!” O maior estupro coletivo da história
  •     Pikabu "Извращение или традиция, потерявшая смысл?"
  •     Русская Семерка "Владимир Гельфанд: от каких слов отказался «отец» мифа об изнасиловании немок советскими солдатами"
  •     Институт российской истории РАН "Вторая мировая и Великая Отечественная: к 75-летию окончания"
  •     Kozak UA "Як "діди" німкень паплюжили в 1945 році"
  •     Dandm "Cómo los nazis se burlaron de las mujeres rusas. Mujeres rusas violadas y asesinadas por los alemanes"
  •     Permnew.Ru "«Диван» Федора Вострикова. Литобъединение"
  •     Neurologystatus "Violence women in the Second World War. Shoot vagas: why soldiers rape women"
  •     Brunilda Ternova "Mass rapes by Soviet troops in Germany at the end of World War II"
  •     The book Stewart Binns "Barbarossa: And the Bloodiest War in History"
  •     Книга. Новое литературное обозрение: Будницкий Олег "Люди на войне"
  •     Леонід Мацієвський "9 травня – День перемоги над здоровим глуздом. Про згвалтовану Європу та Берлін"
  •     Полит.Ру "Люди на войне"
  •     #CОЦИАЛЬНАЯ ИСТОРИЯ #ПАМЯТЬ "Владимир Гельфанд: месяц в послевоенном Берлине"
  •     Новое литературное обозрение "Ирина Прохорова, Олег Будницкий, Иван Толстой: Люди на войне"
  •     Georgetown University "Explorations in Russian and Eurasian History": "Emotions and Psychological Survival in the Red Army, 1941–42"
  •     Forum24 "Co se dělo se zajatými rudoarmějkami? Jaký byl osud zajatých žen z Wehrmachtu?"
  •     Радио Свобода "Война и народная память"
  •     Лехаим "Двадцать второго июня..."
  •     Русская семёрка "Как изменилось отношение немок к красноармейцам в 1945 году"
  •     Исторический курьер "Героизм, герои и награды: «героическая сторона» Великой Отечественной войны в воспоминаниях современников"
  •     Коммерсантъ "Фронт и афронты"
  •     Русская семёрка "Владимир Гельфанд: что не так в дневниках автора мифа об «изнасилованной» Германии"
  •     Medium "The Brutal Rapes of Every German Female from Eight to Eighty"
  •     One News Box "How German women suffered largest mass rape in history by foreign solders"
  •     "نیمرخ "نقش زنان در جنگها - قسمت اول: زنان به مثابه قربانی جنگ
  •     Bolcheknig "Що німці робили з жінками. Уривок з щоденника дівчини, яку німці використовували як безкоштовну робочу силу. Життя в таборі"
  •     Nrgaudit "Рассказы немецких солдат о войне с русскими. Мнения немцев о русских солдатах во время Второй мировой войны"
  •     Музей "Пам'ять єврейського народу та Голокост в Україні "На звороті знайомого фото"
  •     Новое литературное обозрение. Книга: Козлов, Козлова "«Маленький СССР» и его обитатели. Очерки социальной истории советского оккупационного сообщества"
  •     Sattarov "Mga babaeng sundalo sa pagkabihag ng Aleman. Kabanata limang mula sa librong "Pagkabihag. Ito ang ginawa ng mga Nazi sa mga nahuling kababaihan ng Soviet"
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  •     SHR32 "How Russian soldiers mocked German women. Trophies from Germany - what it was and how. Who raped German women and how they lived in occupied Germany"
  •     Олег Сдвижков: "«Советских порядков не вводить!»  Красная армия в Европе 1944—1945 гг."
  •     Livejournal "Чья бы мычала"
  •     Newton Compton Editori. Stewart Binns "Operazione Barbarossa. Come Hitler ha perso la Seconda guerra mondiale"
  •     Kingvape "Rosa Kuleshovs Belichtung. Rosa Kuleshov ist die mysteriöseste Hellseherin der Sowjetzeit. Zwischen rot und grün"
  •     Kfdvgtu الجوائز من ألمانيا - ما كان عليه وكيف. الذين اغتصبوا الألمانية وكيف عاش في ألمانيا المحتلة
  •     nc1 "Αναμνήσεις στρατιωτών πρώτης γραμμής για Γερμανίδες. Οι απόψεις των Γερμανών για τους Ρώσους στρατιώτες κατά τον Β' Παγκόσμιο Πόλεμο"
  •     ik-ptz "Was haben deutsche Soldaten mit russischen Mädchen gemacht? Das haben die Nazis mit gefangenen sowjetischen Frauen gemacht"
  •     مراجعة عسكرية  نساء أوروبا المحررات من خلال عيون الجنود والضباط السوفيت (1944-1945)
  •     nc1 "Scrisori de soldați ruși despre germani. Cum au șocat femeile sovietice pe ocupanții germani"
  •     中 新健康娱乐网 "柏林战役德国女人 70年前苏军强奸了十万柏林妇女?"
  •     "پورتال برای دانش آموز. خودآموزی،  "نازی ها با زنان اسیر چه کردند؟ نحوه آزار نازی ها از کودکان در اردوگاه کار اجباری سالاسپیلس
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  •     Голос Народу "Саша Корпанюк: Кто и кого изнасиловал в Германии?"
  •     Gorskie "Новые источники по истории Второй мировой войны: дневники"
  •     TransQafqaz.com "Fedai.az Araşdırma Qrupu"
  •     Ik-ptz "What did the Nazis do with the captured women. How the Nazis abused children in the Salaspils concentration camp"
  •     Евгений Матонин "22 июня 1941 года. День, когда обрушился мир"
  •     Ulisse Online "Per non dimenticare: orrori contro i bambini"
  •     Наука. Общество. Оборона "«Изнасилованная Германия»: из истории современных ментальных войн"
  •     Quora "Por que muitos soldados estupram mulheres durante guerras?"
  •     Stefan Creuzberger "Das deutsch-russische Jahrhundert: Geschichte einer besonderen Beziehung"
  •     პორტალი სტუდენტისთვის "როგორ დასცინოდნენ რუსი ჯარისკაცები გერმანელებს"
  •     Зеркало "Где и когда русское воинство ЧЕСТЬ потеряло?"
  •     WordPress.com Historywithatwist "How Russia has used rape as a weapon of war"
  •     Mai Khôi Info "Lính Liên Xô 'hãm hiếp phụ nữ Đức'"
  •     EU Political Report "Russia is a Country of Marauders and Murderers"
  •     "بالاترین  "روایت ستوان روس «ولادیمیر گلفاند» از «تجاوز جنسی» وحشیانه‌ی ارتش سرخ شوروی به «زنان آلمانی»/عکس
  •     TCH "Можемо повторити": як радянські солдати по-звірячому і безкарно ґвалтували німецьких жінок
  •     인사 이트 "2차 세계 대전 때에도 독일 점령한 뒤 여성 200만명 성폭행했던 러시아군"
  •     Pravda.Ru "Fake news about fake rapes in Ukraine to ruin Russian solder's image"
  •     Alexey Tikhomirov "The Stalin Cult in East Germany and the Making of the Postwar Soviet Empire, 1945-1961"
  •     Дилетант "Олег Будницкий / Человек на фоне эпох / Книжное казино. Истории"
  •     The Sault Star "OPINION: Suffering of children an especially ugly element of war"
  •     El Español "Por qué la Brutalidad del Ejército Ruso se Parece más a una Novela de Stephen King que de Orwell"
  •     Ratnik.tv "Одесса. Еврейский вопрос. Дорогами смерти"
  •     Алексей Митрофанов "Коммунальная квартира"
  •     Militaergeschichtliche Zeitschrift "Evakuierungs‑ und Kriegsschauplatz Mark Brandenburg"
  •     Raovatmaytinh "Phim cấp 3 tội ác tra tấn tình dục và hiếp dâm của phát xít đức phần 1"
  •     Apollo.lv "Kā Otrais pasaules karš noslēdzās ar PSRS armijas veiktu masveida izvarošanas kampaņu Vācijā"
  •     Как ў Беларусі "Who raped whom in Germany" / "Кто кого насиловал в Германии"
  •     Konkretyka "Діди-ґвалтівники, або міф про «воїнів-освободітєлєй»"війни"
  •     LinkedIn "Grandfathers-rapists, or the myth of "warriors-liberators"​. Typical Russian imperial character"
  •     Danielleranucci "Lit in the Time of War: Gelfand, Márquez, and Ung"
  •     Смоленская газета "Истинная правда и её фальшивые интерпретации"
  •     Дзен "Я влюбился в портрет Богоматери..." Из фронтовых дневников лейтенанта Владимира Гельфанда
  •     Дзен "Праздник Победы отчасти горек для меня..." Зарубежные впечатления офицера Красной армии Гельфанда
  •     UkrLineInfo "Жiноча смикалка: способи самозахисту від сексуального насилля в роки Другої світової війни"
  •     Memo Club. Владимир Червинский: "Одесские истории без хэппи энда"
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  •     Goldenfront "Самосуд над полицаями в Одессе в 1944 году: что это было"
  •     Gedenkstätten Buchenwald "Nach dem Krieg. Spuren der sowjetischen Besatzungszeit in Weimar 1945-50: Ein Stadtrundgang"
  •     Historia National Geographic "la segunda guerra mundial al completo, historia del conflicto que cambió el mundo"
  •     સ્વર્ગારોહણ  "કેવી રીતે રશિયન સૈનિકોએ જર્મન લોકોની મજાક ઉડાવી"
  •     Absorbwell "Causas Y Consecuencias De La Segunda Guerra Mundial Resumen"
  •     לחימה יהודית  א. יהודים בצבא האדום
  •     Український світ "«Можем повторіть» — про звірства російських солдат під час Другої світової війни"
  •     Oleg Budnitskii, David Engel, Gennady Estraikh, Anna Shternshis: "Jews in the Soviet Union: A History: War, Conquest, and Catastrophe, 1939–1945"
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  •     The Chilean "Roto". "VIOLADA"
  •     Дзен "Немок сажайте на мохнатые мотороллеры". Что сделали с пленными немками в Советском Союзе"
  •     ProNews "Σιλεσία 1945: Με εθνοκάθαρση η πρώτη τιμωρία των Γερμανών για τα εγκλήματα τους στο Β΄ ΠΠ"
  •     Livejournal "Одесситы - единственные в СССР - устроили самосуд в 1944 году"
  •     Scribd "Estupro em Massa de Alemãs"
  •     Музей «Пам’ять єврейського народу та Голокост в Україні» ЦЬОГО ДНЯ – 100-РІЧЧЯ ВІД ДНЯ НАРОДЖЕННЯ ВОЛОДИМИРА ГЕЛЬФАНДА
  •     Davidzon Radio "Владимир Гельфанд. Шокирующий дневник войны". Валерия Коренная в программе "Крылья с чердака"
  •     Quora "Open to the weather, lacking even primitive sanitary facilities, underfed, the prisoners soon began dying of starvation and disease"
  •     Infobae "El calvario de las mujeres tras la caída de Berlín: violaciones masivas del Ejército Rojo y ola de suicidios"
  •     Научная электронная библиотека "Военные и блокадные дневники в издательском репертуаре современной России (1941–1945)"
  •     Historywithatwist "How Russia has used rape as a weapon of war"
  •     Periodista Digital "Las terribles violaciones ocultas tras la caída de Berlín"
  •     Tạp chí Nước Đức "Hồng quân Liên Xô, nỗi kinh hoàng của phụ nữ Berlin năm 1945"
  •     "زیتون | سایت خبری‌ تحلیلی زیتون "بدن زن؛ سرزمینی که باید فتح شود!
  •     Enciclopedia Kiddle Español "Evacuación de Prusia Oriental para niños"
  •     Ukraine History "Діди-ґвалтівники, або міф про «воїнів-визволителів». Типовий російський імперський характер"
  •     Локальна  Історiя "Жаске дежавю: досвід зустрічі з "визволителями"
  •     Tamás Kende "Class War or Race War The Inner Fronts of Soviet Society during and after the Second World War"
  •     museum-digital berlin "Vladimir Natanovič Gel'fand"
  •     知乎 "苏联红军在二战中的邪恶暴行"





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