Abril 10, 2020 |
O estupro da Alemanha |
||
|
||
Em maio de 1945, Berlim estava em ruínas. Com ruas e edifícios no chão, o fornecimento de energia elétrica e de água era irregular e não havia comércio ativo. Para comer, era preciso recorrer ao mercado negro. A população tinha despencado de 4,3 milhões para 2,8 milhões. Havia pouquíssimos homens adultos na cidade – estavam presos pelos Aliados ou mortos, para sempre esquecidos numa vala ou em campo aberto. As vivas pagaram pelos crimes dos mortos. As mulheres se tornaram alvo dos soldados soviéticos que tomaram a capital alemã. Os estupros em massa aconteciam principalmente à noite, e as vítimas podiam ser adolescentes, adultas ou idosas. Muitos dos soldados que agrediam sexualmente as moradoras da cidade diziam que já tinham visto soldados alemães fazerem o mesmo em suas terras. Nem sempre era por meio de violência: aceitar ser abusada por um único soldado, que garantisse proteção e fornecesse comida, aumentava as chances de sobrevivência e reduzia os riscos de sofrer estupros coletivos. Esse foi o cenário retratado pela jornalista alemã Marta Hillers em suas memórias. Batizado Uma Mulher em Berlim, o livro provocou escândalo ao ser publicado, anonimamente, nos Estados Unidos em 1954 e na Alemanha em 1959. O nome da autora só foi apontado por uma editora que trabalhou na republicação em 2003, dois anos depois da morte de Marta. A
situação que ela descreveu é coerente com outros
relatos, que vieram à tona, devagar, com o passar dos anos
– a jornalista conta em seu livro que, num primeiro momento, na
medida em que os homens voltaram a Berlim, suas esposas, filhas e
mães optaram por manter silêncio sobre os estupros.
Gabriele Köpp, por exemplo, foi atacada por 14 dias consecutivos,
quando tinha 15 anos, e só ao completar 80 anos lançou um
livro (Warum war ich bloss ein Mädchen?, alemão para “Por Que eu Tinha que Ser uma Garota?”). Prática disseminadaOs ataques foram constantes nos três anos que se seguiram à ocupação, até que a situação se estabilizou e os militares dos Aliados passaram a agir a partir de postos isolados. A situação na capital alemã foi especialmente dramática, mas o fato é que militares do Eixo e dos Aliados estupraram mulheres por onde passaram. Ao longo de todo o caminho da França até a Alemanha e a Áustria, grupos de militares americanos, britânicos, australianos, canadenses e franceses (esses em particular, por raiva da ocupação alemã) se reuniam para invadir casas e realizar estupros coletivos, a ponto de o comando do Exército dos Estados Unidos divulgar um lema eufemístico, que dava a entender que o sexo com as estrangeiras não estava sendo voluntário: “copular sem conversar não é fraternizar”. E há os brasileiros. Dez casos foram relatados na campanha da FEB. O mais horrendo e notório envolvendo os soldados gaúchos Adão Damasceno Paz e Luiz Bernardo de Morais. Em 9 de janeiro de 1945, eles perseguiram pela rua Giovanna Margelli, de 15 anos. Beberam vinho na cidade e, segundo disseram, foram convidados a entrar na casa à noite. À mesa com a família, Adão sugeriu “pegar a mulher no escuro” e atirou na lamparina. Giovanna foi agarrada e o resto da famíla fugiu. Luiz Bernardo se postou à porta armado enquanto Adão cometia o estupro. Quando um tio da adolescente se aproximou, Luiz o matou a tiros. Então se revezaram. Num tribunal militar, Paz e Morais foram condenados à morte – pelo assassinato do tio, não pelo estupro. O clima na volta da FEB, porém, era de celebração e eles seriam o único caso de execução no Brasil desde o Império. Vargas decidiu dar indulto a eles. Fonte – História – Superinteressante |
||
© Refugo . By Reviltec, Filgo Filmes and Sindico Profissional
© Abril Mídia S A. Todos os direitos reservados
Die Vergewaltigung Deutschlands |
||
|
||
Im Mai 1945 lag Berlin in Trümmern. Mit Straßen und Gebäuden am Boden war ie
Versorgung mit Strom und Wasser unregelmäßig und es gab
keinen aktiven Handel. Um zu essen, musste man auf den Schwarzmarkt
zurückgreifen. Die Bevölkerung war von 4,3 Millionen auf 2,8
Millionen gesunken. Es gab nur sehr wenige erwachsene Männer in
der Stadt - sie wurden von den Alliierten eingesperrt oder
getötet, für immer in einem Graben oder im Freien vergessen. . Die
Angriffe waren in den drei Jahren nach der Besetzung konstant, bis sich
die Situation stabilisierte und das alliierte Militär von
isolierten Posten aus zu handeln begann. Die Situation in der deutschen
Hauptstadt war besonders dramatisch, aber Tatsache ist, dass Soldaten
der Achsenmächte und der Alliierten überall Frauen
vergewaltigten. . Fonte – História – Superinteressante |
||